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Análise | Headset Turtle Beach Recon 200 é bom para consoles, com muitos poréns

Por| Editado por Jones Oliveira | 28 de Maio de 2021 às 10h00

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Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech

O mercado de fones intitulados “gamer” tem suas particularidades. Para além do design mais agressivo, feito para destacar na cabeça do usuário, geralmente oferecem características sonoras como graves mais marcados e boa captação de voz para jogos multiplayer. Basicamente, é sob estes mantras dos modelos gamer que o Recon 200 da Turtle beach chega ao mercado brasileiro.

O headset over-ear tem boas qualidades, reforça o grave como já citado aqui, tem alguns controles interessantes no próprio aparelho, mas faz decisões bastante questionáveis em vários e vários aspectos.

Primeiro, é preciso posicionar este aparelho no mercado. Estamos falando aqui de um produto da Turtle Beach, voltado para games e com fio. Isto significa que ele é indicado para quem busca um headset para jogar em consoles (PlayStation 4 e 5, Xbox One e Series X|S, e Switch). O modelo é compatível com PCs também, mas com um porém gigante que será mencionado lá na frente. Assim sendo, vamos considerar a utilização do PC como um extra e não o foco do modelo nesta análise.

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O Recon 200 tem preços que variam entre R$ 700 e R$ 800. Por este motivo, ele será avaliado de acordo com outros modelos com fio também gamers. Nesta faixa de preço, é possível colocar este headset da Turtle Beach como um modelo premium.

Assim posicionado, vamos para análise.

Estrutura

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O Recon 200 traz basicamente dois componentes (excluindo manuais e documentos) na caixa. O headset propriamente dito, além de um cabo USB/Micro USB o qual deve ser usado para recarregar o dispositivo. Um leitor mais atento pode ter estranhado que estamos falando de um headset com fio, mas que conta com um cabo para ser recarregado. É isso mesmo, o que será explicado mais à frente neste texto.

O design do Recon 200 deixa claro que estamos falando de um aparelho gamer. Embora ele não conte com LEDs ou luzes (o que é comum neste setor), oferece um visual com bastantes cortes, com detalhes em cores variadas. O Canaltech recebeu um modelo na cor branca, que não apresenta nenhum detalhe em outras cores.

Para um modelo nesta faixa de preço, o design, em primeiro momento, passa pouca confiança em durabilidade. A impressão inicial é de que há muito plástico.

Contudo, um olhar mais detalhado revela um cuidado bastante interessante, principalmente no arco para manter a estrutura firme e com longevidade apesar do plástico.

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Dois pontos são interessantes no arco. O primeiro é o espaço que resguarda o fio que interliga as duas conchas. Diferente de outros modelos, embora aparente, ele é preso em um vão na estrutura de plástico do arco, o que quer dizer que dificilmente uma pessoa vai girar ou torcer o fio. O resultado é a tendência por um modelo mais resistente neste sentido.

O segundo ponto (e também uma boa notícia) é que a estrutura em plástico é reforçada por um filete de metal. Assim, embora todo arco pareça não tão resistente assim, há um reforço que ajuda a manter o aparelho íntegro mesmo com algumas boas flexionadas no eixo do arco.

De resto, ainda focando no arco, há um destaque para uma região acolchoada no espaço que encontra o topo da cabeça do usuário, oferecendo um bom conforto. Além disso, na parte de cima do arco há pequenas texturas que tentam imitar o trançado de tecido e oferecem uma elegância a mais para o modelo.

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Agora vamos para as conchas. Elas encontram o arco por um parafuso (grosso), que permite o giro no eixo vertical de pouco mais de 90º. As conchas também têm um leve movimento de angulação que permite ajustar a posição junto à orelha do usuário.

Há um acolchoamento grosso em couro sintético que “abraça” bem a orelha. Uma notícia ruim aqui é que tal material não é removível. Ou seja, a tendência é de que o couro comece a descascar com o uso prolongado, sem que se possa trocar de modo fácil. Mais um problema para a longevidade do produto.

Todos os componentes eletrônicos estão destinados à concha esquerda. Assim, há três botões de ajustes que serão explorados mais adiante (dois de intensidade de microfone e fone, além de um terceiro para ligar o aparelho), o microfone, entrada mini USB para recarregar e o fio.

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Primeira escolha duvidosa

Aqui, entra outro grande problema do Recon 200: o cabo em 3.5 mm. Ele tem apenas 1,30 metro e não é destacável da concha. A principal questão aqui nem é o tamanho (embora considere pequeno), mas a falta de uma maleabilidade para escolher outra opção de cabo.

A questão ainda se complica mais por conta do padrão. O Recon 200 vem com a ponta em 3.5 mm, ou o chamado popularmente como cabo P3. Assim, é um único fio que reúne ambas fontes de som (lado esquerdo e direito), além do microfone do dispositivo.

Em se tratando de um headset voltado para jogos em console, este não é exatamente um problema. A conexão de fone para plataformas Xbox e PlayStation (as marcas destacadas na embalagem do aparelho) geralmente é compatível com P3 e estão nos controles. Assim, o curto cabo do Recon 200 não é exatamente um problema.

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Contudo, como falado no início deste texto, o headset também é compatível (em partes) com PCs. A questão é que a falta de maleabilidade no cabo atrapalha dizer que este é um bom modelo para quem joga nos computadores.

A maioria dos modelos de notebook utiliza padrão P3 (que unem saídas e entradas de áudio em uma só porta), sendo compatíveis com o Recon 200. Contudo, este não é o mesmo cenário para os PCs, que reservam uma porta P2 para saída e outra para entrada de áudio. Assim, o usuário vai necessitar de um adaptador para bifurcar as pontas caso queira utilizar o modelo em PCs.

Um leitor mais crítico pode até questionar que o modelo é focado em jogos para consoles, logo não precisa ter compatibilidade com PCs. É um argumento válido. Contudo, modelos de outras empresas na mesma faixa de preço, como HyperX, Razer e Logitech, trazem já na caixa adaptadores ou permitem que o usuário troque o cabo.

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Caso o fio do Recon 200, fino e sem reforços estruturais, comece a apresentar mau-contato, é preciso trocar todo o headset por conta de um cabo que poderia facilmente ser substituído por outro P3, caso a empresa não tivesse fixado o fio ao headset. Ponto negativo em design.

Segunda escolha duvidosa

Como já mencionado aqui, o Recon 200 é um fone com fio, mas que conta com uma bateria interna. Isso quer dizer que a Turtle Beach optou por transdutores ativos nos drivers deste fone, que exigem energia para produzirem som. É importante enfatizar isso: o fone de ouvido com fio não funciona se ele não estiver com bateria (ou carregando a bateria).

O objetivo aqui é que os transdutores ativos oferecem alguns benefícios que uma alimentação passiva (dos fones com fio convencionais) não trazem. Estamos falando de um modelo gamer e, como tal, trabalham com um boost de graves.

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Uma das supostas vantagens dele é ter um amplificador sonoro. Assim, o usuário consegue, através de um botão na concha esquerda, aumentar e diminuir a intensidade do som, por conta da alimentação ativa.

Na prática, o que a Turtle Beach fez foi incluir uma pequena plaquinha de som no fone, motivo pelo qual ele precisa obrigatoriamente ter uma fonte energia. Como dito aqui, os benefícios são até interessantes, como um aumento de graves e a possibilidade de controle da intensidade sonora.

Entretanto, novamente, a escolha por fazer isso diretamente integrada à concha esquerda do headset engessa completamente a utilização. Empresas concorrentes (de novo, HyperX e Razer) trazem em alguns modelos também nesta faixa de preço um adaptador para utilização USB que faz a exata mesma função. Com o benefício de permitir ao usuário escolher se quer optar pela plaquinha ou não.

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A qualidade sonora será avaliada mais adiante neste texto, mas aqui já é possível cravar que a obrigatoriedade da bateria traz muito poucos benefícios diante da necessidade de se ter que carregar o headset.

Junte a isso, o fato de que o Recon 200 conta com um botão de liga e desliga, sendo bem possível esquecer o aparelho ligado enquanto não se utiliza. O resultado é a frustração ao pegar o headset para jogar e perceber que ele está sem bateria.

Ainda é possível usá-lo enquanto recarrega, mas existem dois problemas enquanto a isso. O cabo mini USB/USB-A que acompanha o aparelho tem um metro, menor ainda que o do headset. Imagine ligar esta entrada a uma fonte de energia, enquanto se utiliza o fio P3 ligado ao controle. A cena é completamente desconfortável e pode até fazer com que se prefira incorrer a um fone mais simples, enquanto o Recon 200 recarrega.

Além disso, por conta de estática, o jogador pode perceber um zumbido de fundo (que aumenta na medida em que se amplifica o som) na utilização do headset enquanto ele está sendo recarregado. Em resumo, o objetivo não é usar o Recon 200 neste momento.

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Áudio

Tais escolhas da Turtle Beach são até tristes diante da qualidade sonora e de microfone do aparelho. O Recon 200 tem drivers de 40 mm em ímãs de neodímio. Por conta dos transdutores ativos, oferece uma potência bastante interessante, principalmente para jogos.

Aqui, é preciso novamente centrar o objetivo deste periférico. O que um usuário gamer espera são três pontos principais de um headset que ele utiliza para jogos: uma experiência de som cinematográfica (por isso a procura por graves mais acentuados); boa geolocalização do áudio (saber se um tiro veio da direita ou esquerda); clareza ao entender o chat e ser ouvido.

Um conhecedor mais purista de música pode perceber várias distorções sonoras aqui. Vale reforçar: quem procura um headset interessante para curtir discos em alta qualidade, não é neste headset que isso será alcançado.

Por outro lado, o Recon 200 entrega com maestria todos os requisitos mais importantes para jogos. A começar pelo grave: sim, eles são bem acentuados aqui. A experiência de acompanhar uma cut-scene de The Last of Us2 ou as trilhas sonoras marcantes de OriandTheWillofWhisps é realmente realçada com este headset.

O periférico entrega uma boa experiência neste sentido, mergulhando o jogador em um ambiente cinematográfico. Embarcando em um Resident Evill Village, no qual a qualidade sonora é importante, o Recon 200 realmente realça e experiência (principalmente em um ambiente escuro). Assim, espere mesmo graves mais marcados.

A qualidade sonora do Recon 200 também não entrega um som muito limpo, exatamente por este exagero dos graves. Assim, um ouvinte mais exigente pode perceber que tons graves, agudos e neutros não se distinguem tão bem como em modelos mais voltados para consumo de músicas. Novamente, não é para este nível de clareza que um usuário gamer está olhando.

O aumento de intensidade e graves acentuados por hardware ficam bem claros quando o headset está ligado, mas não há nenhum som rolando. É possível perceber um ruído bem levinho, tal qual de uma guitarra ligada em uma caixa de som muito alta. Isso mostra que o áudio está sendo amplificado no fone.

O segundo ponto de destaque aqui está na geolocalização. O Recon 200 é bem claro em pontuar posições de áudio, de forma exagerada até. O modelo distingue bem esquerda e direita em um jogo, por vezes, até de modo pouco sutil.

Esta característica pode ser encarada como negativa para quem busca um fone para música, mas traz uma vantagem competitiva para games. A experiência de jogar títulos como Fornite, ApexLegends e CallofDuty: Warzone com esse headset ajuda realmente na localização do inimigo. A proposta é saber de onde vem uma ameaça para que a resposta seja a mais veloz possível.

Variações

O Recon 200 tem dois modos distintos: para Xbox e PlayStation. Nem no guia que vem com o aparelho, nem no site oficial há alguma explicação sobre qual a diferença para estes dois modos.

Os testes do Canaltech mostram que é possível usar o modo Xbox em um console PlayStation e vice-versa. Logo, por que existem estas duas escolhas?

Bom, é possível perceber que o modo PlayStation parece levemente mais grave e com maior intensidade que o Xbox. Isso sugere que a Turtle Beach pode considerar o aparelho com modo PlayStation para quem está em busca de games e Xbox para utilização no dia a dia. A única descrição que parece mais específica é que ele é compatível com o som surround do Windows Music do Xbox.

Um ponto negativo deste aparelho é que a porta mini USB é somente voltada para recarregar o dispositivo. O cabo poderia ser também voltado para utilização no PC (com melhor solução de estática, claro), acompanhado de um software para ajustes simples de frequências.

Microfone

O terceiro ponto de destaque do Recon 200 está na gravação de voz. O modelo conta com uma haste para o microfone também acoplada à concha esquerda do headset. Ele conta com o sistema flip-to-mute, que é aquela tecnologia que coloca o microfone no mudo quando ele está em posição vertical.

Uma característica interessante aqui é o retorno de voz. Assim como há o controle de intensidade sonora no aparelho, também é possível regular a intensidade da própria voz. Não que o usuário defina a abertura e sensibilidade para quem o escuta, mas pode ter uma noção de como está a captação e ruído com o retorno de voz.

É possível perceber que o Recon 200 é ajustado também para realçar vozes. Assim, usá-lo para um chat enquanto se joga é bastante confortável, tanto para ouvir quanto para ser ouvido.

Autonomia

Voltamos a um dos principais problemas deste headset: a bateria. A Turtle Beach promete que o modelo tem autonomia de até 12 horas de utilização ininterruptas. De fato, carregado, o modelo demora as 12 horas, em testes do Canaltech, para ser descarregado completamente.

O problema é que o Recon 200 não tem um bom modo de indicar o nível de bateria. Com o cabo de alimentação ligado há uma luz vermelha que se apaga quando está completo. Entretanto, para um jogador, é importante saber se o modelo aguenta uma boa jogatina online, para evitar o desligamento no meio da partida.

Novamente, a escolha por um modelo com fio que demanda energia e não é projetado para ser usado enquanto está sendo recarregado é um dos pontos mais fracos para se recomendar este aparelho.

Veredicto

O Recon 200 é um bom fone para quem está buscando jogar exclusivamente em videogames. A notícia triste é que, com boa captação, clareza de áudio e até a opção de retorno para a própria voz, ele poderia também ser uma indicação legal para um headset de trabalho.

A Turtle Beach infelizmente engessa o aparelho ao colocar um cabo P3 fixo e necessidade de bateria em um dispositivo já cabeado. Isso porque o Recon 200 entrega um som muito competente, com bons graves e imersão interessante, oferecendo basicamente tudo que um jogador pede um headset do setor.

O problema é que ele é só isso, sendo que poderia entregar mais. Concorrentes na mesma faixa de preço trazem uma qualidade sonora semelhante, mas com muito mais versatilidade. Por exemplo, a HyperX traz o Cloud Alpha que é um headset com as mesmas capacidades que o Recon 200 na faixa dos R$ 500 e que traz no pacote uma série de fios e possibilidades para fazer o aparelho bom para games em consoles, PCs e trabalho no dia a dia.

É difícil recomendar o investimento de R$ 700 em um dispositivo engessado somente para jogos em console.

Preço e disponibilidade

O Recon 200 já está disponível no mercado brasileiro, nas principais lojas de produtos de informática e games na faixa dos R$ 700.

Especificações técnicas

Geral:

  • Alto-falantes: 40 mm com ímãs de neodímio
  • Resposta em frequência: 20 Hz–20 kHz
  • Design do fone: Circumaural (fechado)
  • Almofada da haste: Couro sintético com acolchoamento de espuma
  • Material das almofadas de orelha: Couro sintético com acolchoamento de espuma de memória
  • Controles integrados: Roda de volume, monitoramento variável de microfone e botão para trocar de plataforma Xbox/PlayStation
  • Design do microfone: Microfone “virar para silenciar” omnidirecional fixo

Conteúdo da embalagem:

  • Headset para jogos Turtle Beach Recon 200
  • Cabo de carregamento Micro USB
  • Guia de Início Rápido
  • Adesivo da Turtle Beach