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Prévia | Marvel’s Avengers tenta lembrar filmes, mas acerta em Ultimate Alliance

Por| 05 de Agosto de 2020 às 10h00

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Divulgação/Square Enix
Divulgação/Square Enix

Jogar a Beta de Marvel’s Avengers é quase como um mergulho na própria comunicação do game: por vezes desastrada e, em outras, extremamente precisa e fiel ao que o game tem a oferecer. Estamos falando de um título que vai levar os heróis da Casa das Ideias aos games de forma combinada, e mesmo não reproduzindo histórias e aparências do cinema, bebe muito da fonte dos últimos 10 anos de longas-metragens.

É essa, inclusive, a impressão que fica na primeira metade da experiência com o teste antecipado a que o Canaltech teve acesso e que chega nesta sexta-feira (7) primeiro aos jogadores que fizeram a pré-venda do game no PlayStation 4. O que acreditamos ser a fase inicial de Marvel’s Avengers é, para dizer o mínimo, impressionante e exatamente aquilo que atraiu tanta gente desde que o game foi anunciado. O restante, porém, prova que nem tudo são flores.

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Estamos em São Francisco, em uma época em que os Avengers são considerados como os heróis máximos da Terra e estão inaugurando um novo quartel-general na cidade. Entre encontros com fãs e exposição de itens clássicos da saga dos heróis, o chamado “Dia A” ganha um contorno sombrio após um ataque terrorista realizado sob o comando de Taskmaster, que acaba com a destruição da Golden Gate e do porta-aviões dos personagens, o Chimera.

A cena ecoa a um dos momentos mais fortes da saga cinematográfica, a batalha de Nova York, e serve como oportunidade para que os jogadores aprendam os comandos, entendam as mecânicas e, principalmente, controlem os Vingadores. As cenas enchem os olhos e são quase como se estivéssemos controlando um filme diante de nós, não fossem as quedas na taxa de quadros por segundo e o stuttering frutos do processo de carregamento da próxima cena em segundo plano.

Ainda assim, o resultado impressiona. Sair do comando de Thor enfrentando soldados e salvando civis para o voo acelerado do Homem de Ferro e, depois, para dentro do porta-aviões com o Capitão América é o tipo de ação que se espera de um game desses super-heróis e uma bela transposição do caos que toma conta de São Francisco. A ideia passada é de que, por mais que os minions genéricos estejam em maior número e superioridade tecnológica, os poderes combinados dos heróis ainda são páreos para salvar a cidade.

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Na cena, entendemos bem as diferentes abordagens de jogabilidade para cada tipo de herói e os conceitos que permeiam todos eles. Nas lutas, por exemplo, temos um estilo semelhante a jogos como Batman Arkham ou o recente Spider-Man para PlayStation 4, com o protagonista “aderindo” aos inimigos para descer a pancada, enquanto o jogador deve ficar esperto com ataques pelos flancos e sinalizações visuais de golpes que precisam ser defendidos ou exigem a esquiva.

A Viúva Negra, apesar de plenamente capaz de partir para a porradaria franca, é mais fraca do que, por exemplo, o Cap, com seus superpoderes e armadura de proteção. Entender essas peculiaridades e os especiais exclusivos de cada herói, assim como sua movimentação e habilidades diferentes, são os objetivos desse trecho inicial. É empolgante, mas também deixa o jogador frustrado ao perceber que o restante da Beta, e provavelmente do game, não é tão maravilhoso assim.

Apertando botões com os Avengers

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O atentado terrorista de São Francisco não apenas causou perdas de vidas e materiais, mas também transformou a cidade em uma zona de perigo biológico com o vazamento de uma substância que transformou todo mundo em superser. Os Avengers foram desmantelados e, de defesa do mundo, foram taxados como ameaça. Para piorar as coisas, o Capitão América morreu e, em seu lugar, como paladina da defesa e na tentativa de trazer o mundo de volta à normalidade, surge a AIM. Quem lê quadrinhos sabe bem o que isso quer dizer.

Aqui, a Beta nos leva adiante na história, para um momento em que Kamala Khan, a Ms. Marvel, já se aliou a Bruce Banner, o Hulk, e parte com ele para recrutar o restante dos Vingadores. Estamos em mais uma missão com foco na história, explorando florestas em busca do esconderijo de Tony Stark e, mais especificamente, de seu assistente pessoal, o Jarvis, que será capaz de desbloquear o potencial tecnológico necessário para localizar o restante dos heróis e combater os inimigos.

Entram em ação, também, os aspectos que transformam a experiência de Marvel’s Avengers em um todo não tão empolgante como seu começo. No controle de Hulk, seguimos pela mata e depois invadimos um laboratório da AIM enfrentando hordas e mais hordas de oponentes genéricos em cenários tão pouco inspirados quanto. A sensação é de estarmos fazendo a mesma coisa inúmeras vezes seguidas sem muito sentido aparente.

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A sensação de caos envolvendo a passagem do Gigante Verde por laboratórios de alta tecnologia, cheios de equipamentos sensíveis, impressiona e satisfaz, mas apenas isso. Temos uma fase que se estende mais do que deveria, passando a sensação de repetição e desconectando o jogador da situação, se tornando nada mais do que uma batalha insensata contra grupos de minions que atacam em sequência.

As coisas mudam um pouco de figura quando enfrentamos o Abominável e quando controlamos Kamala Khan. No primeiro caso, temos a fúria de duas criaturas gigantes e absolutamente descontroladas, mas em um combate que exige certa precisão e bom uso dos poderes por parte do jogador, que até ali vinha entendendo que bastava apenas apertas os botões sem parar para alcançar a vitória. Percebemos isso da pior forma possível, morrendo, e enfrentando os loadings incrivelmente demorados até que possamos tentar de novo.

Jogando com a futura Miss Marvel, voltamos rapidamente ao combate meio sem cérebro até nos depararmos com um momento de ternura enquanto ela se vê diante das relíquias dos Avengers, de quem sempre foi fã. Aqui percebemos rapidamente que, de protagonista da história, Khan é como a gente, só que transformada em superser pela ação do mesmo agente biológico que levou ao desmantelamento do grupo e à ameaça da AIM.

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Não dá para saber ao certo se a missão na floresta, na versão final de Marvel’s Avengers, será cooperativa, trazendo um panorama interessante já que os personagens seguem caminhos diferentes pelo complexo, apesar de terem o mesmo objetivo. A última missão de história, entretanto, indica que não e, mais uma vez, traz o aspecto um pouco básico demais que pode acabar por frustrar os fãs fisgados pela incrível sequência inicial da Beta.

Estamos na Rússia em busca de um bunker oculto da SHIELD, em uma missão curta que também envolve um pequeno desvio para um prédio no qual recursos preciosos podem ser encontrados. Ao longo de toda a Beta, inclusive, estamos coletando recursos que podem sere gerenciados na confusa tela de status do game, cheia de números de informações que devem acabar sendo ignorados pelo jogador, que treinará os próprios olhos para enxergar apenas o valor numérico que indica quando um equipamento é mais poderoso que o outro.

A primeira missão cooperativa traz, mais uma vez, Hulk e Kamala Khan, e o aspecto que faz com que a fase se alongue mais do que deveria devido ao aspecto de jogo de serviço de Marvel’s Avengers. Para abrir o bunker, precisamos permanecer por um tempo determinado em um círculo indicado no mapa, enfrentando as repetitivas hordas de inimigos em um espaço minúsculo. A ideia é boa, a execução nem tanto, acabando por desafiar pelos motivos errados.

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O fim da etapa abre as salas HARM, campos de treinamento virtual que permite aprimorar as habilidades dos heróis, e as War Zones, missões mais curtas e, adivinhe, voltadas ao enfrentamento de sequências de oponentes humanos e robóticos. São momentos de combate franco, voltados para a melhoria de habilidades e obtenção de equipamentos, que a Crystal Dynamics deixa claro serem necessários para que o jogador avance de forma mais tranquila pela história.

Tais elementos modificam a abordagem do game e, de um simulacro das cenas incríveis que vimos no cinema, o transformam em um título mais parecido com a série Marvel Ultimate Alliance. O que não é de todo ruim, a bem da verdade, mas também aparecem aquém de outras propostas mais recentes com os heróis e, principalmente, de propostas recentes que chegaram ao mundo dos games.

Lado a lado, mas nem tanto

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Avengers e Spider-Man, é verdade, são games bem diferentes, mas fica difícil não comparar os dois, principalmente quando sabemos que o Cabeça de Teia chegará à equipe em uma versão supostamente parecida com a vista no exclusivo para PlayStation 4. Além disso, há de se traçar um paralelo com a história da própria Crystal Dynamics, famosa pela recente trilogia de Tomb Raider, altamente cinematográfica e envolvente, mas cujas principais características de sucesso não se reproduzem de todo aqui, em um game que soa estranhamente diferente.

Cacoetes de um também aparecem no outro. Da mesma forma que no game da Insomniac, Marvel’s Avengers também adota a pronúncia dos nomes dos personagens em inglês, mesmo na dublagem em português, que já deixa um bocado a desejar e se torna ainda mais estranha por causa disso.

A Beta ainda traz alguns defeitos que claramente serão corrigidos daqui até o lançamento, como falhas nas vozes, com o original sendo reproduzido em vez da versão localizada, e alguns bugs de desempenho ou suavidade que ainda serão aplicados ao título. O todo completo, porém, é mais difícil de mudar, sendo também aquilo que pode deixar os jogadores um pouco mais tristes.

Marvel’s Avengers não deve ser um game ruim, longe disso, dos memes e da já corrigida aparência terrível dos heróis em sua exibição original. Entretanto, a impressão que a Beta passa é de um game que não aproveita as possibilidades levantadas pelos heróis da Casa das Ideias e, pior de tudo, faz isso de maneira intencional, com uma desenvolvedora que parece inadequada com o que está fazendo enquanto vê isso refletido na base de jogadores.

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A Beta começa nesta sexta, 7 de agosto, para quem fez a compra antecipada no PS4; quem encomendou no PC e Xbox One entra na ação em 14/08, junto com o início dos testes abertos no console da Sony. Por fim, no dia 21, os servidores se abrem a todos no restante das plataformas e permanecem assim até 23 de agosto. Marvel’s Avengers tem lançamento marcado para 4 de setembro.

A Beta de Marvel's Avengers foi testada no PlayStation 4 com cópia cedida ao Canaltech antecipadamente pela Square Enix.