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Humanos poderiam visitar Vênus antes de chegarem à superfície de Marte?

Por| 26 de Setembro de 2022 às 17h40

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NASA
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Vênus é conhecido como o "planeta infernal", devido à sua pressão atmosférica esmagadora, temperaturas altíssimas e nuvens tóxicas de enxofre e ácido sulfúrico. Por isso, muitos não pensam neste mundo quando se fala em missões tripuladas a outros planetas. Mas esse não é o caso do Dr. Noam Izenberg, da Universidade Johns Hopkins, já que ele vem propondo que astronautas façam um sobrevoo por Vênus antes de irem à superfície de Marte.

Assim, Izenberg entende que Vênus poderia ser o primeiro planeta a receber uma tripulação humana, em vez de chegarmos primeiro a Marte. Sua sugestão é que a NASA faça um breve desvio no programa Moon to Mars, que usará a Lua como "trampolim" para chegar ao Planeta Vermelho — em vez de irmos direto da Lua a Marte, a ideia seria a missão tripulada dar umas voltinhas acima de Vênus, para só depois disso partir rumo à superfície marciana.

Isso porque seria impossível sobreviver a um pouso na superfície de Vênus, então o mais próximo que astronautas poderiam observá-lo seria "lá do alto". Ainda assim, seria a primeira vez que humanos chegariam perto de outro planeta, e então Vênus poderia ser considerado o primeiro planeta já visitado por astronautas, no lugar de Marte.

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Entre os argumentos a favor desta ideia, está o fato de que Vênus fica mais perto da Terra do que Marte, e uma missão de sobrevoo para lá poderia acontecer em apenas um ano. Já a viagem de ida e volta a Marte poderia levar cerca de três anos.

Por que visitar Vênus antes de Marte?

Izenberg argumenta que o programa Moon to Mars poderia usar o sobrevoo por Vênus para dar impulso à viagem rumo a Marte, usando a assistência gravitacional do planeta vizinho. Assim, o tempo total de viagem ao Planeta Vermelho poderia ser reduzido mesmo fazendo uma "paradinha" no meio do caminho, já que o impulso gravitacional fornecido pela passagem por Vênus aceleraria o restante da viagem. Com isso, seria possível economizar combustível, além de tudo.

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Além disso, Izenberg também enxerga a viagem a Vênus como uma oportunidade de "aprender como as pessoas trabalham juntas no espaço profundo". Sendo esta viagem ao vizinho próximo mais curta, a NASA poderia já identificar potenciais problemas de convivência, por exemplo, e tomar providências para resolvê-los antes que a tripulação chegasse a Marte.

E mais: ao lado da engenheira Mallory Lefland e de Alexander Macdonald, economista-chefe da NASA, Izenberg publicou de um relatório chamado Meeting With The Godess ("Encontro com a Deusa", na tradução literal), que defende uma missão hipotética em que astronautas sobrevoando Vênus poderiam cuidar da liberação de rovers, drones e balões, que poderiam estudar a geologia do "planeta infernal" e até mesmo procurar sinais de vida antiga por lá.

Contudo, para que uma missão desta saísse do papel, seria preciso primeiro descobrir como fazer qualquer artefato "sobreviver" às condições extremas da superfície de Vênus. Vale lembrar que, em 1970, a então União Soviética conseguiu o feito de pousar a sonda Venera 7 por lá, mas ela só "segurou a barra" por 23 minutos até pifar para sempre.

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E a ideia de humanos sobrevoarem Vênus não agrada a todos. Há quem creia que este seria um risco grande demais a qualquer tripulação. "É um ambiente infernal e os desafios térmicos para uma missão humana seriam consideráveis", contra-argumenta Andrew Coates, cientista espacial do Mullard Space Science Laboratory, na University College London.

Fonte: The Guardian