Monstro espacial? Telescópio Spitzer registra nebulosa que lembra o Godzilla
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 26 de Outubro de 2021 às 15h20
O telescópio Spitzer, da NASA, foi lançado em 2003 e encerrou suas atividades no ano passado. Mesmo assim, os cientistas continuam analisando os dados coletados por ele durante seus 16 anos de operação, para saber cada vez mais sobre o universo — e, recentemente, alguns desses dados renderam uma surpresa para o astrônomo Robert Hurt. Acidentalmente, ele se deparou com uma nebulosa que pareceu lembrar o Godzilla, o monstro fictício que apareceu pela primeira vez no filme japonês Gojira, lançado em 1954.
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Hurt é astrônomo do Instituto de Tecnologia da Califórnia, sendo também responsável por grande parte das imagens publicadas desde o lançamento do Spitzer. “Eu não estava procurando monstros”, explicou. Na verdade, o que aconteceu é que ele estava analisando uma região que já tinha estudado várias vezes, sem ampliá-la, e a olhou de forma diferente: “às vezes, se você cortar uma região de um jeito diferente, verá algo que não identificou antes”, disse ele. “Foram os ‘olhos’ e a ‘boca’ que rugiram ‘Godzilla’ para mim”.
Confira a imagem abaixo, que mostra o que foi analisado pelo astrônomo, e tente encontrar o "monstro" nela:
O que temos aqui é uma nebulosa, ou seja, uma nuvem de gás e poeira que já deu origem a inúmeras estrelas. Os astros na parte superior da imagem, que formam os “olhos” e as “narinas” do Godzilla, estão a uma distância desconhecida da Terra, mas ainda são parte da Via Láctea. Já no canto inferior esquerdo, onde fica a “pata” direita, há uma região de formação estelar chamada W33, localizada a aproximadamente 7.300 anos-luz de nós.
Ao longo de suas vidas, a radiação liberada pelas estrelas vai abrindo caminho através do gás e poeira, mudando a estrutura da nuvem. A desta imagem fica na direção da constelação de Sagitário e, se for observada na luz visível, parecerá totalmente escurecida por nuvens de poeira. É na luz infravermelha que a “mágica” acontece e revela o que existe por lá — como a luz infravermelha tem comprimento de onda maior, consegue penetrar através das nuvens e, assim, revela regiões escondidas.
Os tons de azul, verde e vermelho que vemos aqui representam os diferentes comprimentos de onda da luz infravermelha. O amarelo e o branco são uma combinação desses comprimentos, enquanto o azul e o ciano representam a luz emitida principalmente por estrelas. Já o verde vem da poeira e dos hidrocarbonetos, enquanto o vermelho é originado pela poeira aquecida pela luz de estrelas ou supernovas.
Se você já viu alguma nuvem que parecia um rosto, um objeto ou um animal, sabe que Hurt não está sozinho: é que isso ocorre graças à pareidolia, o nome dado à tendência humana de identificar uma imagem específica em um padrão visual ambíguo ou aleatório.
Agora, Hurt segue analisando os dados em busca de informações e, claro, imagens interessantes. “Essa é uma das formas pelas quais queremos que as pessoas e conectem ao trabalho incrível que o Spitzer fez”, disse. “Eu procuro áreas atraentes que possam contar uma história; às vezes, é uma história sobre como as estrelas e planetas se formaram, e às vezes é sobre um monstro gigante devastando Tóquio”.
Fonte: JPL