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Satélites Starlink estarão entre os que mais se aproximam de outros na órbita

Por| Editado por Patricia Gnipper | 18 de Agosto de 2021 às 17h10

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Com as quantidades crescentes de objetos lançados à órbita, junto dos detritos espaciais já existentes por lá, é comum que as operadoras de constelações de satélites tenham que mover as unidades para evitar aproximações perigosas e, como consequência, colisões. Como a SpaceX vem expandindo a megaconstelação de satélites Starlink, essas aproximações devem aumentar — e muito. Hugh Leweis, o maior especialista em detritos espaciais na Europa, estima que, quando a empresa lançar todos os 12.000 satélites iniciais da constelação, os Starlink estarão envolvidos em 90% das aproximações de risco.

Lewis também lidera o Astronautics Research Group na Universidade de Southampton, e utiliza dados da base SOCRATES (Satellite Orbital Conjunction Reports Assessing Threatening Encounters in Space), ferramenta que permite acessar informações sobre as órbitas dos satélites e modelos das trajetórias deles, para evitar riscos no futuro. Com esses recursos, ele realiza estimativas regulares da situação em órbita e publica os resultados no Twitter. Os dados mais recentes mostram uma tendência crescente e preocupante nos dados, que refletem também a rápida expansão da rede Starlink.

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Para entender o impacto das megaconstelações, Lewis observou dados a partir de maio de 2019, quando os primeiros Starlink foram lançados. “Desde então, o número de encontros registrados mais que duplicou e, agora, estamos em uma situação em que os Starlink são responsáveis por quase metade de todos os encontros”, explicou. De acordo com ele, os satélites da SpaceX estarão envolvidos em cerca de 1.600 encontros próximos com outros objetos — estes encontros são situações em que um objeto passa a 1 km de distância de outro.

Mesmo que essas passagens próximas sejam excluídas, os satélites Starlink continuam se aproximando de objetos de outras operadoras pelo menos 500 vezes por semana. Como a SpaceX espera que a primeira geração da constelação chegue a 12.000 satélites em órbita — e, deste total, apenas 1.700 foram lançados até o momento —, a situação ficará ainda mais preocupante, porque os cálculos mostraram que os Starlink estarão envolvidos em 90% de todos os encontros próximos. Siemak Heser, CEO e cofundador da Kayhan Space, confirma a tendência.

A empresa trabalha com um sistema comercial autônomo de gerenciamento do tráfego espacial e estima que, em média, uma operadora responsável por 50 satélites recebe até 300 alertas oficiais de conjunções com outros satélites e detritos espaciais. Deste total, até dez deles exigiriam alguma manobra de evasão em órbita.A Kayhan Space baseia as estimativas em dados da U.S. Space Surveillance Network, uma rede de radares e telescópios que monitora cerca de 30.000 satélites e detritos orbitais, fornecendo os dados de localização mais precisos deles.

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Com o crescimento de megaconstelações como a da SpaceX, o catálogo deverá aumentar dez vezes no futuro. Mesmo com essas preocupações, ocorreram somente três colisões em órbita até o momento — uma delas ocorreu em março e parece ter resultado na destruição de um satélite chinês. Contudo, como o número de passagens perigosamente próximas está aumentando, Lewis teme um aumento na quantidade de decisões erradas por parte das operadoras, que arriscam manobras. “Em uma situação em que você está recebendo alertas diários, você não pode manobrar para todos”, comenta.

Além disso, Lewis também traz um alerta para a influência crescente da SpaceX quando o assunto é a segurança das operações orbitais. “Colocamos a confiança em uma só empresa para fazer a coisa certa”, disse, ressaltando que a empresa começou como operadora de lançamentos, e agora lança satélites próprios; tudo aconteceu em um período curto breve, que pode resultar em inexperiência..“Estamos em uma situação em que a maioria das manobras que veremos irá envolver os satélites Starlink”, finaliza.

Fonte: Space.com