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Guitarrista do Queen ajuda a desvendar origem dos asteroides Ryugu e Bennu

Por| 08 de Junho de 2020 às 16h30

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ESA – Science Office
ESA – Science Office

Cientistas estão tentando entender por que os asteroides Ryugu e Bennu possuem formas, composição e densidades semelhantes, mas distinguem em quantidade de água. E esse estudo ganhou uma contribuição célebre: o guitarrista do Queen, Brian May, que também é astrofísico e colaborador da NASA, tendo concluído seu doutorado no Imperial College.

Um dos objetivos dos estudos é descobrir se os asteroides tiveram a mesma origem. Bennu e Ryugu estão atualmente sendo visitados por sondas espaciais - a OSIRIS-REx (da NASA) e a Hayabusa2 (da japonesa JAXA), respectivamente. Enquanto essas naves estão recolhendo amostras da superfície dessas rochas, os pesquisadores buscam respostas sobre a formação de cada uma delas.

De acordo com análises de dados recolhidos pelas missões em andamento, tanto o Bennu quando o Ryugu parecem ser formador por um aglomerado de rochas. Eles também têm o mesmo formado curioso de “pião”. No entanto, as quantidades diferentes de água diferem - o Ryugu parece pouco hidratado em comparação com Bennu. E essa parece ser uma pista fundamental para o estudo.

De acordo com Brian May, co-autor do novo estudo publicado na Nature Communications, "as formas dos asteroides e seus níveis de hidratação podem servir como verdadeiros rastreadores de sua origem e história". Já o principal autor do estudo, Patrick Michel, cientista chefe da missão Hera da ESA, a “forma de rotação de Bennu e Ryugu - incluindo uma protuberância equatorial pronunciada - é compartilhada por muitos outros asteroides, incluindo o asteroide Didymos”.

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Isso é importante porque o Didymos será visitado em breve por duas sondas, mas com objetivos diferentes - a missão DART, da NASA, enviará uma nave para explodir o Didymos para estudar técnicas de desviar asteroides que representem potenciais ameaças à Terra, e a missão HERA, da ESA, analisará a cratera de impacto gerada. Por isso, uma melhor compreensão do Ryugu e do Bennu (que está na lista dos objetos potencialmente perigosos) ajudará a Hera, missão que explorará o Didymos após a missão DART.

Uma das hipóteses para o formato desses asteroides é que eles podem possuir uma velocidade rotação alta o suficiente para resultar em uma força centrífuga capaz de levar o material dos polos para o equador das rochas. No caso do Didymos, que é um sistema binário, isso pode explicar de onde veio a rocha menor - a Didymos A, uma rocha menor formada por um material que se libertou do equador do asteroide principal, que gira rapidamente.

Mas no caso de Bennu e Ryugu, existe um problema: as naves espaciais revelaram grandes crateras nos equadores, sugerindo que essas protuberâncias se formaram muito cedo na história dos asteroides. Isso leva a algumas perguntas. Por exemplo, será que as propriedades deles são as consequências de suas evoluções? Ou será que eles já tinham essas características desde suas formações?

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Para tentar encontrar respostas, os pesquisadores realizaram simulações de asteroides formados por fragmentos de rochas mais antigas que colidiram entre si - que é o modo que o Bennu e Ruygu, aparentemente, se formaram. As simulações computacionais levaram vários meses para serem realizadas, mas revelaram resultados.

Um deles é que esse processo simulado de formação de asteroides levou a uma ampla variedade de formas, mas houve uma tendência para o formato de pião. Isso acontece porque os detritos que vão se juntando para formar o asteroide pode ser capturado em um disco central, resultando em um acúmulo maior na faixa equatorial da rocha em formação. Assim, a protuberância nessa faixa se forma em uma escala de tempo rápida, em termos de tempo de evolução de um asteroide - menos de um milhão de anos. Isso significa que o Bennu e Ruygu podem, sim, ter se formado com essa protuberância equatorial desde o início.

Outra descoberta da equipe é que os níveis de hidratação nos asteroides podem variar entre os detritos gerados pela ruptura do corpo de seus pais. Brian May trabalhou com Claudia Manzoni, da London Stereoscopic Company, para produzir imagens em estereograma em 3D das consequências imediatas dos impactos desses objetos antigos, revelando fragmentos individuais que mostram uma ampla diversidade nos níveis de aquecimento e, portanto, na hidratação.

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De acordo com May, “durante uma colisão, é possível formar um agregado como o Bennu, que experimentou pouco aquecimento por impacto e outro com mais material aquecido, como o Ryugu”. Por isso, a quantidade de água em cada um deles é diferente, mesmo que eles sejam parte da mesma família de asteroides, formados pelos detritos do mesmo “pai”.

Agora, resta aguardar as amostras dos asteroides que serão trazidas pela Hayabusa2 e pela OSIRIS-ReX. Só então elas poderão ser analisadas e as pesquisas poderão ser confirmadas ou refutadas.

Fonte: ESA