SpaceX quer levar internet Starlink para caminhões, navios de carga e até aviões
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

A SpaceX enviou à Federal Communications Commission (FCC), a agência reguladora de telecomunicações nos Estados Unidos, um pedido de aprovação regulatória para conectar a internet Starlink a embarcações, automóveis e aeronaves — mas, apesar de o documento envolver também os carros da Tesla, Elon Musk indicou em uma publicação que a rede não irá para estes veículos por enquanto.
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Segundo o documento, os usuários não querem mais abrir mão da conectividade enquanto se deslocam, seja dirigindo um caminhão, seja movendo cargas da Europa para um porto dos Estados Unidos ou durante voos domésticos e internacionais. Assim, a empresa solicitou a autorização para operar terminais Starlink em Estações em Movimento na Terra (ESIMs), ou seja, carros, trens, transportes marítimos e aeronaves.
A SpaceX planeja operar essas estações nas águas estadunidenses, em áreas do exterior e em aeronaves operando tanto no espaço aéreo dos Estados Unidos quanto fora dele. Apesar de o documento incluir automóveis, veículos menores terão que esperar mais um pouco para receber a rede; é que, de acordo com um tuíte de Elon Musk, CEO da SpaceX, os carros Tesla ainda não serão conectados à internet porque o terminal necessário para isso é muito grande. “Isso é para aeronaves, navios, caminhões grandes e veículos recreativos”, disse.
A companhia explica que a solicitação atende o interesse público por autorizar uma nova classe de componentes em solo para o sistema de satélites da empresa, que vai expandir as capacidades de banda larga disponíveis para veículos em movimento nos Estados Unidos e no mundo. O pedido não mencionava nenhum tipo de antena nova, mas a empresa esclarece que os componentes serão eletricamente idênticos aos terminais de usuário já autorizados.
Estes componentes precisarão de alguns acessórios adicionais para serem instalados em veículos, navios e aeronaves, como no mastro das embarcações ou no topo da cabine de caminhões. De qualquer forma, eles vão se comunicar com os satélites visíveis no horizonte a pelo menos 25º de elevação. Quando estiverem em ação, os terminais propostos vão rastrear os satélites passando no campo de visão, direcionando o feixe de transmissão e alterando a potência automaticamente para manter sempre o nível constante de recebimento de sinal do satélite.
Mesmo assim, existe uma pequena diferença em relação aos terminais atuais que os clientes adquirem e instalam sozinhos, pois, no caso dos veículos e embarcações, as antenas vão ter que ser configuradas por profissionais qualificados. Essa tentativa de levar a internet para veículos não surpreende, já que a empresa já solicitou permissão para o FCC para operar terminais Starlink em aviões a jato. Além disso, mesmo que Musk tenha feito a publicação sobre a restrição dos carros, ele comentou durante reuniões feitas em janeiro que é possível que os carros Tesla recebam terminais Starlink nos próximos anos.
Com mais de mil satélites já lançados para compor a futura megaconstelação que deverá fornecer internet banda larga para todo o mundo, o programa de satélites Starlink já tem pelo menos 10 mil usuários usando o serviço. Estes clientes estão usando a rede por meio de um programa beta, em que apenas usuários convidados podem acessá-la. Claro que apenas o convite não basta para ter acesso: é preciso adquirir também um kit com antena e roteador por U$ 499, além do pagamento de uma taxa mensal de U$ 99. Em fevereiro, a SpaceX começou a aceitar pedidos antecipados de mais clientes interessados, que poderiam pagar outra taxa de U$ 99 para ter acesso antecipado à rede quando chegar em suas regiões. No mesmo mês, os usuários brasileiros começaram a ser notificados de que também podem pagar a taxa para o uso da rede quando ela chegar por aqui. A previsão é que o sinal Starlink chegue ao Brasil no final de 2021, mas isso ainda depende, claro, da liberação da Anatel.
Fonte: The Verge, Ars Technica