Missão pode investigar se alguma lua de Urano pode mesmo suportar vida
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela |
Os cientistas planetários vêm percebendo que Urano e suas luas são um ótimo destino para missões espaciais em busca de condições para a vida como conhecemos. Ao enviar uma espaçonave para lá, pesquisadores poderiam investigar a habitabilidade desde mundos e os mecanismos por trás da formação e evolução deles. E, afinal, por que tanto interesse nos satélites naturais de Urano? Bem, eles podem ter oceanos escondidos sob a superfície.
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“A perspectiva mais empolgante das luas [uranianas] é que elas ainda podem abrigar oceanos subterrâneos. Essa é uma probabilidade baixa para algumas delas, portanto, se a missão encontrar oceanos em todas ou na maioria, isso vai ajudar a entender melhor quais mecanismos ajudam a manter o interior dessas luas aquecido”, explicou Julie Castillo-Rogez, cientista planetária no Laboratório de Propulsão a Jato, da NASA.
Em 2022, pesquisadores liderados por ela analisaram os dados coletados pela sonda Voyager 2 sobre Ariel, Umbriel, Titania, Oberon e Miranda, as cinco maiores luas deste mundo gelado e distante. Ao combinar os dados com modelos computacionais da densidade e raio delas, bem como possíveis fontes de calor, os cientistas descobriram que Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon podem ter oceanos líquidos.
Mas Urano está bem longe do Sol, e isso não é nada bom para a manutenção de oceanos líquidos nestas luas. Então, como é possível que tenham água no estado líquido? “A principal fonte de calor para essas luas vem do decaimento de elementos radioativos, especificamente potássio, urânio e tório”, explicou Castillo-Rogez ao Space.com. Além disso, Miranda e Ariel parecem ter passado por atividade geológica de 100 milhões a 1 bilhão de anos atrás.
Portanto, Miranda e Ariel podem ter sido mais expostas aos efeitos do aquecimento de marés. Basicamente, este é um efeito causado pelas interações gravitacionais entre Urano e suas luas, que faz com que elas sejam esticadas e comprimidas, gerando calor ems eu interior. Como estas duas luas estão mais próximas de Urano, elas teriam maior aquecimento de marés do que Umbriel, Titania e Oberon.
Luas de Urano
A má notícia é que o aquecimento de marés depende da massa do planeta, e Urano é cerca de sete vezes menos massivo que Saturno. Isso significa que, enquanto Júpiter e Saturno são massivos o suficiente para gerar aquecimento de marés que emite calor para suas luas, Urano não tem a massa necessária para exercer tanta força gravitacional.
Mesmo assim, os pesquisadores já sabem que estas cinco luas de Urano têm temperaturas de superfície de -213,15 ºC a -193,15 ºC, ou seja, as temperaturas internas teriam que ser bem mais altas para haver vida por lá. Além disso, a salinidade dos oceanos (caso existam) e o acesso a alguma fonte de energia química são essenciais para a vida por lá.
Por enquanto, estas perguntas não têm respostas, mas isso pode mudar com o envio de uma missão ao planeta e suas luas. “A missão vai preencher muitas lacunas em nossa compreensão de como funcionam os gigantes de gelo e as relações entre as luas, o planeta e a magnetosfera”, finalizou Castillo-Rogez.