Rússia e China pretendem se unir para desenvolver uma estação de pesquisa na Lua
Por Danielle Cassita |
Parece que a parceria entre a Rússia e a China para o desenvolvimento da futura estação de pesquisa International Lunar Research Station (ILRS) está avançando: de acordo com informações da Roscosmos, a agência espacial russa, o país está se preparando para assinar um memorando de entendimento com a China para trabalharem, juntos, nesta estação lunar.
- Montagem da estação espacial Gateway começará em 2023 na órbita da Lua
- Conheça todas as estações espaciais já lançadas à órbita da Terra
- China deve iniciar a construção de sua terceira estação espacial no ano que vem
Segundo informações da Roscosmos enviada por e-mail ao portal Space News, “foram finalizados os procedimentos domésticos para harmonizar o memorando de entendimento entre o governo da Federação Russa e o da República Popular da China, em uma cooperação para criar a International Lunar Research Station”.
Eles ainda não definiram a data em que o documento será assinado e, para isso, seguem em discussões com parceiros chineses. Ainda de acordo com a agência espacial, o anúncio oficial dos planos de criação da ILRS deverá coincidir com os eventos internacionais da Global Space Exploration Conference, que será realizada em São Petersburgo no mês de junho.
Essa indicação de que a Rússia deverá colaborar com a China para a construção da ILRS não é exatamente recente: no ano passado, Dmitry Rogozin, diretor da Roscosmos, declarou que ambas as nações concordaram que provavelmente iriam trabalhar juntas na construção de uma base de pesquisa lunar. O posicionamento foi reafirmado por Zhang Kejian, diretor da agência Administração Espacial Nacional da China (CNSA).
Agora, o novo desdobramento ocorre depois de a Rússia ter decidido não se juntar aos oito países que assinaram os Acordos Artemis em outubro do ano passado. Trata-se de um conjunto de princípios relacionados a todas as atividades da exploração lunar, que devem ser seguidos pelas nações interessadas em participar do programa Artemis, da NASA.
Para Bleddyn Bowen, professor de relações internacionais da Universidade de Leicester, a decisão russa de trabalhar com a ILRS não surpreende: "esse memorando de entendimento se encaixa em uma tendência maior, na qual a Rússia se aproxima da China", explicou ele, reforçando que o acordo se baseia na cooperação existente na ciência, compartilhamento de dados e exploração lunar. "Mas esse é apenas um memorando de entendimento, então temos que esperar para ver o que vem disso, se é que há algo", finaliza.
A estação de pesquisa deverá ficar no polo sul lunar, e tem o objetivo de estabelecer a presença robótica de longo prazo na Lua no início da década de 2030, além da presença humana sustentável. As missões chinesas Chang'e 6, 7 e 8 serão cruciais para a construção da estação, junto da missão russa Luna 27. Estas etapas iniciais do trabalho serão feitas principalmente pela China e Rússia, enquanto outros países vão contribuir mais discretamente — em contraste ao programa da Estação Espacial Internacional, mais complexo e integrado a outros países.
Fonte: SpaceNews