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Review Aliens: Fireteam Elite | Uma batalha espacial com altos e baixos

Por| 02 de Setembro de 2021 às 19h59

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Divulgação/Cold Iron Studios
Divulgação/Cold Iron Studios

Para mim, não há nenhuma criatura ou vilão da ficção que seja tão aterrorizante quanto o Alien — Hans Rudolf Giger fez um trabalho impecável na hora de criá-lo, diga-se de passagem. Nos filmes da franquia, os humanos precisam fazer um esforço tremendo para conseguir derrotar as formas mais poderosas do xenomorfo. As mortes, geralmente, são extremamente brutais, e toda a natureza de Alien por si só (principalmente quando o assunto é a reprodução das espécies) é extremamente bizarra. Mesmo assim, acho este universo fascinante.

São por estes e outros motivos que gosto tanto de Alien: Isolation, jogo da Creative Assembly lançado em 2014 que captura muito bem toda a essência, terror e tensão da franquia cinematográfica. Preciso mencioná-lo neste texto porque acredito que dificilmente ele será superado por qualquer outro jogo de Alien que venha ser produzido. E isso já inclui o mais recente Aliens: Fireteam Elite, lançado em 24 de agosto para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X, Series S e PC.

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Desenvolvido pela Cold Iron Studios e publicado pela Focus Home Interactive, o game é um shooter cooperativo em terceira pessoa que coloca os jogadores no controle de um fuzileiro naval que precisa deter uma ameaça no espaço. O Canaltech jogou os modos campanha e horda de Aliens: Fireteam Elite, por meio de uma cópia de PS5 gentilmente cedida pela Solutions 2 GO, Cold Iron Studios e Masamune.

Potencial narrativo desperdiçado 

Em Aliens: Fireteam Elite, você e mais dois companheiros (controlados pela inteligência artificial ou amigos), devem enfrentar um grupo de xenomorfos que ameaçam uma estação espacial. Além disso, você também enfrentará os sintéticos da empresa Weyland-Yutani.

Se você está buscando uma história interessante neste universo tão cativante e cheio de possibilidades, já adianto que esta não é a proposta de Fireteam Elite. Ambientada 23 anos após a trilogia de filmes, a narrativa é contada por meio de diálogos entediantes com personagens jogáveis e ao longo das missões. Não há sequer cutscenes entre as missões.

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Entendo o foco ser na jogatina cooperativa, e isto não é um problema, mas vejo como desperdício ter o universo de Alien nas mãos e não aproveitá-lo minimamente. Os jogos de Gears of War, por exemplo, conseguem unir muito bem a experiência coop com uma boa história — algo próximo disso seria o suficiente para Aliens.

Tive pouquíssimo interesse em saber o que aconteceria ao longo da história e não houve apego a absolutamente nenhum personagem. Para não dizer que o interesse foi inexistente, fiquei instigada por conta das ligações que a história faz com Prometheus (2012), mas são apenas alguns detalhes que não chegam a compor uma narrativa profunda ou empolgante.

Por outro lado, a ambientação de Aliens fez meus olhos brilharem. A estação Katanga, que exploramos logo no começo do game, bem como todos os cenários seguintes, mantém a estética única da franquia. Alguns até recriam monumentos e salas que vemos nos filmes, o que pode atrair a atenção dos fãs deste universo. Os sons e identidade visual dos menus também contribuem para a ambientação, alinhados a uma trilha sonora de aplaudir que casa muito bem com os momentos frenéticos do game.

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Muito tiro, porrada, aliens e ácido 

A campanha conta com quatro atos, com três missões cada, que podem durar em média de 30 a 45 minutos na dificuldade normal. No total, são cinco opções de dificuldade: casual, padrão, intenso, extrema e insano. As mais complicadas ativam o friendly fire, o que significa que você poderá sofrer dano de aliados, aumentam o efeito do ácido dos xenomorfos e por aí vai.

Como testei o jogo antes do lançamento, havia apenas quatro classes disponíveis: Artilheiro, focada no tiro rápido e gameplay adaptável; Demolidor, classe disruptiva que traz dano em área; Técnico, que carrega uma torreta e oferece controle de área; e o Médico, que serve como curandeiro e suporte para a equipe. Depois do lançamento, o game recebeu a classe Reconhecimento, que carrega um escâner e também atua como suporte.

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Joguei toda a campanha como Médico, classe que considero indispensável para a formação de uma boa equipe. Não senti vontade de explorar muito as outras opções porque, para isso, eu teria que recomeçar a campanha com cada um deles, já que as missões exigem um nível de classificação de combate — algo como a Luz de Destiny.

Como Médico, você é capaz de posicionar um pod de vida limitada para curar a equipe, o que pode ser bastante útil em momentos de aperto. Caso você esteja buscando um gameplay um pouco mais caótico e queira a possibilidade de controlar um lança-chamas ou um lança-granadas, talvez seja melhor seguir para as classes de assalto. Isso porque nem todas as armas estão disponíveis para todos — no caso do Médico, por exemplo, é possível equipar apenas pistolas como arma secundária.

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A variedade de armas e acessórios é um dos pontos altos de Aliens: Fireteam Elite. Com créditos de requisição, que são adquiridos após concluir missões, você pode comprar novas armas de fogo e anexos (armação, cano, pente, boca e óptica). Também há itens consumíveis que, acredite, fazem toda a diferença na hora da luta. Entre as opções, estão a arma sentinela (com variações elementais), projéteis de eletrochoque/incendiários, mina terrestre e muitas outras.

Conforme seu personagem adquire experiência, mais habilidades e modificações são desbloqueadas. Há vantagens, por exemplo, que servem como estimulantes de combate e modificam poderes específicos de cada classe. A grade para equipá-los é limitada, mas permite que os jogadores escolham o estilo de jogo que preferirem.

No começo do jogo, ainda é possível escolher a aparência do seu fuzileiro, com opções de rostos, cor e corte de cabelo, voz e mais. Depois, você pode obter acessórios como chapéus e óculos, além de adesivos para as suas armas. E não se preocupe, não há microtransações. Todas as moedas de compra in-game são conquistadas com o seu progresso no jogo.

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No geral, o arsenal e o sistema de progressão são bem elaborados e não deixam a desejar. Fireteam Elite é totalmente focado no combate cooperativo, então não há trechos dedicados à exploração ou qualquer outro tipo de atividade. Cada missão coloca o trio de fuzileiros em pequenas áreas, que são tomadas por ondas de inimigos.

A parte boa é que as lutas são bastante frenéticas e desafiam os jogadores a todo momento — embora a curva de aprendizado seja frustrante, mas falaremos sobre isso depois. O game exige que o trio elabore estratégias de combate para enfrentar as hordas, fazendo com que o uso de recursos e a posição dos jogadores no mapa sejam importantes a todo momento.

No começo, você provavelmente tomará alguns sustos com xenomorfos sorrateiros que atacam enquanto o jogador percorre corredores apertados e cavernas. Alguns estão camuflados em paredes de pedra, outros estão pendurados no teto esperando o momento certo para o ataque. Depois de algumas missões, eles deixarão de ser uma surpresa.

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Há uma variedade razoável de Aliens no game. Os mais comuns são os menores, que aparecem ao longo de todo jogo e em grandes quantidades — quando derrotados, eles explodem como uma bomba de ácido que pode causar dano no jogador. Há os Cuspidores que, como o nome sugere, cospem ácido, e variações mais fortes e maiores do xenomorfo, como o Zangão e o Soldado.

Outras variantes da criatura alienígena aparecem na última parte da campanha e, tal como o Soldado, possuem pontos de armadura e exigem mais esforços dos jogadores para serem derrubados. Estes adversários mais poderosos aparecem em momentos pontuais, geralmente no final de cada missão, fazendo com que a grande maioria dos seus inimigos sejam centenas de aliens idênticos.

A repetitividade é uma das principais falhas de Aliens: Fireteam Elite. Não fiquei com vontade de continuar avançando no jogo sabendo que encontraria mais dos mesmos Aliens. Me senti aliviada quando os sintéticos finalmente apareceram porque eu não aguentava mais enfrentar as mesmas hordas de xenomorfos. Eventualmente, por conta do contexto da história, os xenos retornaram — desta vez acompanhados pelos icônicos facehuggers, que são legais à primeira vista, mas não fazem tanta diferença assim.

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A missão final é extremamente decepcionante, e tentarei explicar o motivo sem dar muitos spoilers: eu criei expectativas para enfrentar uma certa criatura cuja participação era esperada. Ela até aparece, mas você não luta com ela diferentemente. Tudo o que você faz é enfrentar mais hordas de inimigos que já conhece enquanto há um relógio na tela indicando quantos segundos faltam para o seu esquadrão ser evacuado da área.

Outro problema está na curva de aprendizado, que não dá fôlego ou espaço para os jogadores aprenderem estratégias. Mesmo na dificuldade padrão, o game já começa lançando hordas e mais hordas de xenomorfo na sua cara, enquanto você ainda está com poucos recursos a disposição.

Nessa brincadeira, eu e meus colegas morremos um bocado de vezes na primeira metade da campanha — duas dessas mortes aconteceram porque não percebemos que, para encerrar a missão, bastava um de nós entrar em um elevador em um caso, e em um avião na outra. Derrubar os Soldados no começo do jogo foi um sufoco tremendo, já que ainda não tínhamos os recursos necessários para auxiliar na batalha.

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Depois de muita frustração, chegamos na terceira porção da campanha muito mais preparados para o combate. Conseguimos aprender táticas importantes e, eventualmente, compramos uma variedade de minas, munição especiais e torretas, que tornam as batalhas muito mais dinâmicas e menos estressantes.

Provavelmente, a sensação de repetitividade e frustração teria sido resolvida com um pequeno e simples detalhe. Não há checkpoint durante as missões. Um único ponto de salvamento antes das batalhas finais faria toda a diferença no gameplay e pouparia todas as dores de cabeça que tivemos.

Além da curva de aprendizado não ser das melhores, falhar em uma missão torna-se extremamente punitivo porque isso significa que você terá que passar por todos aqueles ambientes e ondas de inimigos novamente, duplicando a repetitividade do gameplay. Para que uma missão seja fracassada, todos os aliados devem morrer.

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Se você ou um amigo caírem do jogo durante uma missão (seja por queda de conexão ou energia, por exemplo), não será possível convidá-lo para retomar a partida. Sua única opção será começar a missão novamente.

Por fim, o game desbloqueia um modo Horda após a conclusão da campanha, que infelizmente não é muito diferente do que vemos no modo principal: você enfrentará as mesmas hordas de inimigos, mas receberá créditos para trocar suprimentos durante os intervalos de rodadas.

Sem coop, sem diversão 

Jogar toda a campanha de Aliens: Fireteam Elite com meus amigos certamente foi o que deixou a experiência divertida. Sem isso, tenho certeza que teria sido bem desagradável. Sofremos, rimos, vencemos e perdemos juntos, e esta é a melhor parte de um jogo cooperativo. Pela companhia deles, digo que todo o sufoco valeu a pena (obrigada, Susanne e Johnny <3).

Experimentei jogar algumas missões acompanhada por dois fuzileiros sintéticos controlados pela inteligência artificial — aliás, o sistema de matchmaking não funcionou em nenhuma das minhas tentativas. Naturalmente, não há a mesma graça do que jogar com outras pessoas e, embora a IA seja razoável na campanha, ela ainda pode deixá-lo na mão. Em alguns momentos, os bots não fizeram nem mesmo o básico, que era entrar na área de cura do meu dispositivo quando estavam com a vida pela metade.

Já no modo Horda, a IA dos aliados foi um desastre. Não os vi equipando recursos úteis para enfrentar as levas de inimigos, não utilizavam a minha estação de cura e morreram com facilidade.

Performance entre gerações

Como mencionei, joguei Fireteam Elite no PS5. Embora os gráficos estejam muito bem polidos, com vários detalhes e belos efeitos de iluminação na nova geração, a performance da taxa de quadros por segundo mostrou-se instável em vários trechos. Em momentos com muitos inimigos, o FPS apresentou algumas quedas, mas nada que atrapalhasse significativamente a experiência.

A versão para PS4 padrão, por sua vez, foi jogada por um dos meus companheiros de grupo, e apresentou uma série de problemas que prejudicaram o gameplay. Além de alguns crashes, em que o jogo foi fechado repentinamente, a taxa de quadros caiu constantemente para menos de 30FPS e os travamentos mostraram-se presentes ao longo das batalhas.

Vale a pena?

Se você é fã da franquia Alien e tem dois amigos dispostos a acompanhá-lo na jornada, vale a pena considerar comprar Aliens: Fireteam Elite em uma promoção. Caso a sua única opção seja jogar com a IA, diria que a experiência provavelmente vai ser muito mais cansativa e sem graça.

Fireteam Elite não é, de maneira alguma, um desastre, mas também não chega perto de ser um lançamento memorável — convenhamos que isso já era um pouco esperado desde o anúncio do jogo. No mundo ideal, o game teria aproveitado o potencial narrativo da franquia para criar um jogo cooperativo mais engajante e chamativo. Senti falta da sensação de pânico e terror ao olhar para um xenoformo e também do clima imprevisível que já esteve presente nos bons momentos da franquia.

Dependendo dos conteúdos futuros que a Cold Iron Studios disponibilizar, pode ser que eu considere retornar ao game mais uma vez. Mas a verdade é que eu continuarei sonhando mesmo com uma continuação de Alien: Isolation...