Ex-astronauta da NASA alerta: a ISS pode ter mais rachaduras do que sabemos
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 23 de Setembro de 2021 às 12h30
Em agosto, os cosmonautas a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) relataram a descoberta de rachaduras no módulo Zarya, do segmento russo do laboratório orbital — e, embora não representem perigo imediato à tripulação, Bill Shepherd, astronauta aposentado, as considera uma questão grave. O assunto foi discutido nesta terça-feira (21) durante uma audiência com o comitê da Câmara dos Estados Unidos, voltada para discussões sobre o futuro da NASA na órbita baixa da Terra e considerações sobre a ISS.
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Shepherd foi à órbita quatro vezes durante o programa dos ônibus espaciais e trabalhou na ISS quando os primeiros módulos ainda estavam sendo lançados. Assim, ele foi o comandante da primeira tripulação que esteve por lá no ano 2000, e afirmou aos oficiais na audiência que aprendeu mais sobre as rachaduras observadas durante reuniões com um comitê da NASA.
Após os relatos dos cosmonautas, Vladimir Solovyov, diretor de voo do segmento russo da estação, trouxe a descoberta ao público. A agência espacial dos Estados Unidos afirma que as rachaduras não colocaram os astronautas em risco e que, por enquanto, não foram identificados novos possíveis pontos de vazamento; contudo, Shepherd acredita que existam, sim, mais rachaduras que ainda não foram encontradas.
Segundo ele, os engenheiros russos e da NASA analisaram o ocorrido, e ainda não conseguiram entender bem o porquê de essas rachaduras aparecerem somente agora. “Elas são bem pequenas, são como arranhões na superfície de um prato de alumínio e provavelmente existem em torno de uma dúzia delas”, explicou, ressaltando que, no momento, elas não têm tamanho suficiente para representarem um problema sério. Por outro lado, Solovyov já afirmou à agência de notícias RIA, da Rússia, que essas rachaduras tendem a se espalhar com o tempo.
O astronauta aposentado não confirmou se a NASA e a Rússia pretendem seguir em investigações para irem além do que já concluíram nessas análises — as primeiras rachaduras foram identificadas em 2019 e, desde então, ambas as agências espaciais levaram algum tempo para investigá-las e buscar soluções, mesmo que temporárias. Além disso, vale destacar que a ISS já passa dos 20 anos de operação na órbita da Terra, e estes problemas sinalizam o desgaste dos equipamentos do laboratório orbital.
O segmento russo da estação, por exemplo, conta com alguns dos componentes mais antigos do laboratório, e as rachaduras se juntam a outros ocorridos, como uma falha no sistema de fornecimento de oxigênio, vazamento de ar vindo do módulo Zvezda, entre outros. Hoje, a NASA tem fundos para manter a operação da ISS até 2024 e pode tentar estender esse período para 2028. Mas Shepherd acredita que há algumas questões que precisam de atenção antes: “chegar ao fundo disso é um assunto bem sério; não acho que a estação esteja em perigo imediato, mas antes de liberá-la para mais tantos anos de operação, precisamos entender isso melhor”, disse ele.
Fonte: Business Insider