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Rovers podem não estar preparados para encontrar vida em Marte

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

É possível que os robôs explorando Marte não consigam avaliar corretamente possíveis evidências de vida por lá. É o que diz um novo estudo liderado por Armando Azua-Bustos, pesquisador do Centro de Astrobiologia de Madri, na Espanha. Para ele, pode ser difícil (ou até impossível) detectar materiais orgânicos em rochas marcianas com os instrumentos e técnicas atuais.

Para o estudo, os pesquisadores realizaram testes em rochas sedimentares do deserto do Atacama, no Chile, o mais antigo e seco deserto da Terra — características que o tornam um bom análogo geológico a Marte. A equipe realizou os testes geológicos em Pedras Vermelhas, uma região que contém os restos do delta de um rio do deserto, com quatro instrumentos que estão em Marte, ou que serão levados para lá em missões futuras.

Após as análises, eles descobriram que as amostras do deserto apresentaram vários microrganismos de classificação indeterminada, chamados de “microbioma escuro” — cerca de metade das detecções dali veio de tal microbioma. Ainda, havia uma mistura de bioassinaturas de microrganismos atuais e antigos que mal puderam ser identificados por equipamentos laboratoriais de última geração.

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Neste caso, o microbioma inclui microrganismos que podem ser detectados por meio do sequenciamento genético, mas que os cientistas não sabem exatamente o que são. Portanto, o microbioma escuro de Pedras Vermelhas pode conter espécies extintas, nunca vistas em outros lugares, mas pode também abrigar uma comunidade de espécies microbianas que ocorreram por lá no passado, sem descendentes nas bases de dados atuais.

“Nossas análises de instrumentos em Marte ou que serão enviados revelam que, embora a mineralogia de Pedras Vermelhas corresponda àquelas detectadas por instrumentos em solo no Planeta Vermelho, níveis similarmente baixos de compostos orgânicos serão de difícil, se não impossível, detecção nas rochas marcianas, dependendo do instrumento e técnica usados”, observaram os autores.

Na prática, isso significa que os equipamentos enviados a Marte podem não ter sensibilidade suficiente para cumprir essa missão. Por isso, seria difícil ou até impossível para os robôs no Planeta Vermelho detectarem os menores níveis de matéria orgânica esperados para o caso de microrganismos terem existido por lá no passado.

“Ainda estamos aprendendo a detectar evidências de vida em Marte”, explicou Azua-Bustos. “A natureza atual dos instrumentos que enviamos para lá tem seus limites — mas não porque eles foram mal projetados, mas sim porque ainda estamos na curva de aprendizado”, acrescentou. Assim, a equipe sugere que missões futuras enviadas a Marte devem ter foco na coleta e envio das amostras para a Terra, onde podem ser analisadas com os equipamentos mais avançados disponíveis.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Communications.

Fonte: Nature; Via: Space.com