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Rússia confirma destruição de satélite cuja nuvem de detritos ameaça a ISS

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Dotted Yeti/Shutterstock.com
Dotted Yeti/Shutterstock.com

Nesta segunda-feira (15), os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) precisaram ficar trancados nas naves espaciais Crew Dragon e Soyuz por algumas horas devido à passagem de uma nuvem de detritos orbitais. Caso fosse necessário, eles poderiam acionar os motores dos veículos para voltar à Terra.

Pois bem, a nuvem foi o resultado de um teste de míssil antissatélite, cuja realização foi confirmada pelo Ministério de Defesa da Rússia. Apesar de o país alegar que os mais de 1.500 fragmentos gerados pelo procedimento não ofereçam riscos, especialistas consideram que os detritos ainda devem colocar naves e estações em perigo ao longo dos próximos anos.

O teste antissatélite foi realizado com o Kosmos 1408, um antigo satélite soviético de espionagem que ficava em uma órbita um pouco acima da ISS. O objeto já não funcionava mais desde a década de 1980, e o procedimento o transformou em uma nuvem formada por milhares de pequenos fragmentos que obrigaram os tripulantes da ISS a se refugiar nas naves por algumas horas. Devido aos riscos, os oficiais do Pentágono, do Departamento de Estado dos EUA e da NASA condenaram o teste russo, descrevendo-o como “descuidado” e “perigoso”.

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James Dickinson, do Comando Espacial dos Estados Unidos (USSC), declarou que “a Rússia demonstrou um grande desprezo pela segurança, proteção, estabilidade e sustentabilidade de longo prazo no domínio espacial para todas as nações”. Mas, em paralelo, os militares russos afirmaram que a resposta dos EUA era “hipócrita”, alegando que o país sabe com certeza que os fragmentos do teste não representaram e não vão representar ameaças a estações orbitais, naves e atividade espaciais.

Entretanto, a NASA confirmou que a ISS precisou passar por procedimentos de emergência na última segunda-feira (15), com as escotilhas fechadas enquanto a tripulação se protegia. “É impensável considerar que a Rússia colocaria em risco não somente os astronautas norte-americanos e parceiros internacionais, mas também seus próprios cosmonautas”, disse Bill Nelson, administrador da NASA. Testes do tipo já foram realizados anteriormente pela Rússia e outros países, incluindo os Estados Unidos, Índia e China, que destruíram satélites próprios em órbita.

O que dizem os especialistas

De acordo com especialistas da indústria, o campo de detritos criado pelo teste russo deverá ficar em órbita por alguns anos, representando ameaças para outros objetos na órbita baixa da Terra, incluindo satélites em operação, e estações tripuladas. A empresa Planet, que trabalha com imagens da Terra produzidas por mais de 140 pequenos satélites, destacou que o teste russo torna o país o quarto a explodir um satélite próprio com um míssil nos últimos 15 anos.

Além da preocupação com os mais de 1.500 fragmentos, há ainda os riscos oferecidos por aqueles que foram produzidos pelo teste, mas são tão pequenos que não podem ser identificados por observatórios em solo. “A avaliação inicial do USSC é que os detritos vão continuar em órbita por alguns anos e, possivelmente, por décadas, oferecendo riscos significativos à tripulação na Estação Espacial Internacional e para outras atividades espaciais tripuladas, além de satélites de vários países”, disseram os oficiais do USSC em um comunicado.

Hugh Lewis, principal especialista da Europa e do Reino Unido em detritos espaciais, considera que metade dos fragmentos podem cair na Terra dentro dos próximos anos, mas outros podem se manter em órbita por mais de uma década. “Assim que os fragmentos forem catalogados, espero ver várias passagens próximas com satélites e outros objetos em uma grande área da órbita baixa terrestre, mostrando as consequências para a segurança espacial”, disse.

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Para completar, cálculos preliminares mostraram que a nuvem de detritos resultará em um aumento de mais de 100% da quantidade de manobras de desvio realizadas por operadoras de satélite em todo o mundo. “O pico poderá ser significativamente maior que 100%”, disse Tim Flohrer, diretor da divisão de Detritos Espaciais na Agência Espacial Europeia (ESA). “Nessa altitude de 400 a 500 km, os fragmentos não vão sobreviver por muito tempo; esperamos que eles decaiam lentamente ao longo dos meses e anos, mas o aumento de risco ainda será significativo após um ou dois anos”, observou.

Fonte: CNBC, Space.com