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NASA trará amostras de Marte, mas como vão garantir que elas são seguras?

Por| Editado por Rafael Rigues | 05 de Julho de 2022 às 10h15

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

A NASA está se preparando para trazer amostras do solo de Marte à Terra, mas será que existe algum risco de contaminação? As chances de alguma bactéria ou fungo alienígena pegar carona nas rochas são muito pequenas, mas não inexistentes. Por isso, a agência espacial norte-americana explicou porque as amostras precisam vir até nós e quais serão as medidas de segurança adotadas.

Trazer amostras espaciais pode causar um certo receio para a população leiga. Esta não é uma preocupação totalmente infundada — os próprios cientistas estão bem atentos aos riscos de contaminação planetária e adotam medidas de proteção. Também há protocolos para proteger Marte contra a contaminação por microorganismos terrestres.

Mas se há algum risco, por que trazer as amostras marcianas para a Terra? Não seria melhor estudar as rochas no espaço? Afinal, temos laboratórios orbitais como a Estação Espacial Internacional (ISS), onde pesquisas científicas são realizadas o tempo todo.

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De acordo com os cientistas da missão Mars Sample Return, Michael Meyer e Lindsay Hays, estudar as amostras de Marte no espaço não traria muitos resultados. Limitações no tamanho, peso e consumo de energia dos equipamentos de análise no espaço significa que eles teriam capacidade reduzida em comparação aos similares aqui na Terra.

Além disso, é muito difícil manipular amostras em lugares como a ISS, já que objetos estão sempre flutuando em ambientes de microgravidade. O resultado seria uma diminuição do valor científico das amostras devido às medições limitadas que poderiam ser feitas.

Outras soluções que parecem simples também são inviáveis. Por exemplo, as amostras poderiam ser esterilizadas pelos mesmos instrumentos robóticos que realizarão a extração e confinamento das rochas, mas isso destruiria qualquer sinal de uma antiga vida marciana — justamente o que os cientistas esperam encontrar.

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Para deixar claro, a busca por sinais de vida antiga — ou bioassinaturas — não significa que os pesquisadores procuram seres vivos, mas indícios de que alguma forma de vida microbiótica tenha existido por lá. Essas bioassinaturas poderiam ser a primeira evidência de vida fora da Terra (mesmo que esteja extinta), mas seriam destruídas em processos de esterilização.

Também não é possível realizar através dos robôs em Marte nenhum teste eficaz para garantir que as amostras estão livres de agentes contaminantes. Muitos testes seriam necessários para produzir algum resultado satisfatório, o que acaba se tornando um esforço sem muito sentido.

Assim, a NASA tratará as amostras com o máximo de cautela, como se realmente fossem perigosas, até se provar o contrário. Isso será feito aqui mesmo, na Terra: uma instalação será construída para conter as amostras até se ter certeza de que são seguras. Todos aqueles testes dispensados em Marte podem ser feitos aqui em nossos laboratórios, com muito mais precisão, seguindo todos os protocolos necessários.

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Uma vez garantida a segurança das amostras — mesmo que seja necessário esterilizar subconjuntos —, a NASA distribuirá porções para os melhores laboratórios ao redor do mundo. A missão Mars Sample Return, planejada em conjunto com a Agência Espacial Europeia (ESA), tem previsão de chegar à Terra com as amostras na década de 2030.

Fonte: The Philadelphia Inquirer