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Navegue entre satélites e lixo espacial com o "Google Maps" da órbita terrestre

Por| 13 de Novembro de 2020 às 10h55

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LeoLabs
LeoLabs

A tecnologia do LeoLabs foi inicialmente desenvolvida para estudar a ionosfera do nosso planeta, mas acabou se tornando uma espécie de “Google Maps” da baixa órbita terrestre. Com essa rede de radares ainda em fase de expansão, é possível detectar e monitorar milhares de satélites, restos de foguetes e quase todo o tipo de lixo espacial abaixo dos 2.000 km de altitude.

Fundada em 2016, a LeoLabs, empresa da Califórnia, criou também uma visualização digital para exibir todos esses objetos que passam sobre nossas cabeças todos os dias. Ela ajuda a monitorar todo o tráfego no espaço — pelo menos os equipamentos cujo monitoramento é aberto ao público. Isso pode ser basteante útil no trabalho de preservação da baixa órbita, uma região cheia de entulho, onde os riscos de uma colisão catastróficas são cada vez maiores.

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Originalmente, o objetivo era estudar as interações entre o vento solar e o campo magnético da Terra, que são potencialmente perigosas para os satélites, equipamentos elétricos terrestres e até mesmo para os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional, por exemplo. Mas, para estudar esses dados, era necessário “limpar” o ruído de informações que os radares da empresa detectavam. Esses ruídos eram nada menos do que a imensa quantidade de satélites na baixa órbita.

Foi justamente esse conjunto de dados indesejados que se mostraram uma grande oportunidade comercial para a empresa, e foi assim que a LeoLabs decidiu expandir sua rede de radares e produzir uma plataforma de dados da baixa órbita (também conhecida como LEO, do inglês “low earth orbit”). Veio então a segunda e a terceira instalação de grupos de radares.

Com a terceira instalação, localizada na Nova Zelândia e conhecida como Kiwi Space Radar, a LeoLabs se tornou capaz de rastrear objetos de dois centímetros na órbita terrestre. E foi com esse nível incrível de resolução que a empresa conseguiu se tornar realmente interessante para os que desejam monitorar o lixo espacial. Afinal, cerca de 95% dos riscos de colisão no espaço são provenientes de objetos menores que 10 cm, de acordo com a DeClerck.

Estima-se que o lixo espacial já tenha ultrapassado os 22.000 objetos grandes. Se considerarmos os pequenos entulhos de até 1 cm, podemos chegar a um milhão de detritos vagando no espaço acima de nós, quase 8.000 toneladas de objetos. Isso representa um grande risco para tudo o que acontece no espaço ao redor da Terra, e alguns projetos, ideias e conceitos já foram propostos para resolver esse problema. Mas, até agora, ainda não há uma solução prática que já possa ser implementada.

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Entretanto, as próximas três instalações de radares do LeoLabs, que devem ser concluídas até 2022, deverão ajudar a monitorar esse lixo ainda mais. A preservação da LEO como um espaço seguro (trocadilho intencional) é crítica. Versões comerciais dos produtos da LeoLabs já estão disponíveis para as agências espaciais e empresas privadas por meio de assinaturas, e todos podem se beneficiar desse serviço para estudar cautelosamente os riscos de seus satélites e equipamentos colidirem com a órbita de algum pedacinho de lixo. Além disso, claro, monitorando o entulho espacial será possível criar a melhor estratégia para como removê-lo.

Como usar o LeoLabs

O “Google Maps” da baixa órbita terrestre é bem interessante para os fãs de ciência espacial, e é possível que você gaste algum tempo vendo os tipos de satélites e objetos que estão lá no alto. O mais legal é que os objetos são exibidos em formatos próximos do real, o que torna tudo ainda mais interessante. 

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Ao acessar a página de visualização, você verá logo de cara o globo terrestre e a infinidade de objetos ao redor. Talvez você note alguns muito pequenos, bem mais próximos do seu ponto de observação que os demais. Ao clicar em um deles, o software centraliza a imagem orientado a este objeto, e mostra informações sobre ele no lado esquerdo.

No quadro de informações sobre o objeto selecionado, vemos o nome e um número de catálogo. Também é exibido o tipo de objeto: payload (carga útil enviada por um foguete, geralmente quando uma empresa de satélites contrata uma empresa de lançamentos espaciais), debis (detritos, que podem ser restos de alguma coisa que explodiu, por exemplo) ou rocket body (estágios de foguetes descartados após o lançamento).

Essas indicações de cores mudam quando você seleciona outras opções em "Views", no menu esquerdo. Navegue um pouco entre essas opções e veja como a legenda de cores do lado direito mudam para que você entenda melhor o tráfego dos objetos, seus países de origem e até mesmo coisas como inclinação e o período orbital, ou seja, o tempo que leva para completar uma volta ao redor da Terra.

Acima, há uma legenda para as cores dos objetos em exibição: verde para os que foram monitorados no último dia, amarelos para os monitorados na última semana e vermelho para os que não foram monitorados há algum tempo. Em nossa navegação, percebemos objetos cinza, mas não há legenda para eles. Pode ser que foi apenas uma falha do software que resultou na ausência de uma cor para esses objetos.

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Tudo isso já é bem bacana, mas você também pode explorar a órbita, se aproximar bastante dos objetos com a rolagem do mouse e ver o tráfego caótico dos satélites e detritos. Às vezes, você encontrará alguns enfileirados; é curioso acompanhar a órbita deles sem colidir com nenhum outro objeto. Use o campo de busca do menu ao lado para procurar por objetos que você conheça, como os satélites Starlink.

Você também pode encontrar a Estação Espacial Internacional. Para isso, busque pelo termo Zarya, já que há outros objetos com "ISS" no nome. Após encontrar o objeto, selecione-o, apague o termo utilizado na busca e veja o que aparece por perto. Aproxime a imagem para apreciar o tráfego. Ah, se você clicar em "Country of Orign", verá o país que lançou o objeto — no caso da ISS, a lista de países que fazem parte do programa. O próprio desenho da ISS ficará com todas as cores correspondentes a essas nações. Infelizmente, o formato da estação não é nem um pouco parecido com o design real, mas aqui todos os desenhos são apenas uma representação, ok?

Em outra visualização aberta ao público, é possível ver estimativas da probabilidade de uma colisão entre satélites e até a estimativa da velocidade relativa dos dois objetos, o que dá uma ideia da energia que seria produzida em uma eventual colisão.

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Clique aqui para explorar a visualização completa do tráfego da baixa órbita terrestre no LeoLabs.

Fonte: Universe Today