Pareidolia: por que enxergamos "rostos" nas coisas?
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
Talvez você sequer tenha percebido, mas encontramos padrões de rosto em muitas coisas ao nosso redor, seja em objetos ou até mesmo na natureza. Mas o que explica esse comportamento? Na tentativa de deixar tudo mais claro, especialistas realizaram vários estudos.
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Ainda não deu para entender isso de enxergar rostos nas coisas? Vamos fazer um teste então. Parece que essas tomadas estão assustadas?
Se a resposta for sim, você acaba de vivenciar um fenômeno que os especialistas chamam de pareidolia facial. Por definição, pareidolia, na psicologia, é um fenômeno mental que faz com que percebamos um estímulo visual de forma equivocada, gerando um padrão dentro de outro objeto. Cientistas da Universidade de Sydney descobriram que nosso cérebro processa a expressão emocional em objetos da mesma forma que faz para rostos reais. A equipe aponta que o reconhecimento facial é muito importante, uma vez que o ser humano precisa reconhecer quem é a pessoa em questão, se é da família, amigo ou inimigo, quais são suas intenções e emoções.
Os rostos são detectados com muita rapidez, e o cérebro parece fazer isso usando uma espécie de procedimento de combinação de modelos. Portanto, se ele vir um objeto que parece ter dois olhos e uma boca, processa aquilo como um rosto. Pesquisadores por trás de um artigo publicado na Scientific Reports chegaram a examinar os mecanismos cerebrais específicos por trás da identificação de informações sociais nos rostos de outras pessoas.
"Uma característica marcante desses objetos é que eles não apenas se parecem com rostos, mas podem até transmitir um senso de personalidade de significado social", apontaram os autores. Em outras palavras, não identificamos apenas rostos, mas até sentimentos (como no caso das tomadas assustadas ali em cima).
Segundo os especialistas, a percepção facial envolve mais do que apenas as características comuns a todos os rostos humanos, como o posicionamento da boca, nariz e olhos. Nossos cérebros estão sintonizados com esses padrões universais, mas ler informações sociais requer a capacidade de determinar se alguém está feliz, zangado ou triste. O grupo planejou um experimento de adaptação sensorial e concluiu que realmente processamos a pareidolia facial da mesma forma que fazemos com rostos reais.
O experimento usou 40 rostos reais e 40 imagens de pareidolia, e os participantes tiveram que selecionar expressões: de raiva a felicidade. Durante os experimentos, os participantes viram rapidamente cada imagem e, em seguida, classificaram a expressão emocional. Os pesquisadores concluíram que o processamento da expressão não está estreitamente ligado às características faciais humanas.
"Quando os objetos parecem convincentemente semelhantes a rostos, é mais do que uma interpretação: eles realmente estão conduzindo a rede de detecção de rosto do seu cérebro. E aquela carranca, ou sorriso, é o seu cérebro sistema de expressão facial em funcionamento. Para o cérebro, falsos ou reais, os rostos são todos processados da mesma maneira", apontam os pesquisadores.
Fonte: Psychologial Science, Proceedings of the Royal Society B via Ars Technica