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Preview | Far Cry 6 celebra os melhores momentos da série em um belo pacote

Por| Editado por Bruna Penilhas | 31 de Agosto de 2021 às 13h00

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Divulgação/Ubisoft
Divulgação/Ubisoft
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Uma névoa vermelha e venenosa toma conta de um cenário em chamas, enquanto uma plantação é queimada. Tiros por todos os lados, explosões e, à nossa frente, um poster de Antón Castillo que cita a própria origem do gás tóxico como uma esperança de futuro para a ilha de Yara. Tudo está acontecendo simultaneamente o tempo todo, em apenas um dos momentos caóticos que presenciamos em Far Cry 6.

O novo game da Ubisoft, que chega aos consoles e PC em 7 de outubro, coloca a franquia mais uma vez portando um passaporte entre gerações de consoles. É também um título que parece representar o apogeu de tudo o que a série fez até aqui, com cenários dos mais belos, a boa e velha história de um protagonista e seus aliados lutando como podem contra forças muito maiores e, acima de tudo, um enredo cheio de personalidade.

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Desta vez, estamos batendo de frente com um regime ditatorial e militarista, no qual a revolução acontece nas ruas, na selva e nas praias. Os olhos de Castillo, interpretado por Giancarlo Esposito (Breaking Bad, The Mandalorian), parecem estar em todos os lugares, seja na forma de soldados que patrulham todos os cantos em busca de dissidentes ou como pôsteres de propaganda governamental que fazem com que o ambiente paradisíaco se pareça como tal; fora dos cenários de encher os olhos, entretanto, sabemos que não é bem assim, com a miséria e a violência imperando.

Por mais que a Ubisoft tente afastar as circunstâncias políticas do game, como já fez no passado, não dá para ignorar esse aspecto, já que ele está por todo lado. Um recrutamento mandatório faz com que a população esteja sempre em risco de ser levada para os campos onde se cultiva o tabaco usado para a criação de Viviro, um remédio que Castillo jura ser o caminho para a cura do câncer e o futuro de Yara. Do outro lado está uma resistência mal armada que deseja libertar o país ou morrer tentando.

O que nos leva de volta ao momento inicial, no qual estamos queimando, justamente, uma das maiores plantações do regime. É um ponto de virada para a revolução, que desfere um duro golpe contra o governo, que ao sentir isso, intensificará ainda mais a guerra ideológica que serve como plano de fundo para Far Cry 6. A narrativa é vista a partir de um protagonista de gênero à escolha do jogador, que só queria fugir do recrutamento e, de repente, acaba se vendo como uma peça-chave da guerrilha.

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São também os sinais de que, ao entregar o que afirma ser o maior capítulo da franquia, a Ubisoft voltou seus olhares para o passado. O terceiro game da série é um preferido quase unânime e, agora, a empresa deseja mostrar em Far Cry 6 que tudo será diferente, ainda que o gostinho do passado sirva como as bases fundamentais para o novo título.

Viagens e elevações

A convite da Ubisoft, o Canaltech passou um período de cinco horas testando o game, experimentando seus momentos iniciais e o modo cooperativo em uma missão mais tardia. O que se percebe com essa experiência relativamente curta para um game de mundo aberto, mas com imersão suficiente para entendermos o universo, é que, se de um lado a Ubisoft pesou a mão na nostalgia, do outro ela carregou na dose de imersividade.

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Começamos com o protagonista Dani Rojas fugindo de soldados na cidade, depois chegamos à base dos rebeldes no meio da floresta, passando na sequência por vilas, praias e unidades inimigas. São ensejos que fazem com que uma única solução, em termos de combate, não sirva a todos; existem regiões cheias de encostas que farão a alegria dos fãs dos silenciadores e rifles sniper, enquanto outros locais, mais abertos, não serão tão amigos da furtividade. Se quiser, também é possível partir para cima com um tanque de guerra, mas torça para que os inimigos também não façam o mesmo.

A passagem do tempo influencia na jogabilidade, com a adição de um elemento climático dinâmico que também traz novos aspectos à experiência. A chuva, por exemplo, dificulta a visibilidade do jogador, enquanto o vento pode levar a fumaça ou o fogo de um incêndio para lugares imprevisíveis, transformando uma possível distração em ameaça. Pensar em meio ao caos de disparos, explosões e música latina no último volume pode ser complicado, mas contar com o cérebro, além do dedo no gatilho, pode ser a diferença entre a vitória ou a derrota da rebelião.

“Queremos criar um ambiente visceral, com chuva, iluminação e outros elementos climáticos sempre interagindo. O fogo, os gases tóxicos e a névoa são afetados por tudo isso”, explica Stephanie Brenham, líder de design 3D de Far Cry 6, em conversa com o Canaltech. A ideia, segundo ela, é garantir que o game seja realista e, ao mesmo tempo, tenha desafio e personalidade o suficientes para que o jogador sempre se sinta impelido a seguir em frente e tentar novas artimanhas para avançar.

Seguir pelas estradas vicinais ajuda a escapar dos soldados, mas também faz com que o jogador abra mão de armas melhores ou munições, enquanto atirar de encostas garante esconderijo, mas também expõe um atacante com poucas oportunidades de fuga e cobertura. Caso comece a chover, tudo pode mudar a favor ou contra quem está no controle, enquanto os soldados, mais acostumados à região do que Rojas, que acabou de chegar, parecem se sair melhor no combate mesmo quando não conseguem enxergar.

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Caos é uma boa palavra para descrever um game que começa com uma fuga desesperada pelas cidades e, de repente, coloca o jogador em um momento de queima de plantação que remete a uma das missões mais clássicas de Far Cry 3, agora com gráficos de encher os olhos e ao som de Bella Ciao. Há um aspecto bizarro envolvido no uso de um crocodilo para comer os inimigos ou de um cão salsichinha portador de explosivos, enquanto Macarena está tocando de uma arma que dispara CDs e pode desmembrar os oponentes.

A personalidade está em todos os lugares e, além de pôsteres, do clima dos ambientes e dos próprios personagens, as armas também ganham atenção especial. Todas tem skins que podem ser aplicadas pelo jogador, enquanto outras são criadas com sucata e lixo, plenamente disponíveis para um grupo de resistência que não deixa a zoeira de lado. Um ataque especial é carregado pela matança de soldados e permite o uso de uma mochila de foguetes, um aparato de pulso eletromagnético ou um círculo de fogo.

São diversas opções, mas nada soa fora de lugar, ainda que certos elementos pareçam exagerados para um game que, até aqui, manteve certo nível de realismo e deixava as loucuras para as viagens alucinógenas também sempre presentes. “Os elementos do jogo têm visão artística, mas é muito importante que tudo seja coerente”, explica Brenham. “O objetivo é criar um espírito de imersão, em um mundo caótico em que o jogador está tentando sobreviver.”

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Outra preocupação da Ubisoft está na miríade de plataformas do mercado atual, com Far Cry 6 rodando tanto em aparelhos lançados há mais de sete anos quanto nos novíssimos consoles de nova geração. De acordo com a designer, isso obrigou a equipe a trabalhar em novas tecnologias e, ao mesmo tempo, em uma abordagem de “dividir para conquistar”, no qual o poder das GPUs auxilia no processamento. “Queremos que os jogadores, em consoles mais antigos ou novos, tenham uma experiência completa. Acredito que o time está conseguindo fazer o melhor uso possível do hardware”, completa Brenham.

Bastidores da luta

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Nossa experiência corresponde às primeiras horas do game, por isso, não interagimos com Castillo tanto quanto gostaríamos, ainda que sua presença esteja em todos os lugares de Far Cry 6. O vilão é apresentado enquanto metralha e afunda um barco cheio de sobreviventes que tentavam fugir. Depois, em um comunicado para televisão, de um bunker que armazena urânio, ele fala sobre a glória de Yara e sua contribuição para a humanidade com o uso do remédio Viviro.

Ao mesmo tempo, passam pelas nossas cabeças os ecos de Far Cry 3, em que Vaas se tornou um dos vilões mais queridos e subaproveitados da série. A experiência não respondeu a essa dúvida, mas nos apresentou a um novo grupo de pessoas que, entre os círculos do governo e da resistência, têm personalidade o bastante para que a gente torça por sua presença constante.

Entre um crocodilo de camiseta e uma senhora de idade que mistura medicina e um poder quase místico para auxiliar os combatentes caídos, estão diferentes focos de revolução que, ao mesmo tempo em que variam tanto, também soam parte de um mesmo universo. São todos yarenses, afinal de contas, com Rojas sendo o vetor do mergulho do jogador nessa cultura.

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São muitas bases a cobrir em Far Cry 6, com um resultado que parece surpreendente para uma empresa que tem sido protagonista do lado negativo do noticiário de games. Entre paralelos políticos, personagens carismáticos e memórias, está um título que promete levar a saga a novas alturas e, quem sabe, até mesmo representar uma postura um pouco diferente da que estamos acostumados a ver quando o assunto é a Ubisoft.

Fica a ver, entretanto, se essa impressão vai permanecer no jogo final. Far Cry 6 chega no dia 7 de outubro ao PC, PlayStation 4 e Xbox One, com versões otimizadas gratuitas para os jogadores de PlayStation 5, Xbox Series X e Series S.