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Observatório SOFIA revela como a água está distribuída na Lua

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA/Ernie Wright
NASA/Ernie Wright

Uma equipe de astrônomos criou o primeiro mapa já produzido das mudanças da presença de água na Lua conforme o relevo local, revelando os resultados na quarta-feira (15) durante a 54º Conferência de Ciência Lunar e Planetária. Produzido com dados do telescópio Stratospheric Observatory For Infrared Astronomy (SOFIA), aposentado no ano passado, o mapa terá grande importância para os astronautas que estiverem na superfície lunar durante o programa Artemis.

Enquanto operou, o SOFIA tinha capacidade excelente para detectar água em seis mícrons de comprimento de onda, o que indica sua grande sensibilidade. Ele foi o primeiro telescópio capaz de identificar água, sem ambiguidades, no polo sul da Lua. Ao trabalhar com os dados do telescópio, pesquisadores calcularam que poderia haver 340 g de água por metro cúbico de solo lunar.

Eles não conseguiram usar telescópios em solo para o estudo porque a água da atmosfera terrestre bloqueia os sinais da água na Lua. “O SOFIA, entretanto, voava 99,9% acima da água atmosférica, e nos permitiu detectar água lunar”, disse Casey Honniball, coautor do estudo. Em sua fala, ele se referiu à configuração do observatório, que era um telescópio montado no interior de um avião Boeing 747SP modificado.

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O novo mapa representa cerca de 25% da superfície lunar no lado voltado para a Terra abaixo dos 60º de latitude, e é o primeiro que se estende para o polo sul lunar. Como a região estudada é ampla, os pesquisadores conseguiram identificar como a água se relaciona às formações topográficas.

Os autores revisitaram os dados do telescópio coletados em fevereiro do ano passado, em busca das mudanças da presença da água ao longo da superfície lunar. Os dados mostraram que, em uma grande área do hemisfério sul da Lua, as assinaturas químicas da água estavam mais presentes no lado interno das formações protegidas do Sol do que aquelas expostas à luz.

Uma das formações ali é a cratera Moretus, que abriga um pico central com 2,1 km de altitude em seu interior. Os pesquisadores descobriram que o lado sudeste do pico é frio, e tem mais água congelada do que seu lado norte, que recebe luz solar por longos períodos durante os dias lunares. Ali, ocorre algo parecido com as encostas de montanhas na Terra, que mantêm neve por mais tempo se não recebem luz solar direta.

“Com este mapa dos dados do SOFIA e outros que estão por vir, estamos vendo como a água é concentrada sob diferentes condições ambientais”, disse Honniball. “Esse mapa vai oferecer informações valiosas para o programa Artemis sobre possíveis lugares de interesse, mas também traz contextos regionais para missões científicas futuras, como a VIPER”, finalizou. A missão VIPER deve ser lançada em 2024 para mapear água congelada na Lua.

As descobertas trouxeram ainda novas perguntas, como a origem da água identificada; entre algumas possibilidades, estão os impactos de asteroides, evaporação da atmosfera da Terra, processos relacionados ao vento solar e até minerais da Lua. “Nosso conhecimento comum da era Apollo é que a Lua não é seca; já sabemos que isso está errado, mas a questão é o quanto”, afirmou Paul Lucey, coautor do estudo.

Fonte: USRA