Marte pode ter tido água líquida por mais tempo do que se pensava
Por Danielle Cassita • Editado por Rafael Rigues |
A água parece ter existido em Marte por um período mais longo do que se pensava até então. A conclusão vem de uma análise realizada por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Copenhague, que trabalharam com dados do rover Zhurong para descobrir o que eles diziam sobre o gelo em minerais hidratados.
- Exploração de Marte: que sondas, rovers e landers já foram enviados para lá?
- Dados do rover Zhurong indicam que paisagem em Marte foi moldada pelos ventos
O rover Zhurong está explorando Utopia Planitia há cerca de um ano, e vem usando seus espectrômetros para analisar rochas e uma câmera para fotografá-las. Para o estudo, os pesquisadores analisaram os dados coletados pelos instrumentos do rover para estudar minerais de Marte e, assim, determinar a quantidade de água que poderia ter existido por lá há milhões de anos.
Eles descobriram camadas rígidas próximas do solo, cuja formação teria exigido grandes quantidades de água vindas de diferentes origens, como a subsuperfície do planeta ou derretimento de vastas quantidades de gelo. Assim, eles sugerem que a presença dos minerais hidratados na superfície do Planeta Vermelho significa que a água existiu em Marte por mais tempo do que se pensava.
Estudos anteriores sugeriam que partes do planeta eram cobertas por água até cerca de 3 bilhões de anos atrás. Mas as evidências encontradas em Utopia Planitia mostram que a água existia em estado líquido durante o período Amazoniano, a época geológica mais recente do planeta. Até então, os cientistas consideravam que este período, ocorrido há cerca de 700 milhões de anos, era frio e seco, de modo que qualquer "atividade" envolvendo a água líquida por lá seria extremamente limitada.
Integrante da missão chinesa Tianwen-1, o rover Zhurong pousou em Marte no início do ano passado e já percorreu mais de 1,5 km na superfície marciana. Entre os objetivos principais da missão está a busca por sinais de água, gelo e vida no planeta.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science Advances.
Fonte: Science Advances