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Flight Simulator está impressionante no Xbox, mas tem arestas

Por| Editado por Bruna Penilhas | 30 de Julho de 2021 às 18h17

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Divulgação/Microsoft
Divulgação/Microsoft

Flight Simulator é um jogo tão belo quanto pesado. Quem experimentou o game lançado originalmente para PC em 2020 sabe que a exigência por poder é das grandes. Mesmo para quem possui as configurações mínimas ou recomendadas, o título ainda sofre para rodar. Afinal de contas, não se trata apenas de potencial gráfico, mas também de dados, telemetria e uma simulação completa de aviação sendo rodada em tempo real.

A profundidade de Flight Simulator é tamanha que, à época, existiu a bizarra imposição dos mais aficionados de que o título nem mesmo poderia ser chamado de “jogo”, pois seria muito mais do que isso. É verdade, mas o que o discurso elitista deixa de lado é o caráter absolutamente acessível da produção do Asobo Studio, que agora, fica ainda mais claro no relançamento para consoles.

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O título chega ao Xbox Series X e Xbox Series S quase um ano depois de estrear no PC — e já está disponível no Game Pass desde o lançamento. Para quem, como eu, sofreu para rodar a versão original em uma máquina de jogos um tanto modesta, é um deleite aproveitar as viagens sem se preocupar com quedas na taxa de frames por segundo nem travamentos causados por gargalos de processamento. Basta clicar, configurar e se maravilhar.

O trabalho de otimização chama a atenção e, nos consoles, Flight Simulator segue belo como deveria ser. Isso vale também para o Xbox Series S, com seu hardware notoriamente inferior, mas plenamente capaz de rodar o título sem problemas de desempenho. É uma mostra da versatilidade do game e do trabalho necessário que justifica esse relançamento que muitos consideraram tardio.

Dá para perceber, sim, algumas mudanças, mesmo nas especificações superiores do Xbox Series X. A draw distance, ou seja, o quão longe é possível enxergar no jogo, foi reduzida de forma sensível, mas perceptível aos pilotos mais perdidos como eu, que muitas vezes se baseiam em monumentos vistos de longe para encontrar a própria casa no simulador ou navegar entre diferentes localidades dentro de uma cidade. Aqui e ali, principalmente nos modelos mais trabalhados, também dá para perceber texturas sendo carregadas diante dos olhos.

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O cerne da experiência, entretanto, está todo aqui e chega a ser impressionante que as reduções gráficas realizadas tenham a ver com detalhes dessa categoria. Na maioria das vezes, você vai ficar muito impressionado com o pôr do sol em Tóquio para se preocupar com uma textura da Skytree que demorou para carregar, ou ocupando tentando reverter um erro de pilotagem para notar que o Cristo Redentor desapareceu à distância, enquanto ainda poderia estar visível.

Entretanto, durante nossa experiência, foram diversos os momentos em que o game travou ou apresentou uma performance abaixo da esperada, principalmente durante os carregamentos. Novamente, estamos falando de um título pesado, então a lógica dos jogos sem loading não necessariamente se aplica a Flight Simulator. Por outro lado, algumas esperas foram tão longas que deu tempo de cogitar se algo estava efetivamente acontecendo ou se o jogo estava com problemas.

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As viagens relatadas aqui aconteceram nos dois primeiros dias de disponibilidade do jogo, a partir do Xbox Game Pass. Em alguns momentos, foram atrasadas por uma aparente dificuldade do game em localizar conteúdos baixados ou carregar suas informações iniciais. Além disso, alguns bugs parecem estar disponíveis na versão, já que acessar o menu inicial do Xbox e voltar ao jogo, muitas vezes, fazia com que a barra de progresso fosse finalizada de forma instantânea.

Foram inconvenientes pontuais, ainda que bastante perceptíveis, em uma experiência que não pode ser medida apenas em performance ou gráficos. Nessa escola de pilotagem, o mundo está ao alcance do jogador e, no momento pandêmico que ainda estamos vivendo, o relançamento também permitiu reviver uma experiência pessoal de um ano atrás, quando ainda achávamos que tudo poderia acabar logo.

Saudades de casa

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A chegada ao Xbox Series X|S acompanha um aspecto central da proposta original, permitindo que Flight Simulator seja completamente jogado com um joystick. É claro, a quantidade de botões, indicadores, painéis e elementos estão plenamente disponíveis e podem ser manipulados pelo jogador de forma mais fácil em um teclado ou, para os aficionados, manches e kits dedicados. Tudo isso também está disponível nos consoles, caso os jogadores desejem.

Entretanto, quando todos estão a bordo, apenas alguns são pilotos, enquanto todos os outros podem apreciar o voo. Acima disso, passar por aeroportos, checagens de segurança e horas de viagem também nos leva para mais perto daqueles que a gente ama, algo que não está sendo possível durante esta pandemia e que, na medida do possível, é proporcionado pelo jogo.

Como há um ano, me vi mais de uma vez enviando mensagens aos meus pais com capturas de tela da cidade onde eles moram, reproduzida em Flight Simulator a partir de uma combinação das imagens de satélite do serviço Bing Mapas com inteligência artificial para dar altura e volume aos prédios. E claro, como provavelmente qualquer um que baixar o game, também tentei encontrar minha própria casa, vista de cima e de forma um tanto borrada, já que a tecnologia ainda não é capaz de fazer milagres.

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O título da Asobo Studios é abrangente desse jeito e permitirá que você faça exatamente isso, com as devidas limitações. Em alguns casos, os indicadores de locais importantes ou até mesmo dos próprios municípios podem aparecer fora de lugar, enquanto em outros, prédios sempre iguais darão um aspecto soviético a uma pequena cidade do interior paulista.

Cerca de 300 cidades, entretanto, receberam um tratamento de luxo e aparecem reproduzidas de maneira bem mais realista. O Rio de Janeiro está entre elas, assim como Nova York, Tóquio, Paris, Madri, Berlim e tantas outras, além de monumentos históricos, como as Pirâmides, e maravilhas da natureza, como o Monte Evereste ou as Cataratas do Niágara. Nestes casos, Flight Simulator oferece uma espécie de modo de visitação, que seleciona aviões e especificações automaticamente para permitir que você viaje diretamente aos locais, conhecendo um pouco de sua história.

Tudo isso pode ser feito de maneira extremamente fácil já que, como dito, o título pode ser jogado de forma integral no joystick. Aos moldes de muitos simuladores de corrida, o jogador tem opções que permitem ligar ou desligar assistências, bem como acionar ou não alguns controles específicos, equilibrando a balança em prol de uma experiência mais casual ou realista. Tudo está ao alcance do usuário que, caso queira ampliar suas habilidades, também tem acesso a uma escola de voo virtual, que ensina todos os fundamentos, desde os voos mais simples até a pilotagem de um avião comercial.

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São elementos que permitem que cada um tenha sua própria experiência com a obra e aproveite seus aspectos da forma que preferir. Dá para simplesmente relaxar e ouvir um podcast enquanto sobrevoa um local onde memórias importantes foram criadas ou simular uma volta ao mundo, com direito a todos os aspectos envolvidos na pilotagem de um avião teco-teco ou um Airbus A320.

Experiência, aliás, é uma das melhores palavras para definir o que é Flight Simulator. Ainda que não carregue as características lúdicas de um ou o foco completamente realista do outro, a maior qualidade da obra é que ela é acessível e pode oferecer algo diferente para cada um, algo que muito game ou simulador é simplesmente incapaz de fazer.