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O Sistema Solar pode ter recebido menos objetos interestelares do que pensávamos

Por| Editado por Patricia Gnipper | 21 de Outubro de 2021 às 13h30

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ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER
ESA/HUBBLE, NASA, ESO, M. KORNMESSER

O 1I/ʻOumuamua (ou somente Oumuamua, se preferir) é um objeto vindo de fora do Sistema Solar que foi identificado em 2017 e, quase dois anos depois, foi a vez de o cometa 2I/Borisov ser descoberto passeando por aqui. Embora a visita de ambos os objetos tenha sido rápida, eles renderam questionamentos interessantes. Afinal, quanto do Sistema Solar foi realmente formado por aqui? E quanto do material que originou a nossa vizinhança é, na verdade, parte de objetos de fora dela? Pois são estas as perguntas que pesquisadores da Universidade do Michigan e do Instituto de Tecnologia da Califórnia tentam responder em um novo estudo. 

Quando chegaram ao Sistema Solar, estes objetos alimentaram especulações sobre quantos outros objetos interestelares podem existir galáxia afora — pode haver de centenas a trilhões deles, mas a quantidade exata depende do quão comum é a ejeção de detritos após a formação de sistemas planetários. Por enquanto, objetos extrassolares ainda não foram encontrados orbitando o Sol, o que não significa, necessariamente, que eles não existam. Entretanto, estudar um por vez em busca de algum asteroide ou cometa “estrangeiro” é um processo lento, porque não sabemos exatamente a frequência da ocorrência dessas rochas.

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Assim, os autores do estudo sugeriram estimar a quantidade de objetos interestelares observados e monitorar o período em que eles ficam por aqui. Para isso, realizaram uma série de simulações acompanhadas pelo estudo do comportamento de mais de 270 mil objetos vindo para o Sistema Solar em todas as direções e velocidades possíveis. Em seguida, a equipe relacionou a evolução desses objetos simulados às condições do Sistema Solar há 1 bilhão de anos, e descobriram que a maior parte dos visitantes não sobreviveria aqui muito tempo.

Se forem para dentro da órbita de Júpiter, eles seriam engolidos pelo planeta ou expelidos para o restante do sistema. Por outro lado, caso se aproximem de um plano próximo de outros planetas, as influências gravitacionais provavelmente iriam expulsar os objetos. Por isso, a tendência de permanecerem por aqui por milhões de anos se deve mais às órbitas grandes e alongadas, de modo que levaria alguns milhões de anos para descobrirmos se eles vão realmente ficar por aqui a longo prazo.

Entre os mais de 270 mil objetos simulados, apenas 13 ficariam por aqui por mais de 500 milhões de anos, e somente 3 resistiram por um bilhão de anos. Já em relação à estimativa de quantos estão atravessando o Sistema Solar, os pesquisadores concluíram que o Sol pode ter capturado objetos suficientes durante sua juventude para, assim, formar 1/1000 da massa da Terra — isso é o suficiente para formar seis asteroides do tamanho do planeta anão Ceres. Portanto, desde a formação do Sistema Solar, é possível que poucos objetos parecidos com o Oumuamua e o Borisov tenham aparecido por aqui anualmente.

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Esse resultado traz algumas implicações importantes. Primeiro, os cientistas não deveriam se preocupar tanto em procurar objetos de fora visitando nosso sistema, porque eles seriam, então, extremamente raros. Segundo, a teoria da panspermia, aquela que propõe que a vida pode ter chegado à Terra “de carona” em algum objeto espacial, não seria tão sustentável porque não haveria material suficiente viajando pela galáxia e entrando em sistemas planetários para isso acontecer. 

O artigo com os resultados do estudo foi aceito para publicação na revista The Planetary Science Journal, e pode ser acessado no repositório online arXiv, ainda sem revisão de pares.

Fonte: Space.com