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Por que Marte tem dunas "diferentonas?" Esta pode ser a explicação!

Por| 04 de Janeiro de 2023 às 19h15

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NASA/JPL-Caltech/University of Arizona
NASA/JPL-Caltech/University of Arizona

Certas dunas esquisitas que vemos em Marte podem ser resultado da ação de ventos combinada à baixa pressão atmosférica do planeta. Ao menos é o que concluiu um grupo de cientistas da Universidade Stanford, em estudo publicado na Nature Communications.

Dunas brilhantes, dunas azuis, megadunas e até mesmo dunas que lembram o logo da Frota Estelar de Star Trek são apenas alguns exemplos de formações curiosas recentemente avistadas nas areias marcianas. Os cientistas então usaram inteligência artificial para examinar esses padrões naturais em duas regiões de Marte.

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Estudando as dunas de Marte

Na Terra, dunas são formadas também pela ação dos ventos, com a diferença de que, em Marte, a pressão atmosférica é de apenas 0,6% a do nosso planeta. Isso foi considerado pelos cientistas do estudo em questão, que atribuíram a este fator a explicação de o Planeta Vermelho apresentar formações de areia não apenas bem diferentes das daqui, como também de tamanhos variados — desde medianas até muito maiores.

Além das dunas de areia, que podem se estender por vários quilômetros, outra formação causada pela ação do vento com a areia são pequenas cristas com ondulações causadas pelo impacto de de grãos de areia, formando montes. E o tamanho dessas formações pôde ser matematicamente relacionado com a baixa pressão atmosférica marciana. Tal relação foi observada em dunas médias e grandes no Planeta Vermelho.

Os cientistas começaram este estudo quando ficaram intrigados com uma imagem enviada pelo rover Curiosity em 2015, mostrando padrões semelhantes de vento na superfície de Marte e dunas de areia gigantes ao lado de formações arenosas e onduladas que chegam a ser cerca de dez vezes maiores que similares observada em nosso planeta, ainda que menores do que as dunas propriamente ditas.

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Essas formações de tamanho médio, então, chamaram a atenção do Dr. Mathieu Lapôtre, professor assistente de ciências geológicas de Stanford e co-autor do estudo, que juntou uma equipe para, contando com inteligência artificial, estudar mais de 130 mil imagens de Marte, analisando um milhão de dunas.

Eles constataram então que as ondulações médias em Marte não eram iguais às cristas onduladas geradas pelo simples impacto de grãos de areia movidos pelo vento. Tudo indica que tais formações medianas são como dunas "em miniatura", que param de "crescer" antes das dunas maiores devido a uma mudança no fluxo de ar na baixa pressão atmosférica mais próxima da superfície de Marte.

"Ondulações de impacto se formam em Marte exatamente como na Terra e têm mais ou menos o mesmo tamanho. Isso faz sentido, já que o mecanismo que forma tais ondulações tem menos a ver com a atmosfera e mais com a mecânica do transporte de areia", explicou o Dr. Lior Rubanenko, principal autor do estudo. "Mas, agora que sabemos como o tamanho das formações de areia em Marte varia com a densidade atmosférica e por quê, podemos usar o tamanho das ondulações fossilizadas em rochas antigas para reconstruir a história da atmosfera em Marte", complementou Lapôtre.

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Buscar por pistas de como já foi a atmosfera marciana num passado distante é importante para reunir mais peças do quebra-cabeças que é: por que Marte "perdeu" sua atmosfera? O Planeta Vermelho parece ter tido uma atmosfera mais espessa há muito tempo, com condições que podem ter sido parecidas com as da Terra. Só que, por uma razão ainda não confirmada, o planeta foi perdendo a maior parte dessa atmosfera e, hoje, é um mundo inóspito para a vida como a conhecemos.

Ou seja: compreender as dunas e demais formações marcianas de areia, relacionando-as à ação da atmosfera, é um caminho válido para entender melhor a história de Marte — algo que ainda intriga a comunidade científica.

Fonte: Nature Communications, Universidade Stanford