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Saiba mais sobre o programa espacial Sputnik, que virou nome de vacina na Rússia

Por| 12 de Agosto de 2020 às 12h19

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Dmitrii Ustinov/ArtStation
Dmitrii Ustinov/ArtStation

A Rússia anunciou nesta terça-feira (11) uma vacina contra o novo coronavírus, e deu a ela um nome espacial, que remete a uma das grandes conquistas do povo soviético: Sputnik V, uma homenagem ao programa espacial que levou ao espaço o primeiro satélite do mundo.

No entanto, a vacina foi questionada por representantes da comunidade internacional durante o anúncio do presidente russo Vladmir Putin, pois foi aprovada após menos de dois meses de testes em humanos. Mesmo assim, a Rússia anunciou que a vacina foi liberada pelos órgãos de saúde do país e está pronta para o uso, com aplicação em massa na população marcada para outubro.

De acordo com o químico Derek Lowe, dois meses “simplesmente não é tempo suficiente para fazer um exame de eficácia razoável”. Entretanto, Putin afirmou que a vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, em Moscou, passou por todas as checagens de segurança necessárias, e disse que sua própria filha foi uma das primeiras a receber uma dose, assim como membros do governo. O Brasil será um dos países que receberá a vacina durante a aplicação em massa.

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Inspiração na corrida espacial

Os EUA também se inspiraram em coisas relacionadas à exploração espacial para nomear os tratamentos contra a COVID-19 em desenvolvimento. Bem, no caso dos Estados Unidos, o governo Trump nomeou uma dessas iniciativas como Operation Warp Speed. Em obras de ficção científica, esse termo se refere às espaçonaves que utilizam algo chamado "velocidade de dobra", ou uma velocidade extremamente alta, impossível com a tecnologia atual, para percorrer enormes distâncias em poucos instantes no espaço.

A Rússia, por sua vez, optou por algo que represente algo que realmente existiu: o programa Sputnik, que levou o primeiro satélite da humanidade à órbita terrestre deu início à corrida espacial no final da década de 1950. Ou seja, o nome da vacina representa o sucesso do país em ser o primeiro ter uma vacina aprovada.

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O programa Sputinik foi, de fato, um sucesso tão estrondoso que levou os EUA a competir na corrida que culminou com o pouso de seres humanos na Lua, em 1969, com a Apollo 11. Se a vacina russa for bem sucedida, fará jus ao nome de um dos maiores legados do programa espacial soviético.

No total, o programa Sputnik lançou cinco satélites, incluindo a missão que enviou a cadela Laika, em 1957. Outros voos adicionais foram incluídos mais tarde, totalizando oito lançamentos.

Sputnik 1

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A primeira missão do programa Sputnik foi o envio do primeiro objeto à órbita ao redor de um corpo celeste, no caso a Terra. Lançado em 4 de outubro de 1957, a partir do Cosmódromo de Baikonur, na República Socialista Soviética Cazaque, tinha como objetivo estudar as propriedades das camadas superiores da atmosfera terrestre.

Com isso, os cientistas poderiam observar as condições que a atmosfera apresenta para os lançamentos de cargas úteis ao espaço e os efeitos da microgravidade e da radiação solar sobre equipamentos e organismos vivos - o que seria experimentado nas missões seguintes.

O Sputnik-1 era uma esfera metálica de 58 cm de diâmetro, com quatro “perninhas”, que, na verdade, eram antenas para transmissão de sinais de rádio, algo importante para sua única função operacional: enviar um sinal de “beep”. O sinal era facilmente detectável, e o som podia ser ouvido mesmo por radioamadores, e foram monitorados por operadores de rádio em todo o mundo.

Os “beeps” continuaram por 22 dias, até que as baterias do transmissor do satélite se esgotaram, silenciando o Sputnik-1 para sempre em 26 de outubro de 1957. Após três meses, ele reentrou na atmosfera, desintegrando-se.

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Outras missões Sputnik

Com o sucesso da Sputnik-1, chegou a hora de saber como seres vivos reagiriam a uma viagem espacial. Para isso, a União Soviética lançou a segunda missão do programa em 3 de novembro de 1957, levando a famosa cadela Laika ao espaço. Ela morreu entre cinco e sete horas depois do lançamento, muito antes do esperado pela equipe russa.

Na época, a versão oficial do governo foi que a cadela teria morrido em uma semana após o lançamento por falta de oxigênio. Anos mais tarde, os cientistas revelaram que ela morreu poucas horas depois do lançamento, devido ao pânico com o super-aquecimento da cabine. Por outro lado, o lançamento representou um avanço tecnológico sem precedentes.

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As missões seguintes vieram com uma evolução nos foguetes propulsores, e levaram mais peso para o espaço. A Sputnik-3, por exemplo, lançada em 15 de maio de 1958, veio com o foguete Sputnik 8A91 e lançou um laboratório espacial de estudo do campo magnético e do cinturão de Van Allen. Já a Sputnik 4, lançada ao espaço em 15 de maio de 1960, levou uma carga 4.540 kg, algo espetacular para a época. O sucesso dessas missões significaria que a URSS dava passos firmes rumo ao lançamento do primeiro homem ao espaço.

Por fim, a Sputnik-5, lançada em 19 de agosto de 1960, levou seres vivos novamente ao espaço: os cachorros Belka e Strelka, quarenta camundongos, dois ratos e diversas plantas. Dessa vez, todos estavam a salvo quando voltaram à Terra, provando assim o sucesso da URSS na capacidade de enviar seres vivos à órbita e trazê-los de volta sãos e salvos.

O programa continuou com as missões Korabl-Sputnik. Elas levaram os cães Pchelka e Mushka, Chernuschka e Zvezdochka, além de ratos, insetos e plantas - todos retornando com vida. A última missão Korabl-Sputnik decolou em 25 de março de 1961, encerrando o programa, que seria substituído pelo Programa Vostok - o responsável por enviar o primeiro homem ao espaço.

Fonte: Space.com