Observatório SOFIA é aposentado após 8 anos de descobertas
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |
O Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy (SOFIA), o único telescópio aéreo do mundo, chegou ao fim de suas operações com um voo científico final nesta quinta-feira (29). Conduzido como um projeto conjunto da NASA e da Agência Espacial Alemã, o SOFIA foi projetado para ter vida útil de 20 anos, mas foi aposentado com apenas 8 anos de atividades.
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Projetado no interior de um avião Boeing 747 adaptado, com uma abertura na fuselagem para acomodar um telescópio de 2,5 m, o SOFIA voava a 13,7 km acima da superfície terrestre. A altitude era essencial para o observatório ficar acima de 99% do vapor d’água da atmosfera, que absorve a luz infravermelha e, consequentemente, torna seus comprimentos de onda invisíveis em solo.
A abertura que permitia que o telescópio realizasse suas observações tinha um mecanismo parecido com o de uma porta de garagem, ou seja, tinha uma cobertura que subia quando desejado. Paul Fusco, engenheiro da NASA que ajudou a projetá-la, descreve que aquela era uma das maiores portas abertas certificadas para voar em qualquer altitude e velocidade, mesmo aberta. “Era uma maravilha da inovação em aviação”, recordou.
Descobertas proporcionadas pelo SOFIA
Durante seus oito anos de atividades, o SOFIA ajudou os astrônomos em todo o mundo a usar a luz infravermelha para estudar diferentes eventos cósmicos e objetos invisíveis para outros telescópios. Foi assim que o telescópio descobriu o primeiro tipo de molécula formada no universo primordial, mediu os campos magnéticos de galáxias distantes e até revelou a água na cratera Clavius, uma das maiores crateras lunares visíveis da Terra.
Entretanto, o telescópio custava mais de US$ 80 milhões do orçamento da NASA a cada ano — a quantia era parecida com aquela exigida pelas operações do telescópio Hubble, mas as publicações científicas eram quase a metade. Assim, após uma série de recomendações para encerrar a missão, a NASA anunciou em 2022 que o SOFIA seria aposentado em setembro.
Paul Hertz, o então diretor da Divisão de Astrofísica na agência espacial, afirma que o fim do observatório já era esperado, e ocorre após o fim de sua missão estendida. Por outro lado, os cientistas do SOFIA esperavam que a NASA perceberia que a produtividade científica do observatório cresceu, junto de mais horas de voo e o dobro de publicações científicas.
Os dados coletados ao longo de mais de 730 noites de observação durante a missão serão disponibilizados publicamente, para que os cientistas os estudem e usem em pesquisas futuras. Agora que foi “aposentado” e não fará novos voos científicos, a equipe do SOFIA está procurando opções para encontrar um lar para o observatório.
Fonte: NASA