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Sonda Voyager 2 saiu da heliosfera e está oficialmente no espaço interestelar

Por| 10 de Dezembro de 2018 às 16h32

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Lançada com a missão de estudar os mundos do Sistema Solar em 1977, junto à sua sonda-irmã Voyager 1, a Voyager 2 acaba de se tornar o segundo objeto fabricado pelo homem a entrar no espaço interestelar. A NASA confirmou nesta segunda-feira (10) que a sonda já saiu da heliosfera, que é a "bolha" protetora de partículas e campos magnéticos criados pelo Sol.

Em outubro, a agência espacial já havia previsto que esse feito seria alcançado em breve, quando a Voyager 2 detectou um aumento nos raios cósmicos que se originam fora do Sistema Solar — o que foi um indício forte de que a sonda estaria mesmo saindo de nosso quintal espacial. Tais medições foram feitas pelo instrumento Subsistema de Raios Cósmicos que, desde o final do mês de agosto, identificou um aumento de 5% na taxa de raios cósmicos atingindo a espaçonave, em comparação com o início do mesmo mês.

Esses raios cósmicos são partículas que se movimentam muito rapidamente, com origem fora do Sistema Solar. A heliosfera bloqueia parte desses raios. Em 2012, o mesmo aconteceu com a Voyager 1, que começou a detectar um aumento na taxa de raios cósmicos, antecipando que os limites do Sistema Solar com o espaço interestelar estavam próximos.

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De acordo com a NASA, a Voyager 2 atravessou a borda externa da heliosfera (chamada de heliopausa) no dia 5 de novembro. Agora, a sonda está a pouco mais de 18 bilhões de quilômetros da Terra, com os operadores da agência espacial ainda conseguindo se comunicar com ela. Contudo, qualquer informação enviada pela sonda leva cerca de 16,5 horas para chegar até nós.

"Nossos estudos começam no Sol e se estendem a tudo o que o vento solar toca. Fazer com que as Voyager enviem informações sobre o limite da influência do Sol nos dá um vislumbre sem precedentes de um território verdadeiramente inexplorado", explica Nicola Fox, diretor da divisão de heliofísica da NASA, empolgado com os dados que a sonda continuará enviando daqui em diante. Juntas, ambas as Voyager fornecem informações preciosas sobre como a nossa heliosfera interage com o constante vento interestelar que vem de fora, e essas observações são somadas com as obtidas pela missão Interstellar Boundary Explorer (IBEX). Ainda, a NASA está preparando uma outra missão do tipo, chamada Interstellar Mapping and Acceleration Probe (IMP), que será lançada em 2024 para levar a um outro patamar as observações da Voyager.

No entanto, sair da heliosfera não é sinônimo de sair do Sistema Solar. É que o limite oficial do nosso sistema estelar é considerado além da borda externa da Nuvem de Oort, que abriga uma coleção de pequenos objetos que ainda estão sob influência da gravidade solar. A nuvem de Oort é imensa, e estima-se que levará cerca de 300 anos para que a Voyager 2 alcance a borda interna da região — e possivelmente 30 mil anos para sair totalmente dela, aí sim abandonando, de vez, o Sistema Solar.

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Ambas as Voyager usam um material radioativo para se alimentarem, e a potência de saída do gerador térmico de radioisótopo (que abriga o material radioativo) diminui em cerca de quatro watts por ano. Isso significa que várias partes das sondas, incluindo suas câmeras, já foram desligadas para gerenciar energia, mantendo-as "vivas" por muito mais tempo. Ainda que sem novas imagens, as sondas seguem coletando e enviando dados preciosos para os cientistas da NASA, permitindo novas descobertas mesmo depois de mais de 40 anos desde seu lançamento.

Lembrando que as duas Voyager carregam consigo um disco dourado contendo sons, imagens e mensagens da Terra, além de um mapa estelar mostrando onde o nosso planeta está localizado no espaço. Como as sondas podem durar por bilhões de anos mesmo depois do encerramento de suas comunicações, esses discos podem, quem sabe um dia, ser encontrados por outras civilizações tecnologicamente inteligentes, mantendo viva a essência do ser humano — mesmo que tais discos possam ser, até lá, os únicos vestígios da civilização humana.

Fonte: NASA