Publicidade

Esférulas encontradas no Oceano Pacífico parecem ser de objeto interestelar

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

Compartilhe:
Abraham Loeb et al.
Abraham Loeb et al.

As esférulas encontradas no fundo do Oceano Pacífico pelo Projeto Galileo são, de fato, remanescentes de um objeto interestelar. De acordo com os primeiros resultados das análises, a proporção dos elementos encontrados nas minúsculas esferas não poderia ser encontrada em nenhum outro lugar do Sistema Solar.

Esférulas do objeto interestelar

Em abril de 2022, uma carta formal do Comando Espacial dos EUA à NASA afirmou que, em 2014, o meteorito IM1 atravessou a atmosfera terrestre em altíssima velocidade e explodiu antes de cair no Oceano Pacífico. A declaração veio acompanhada de uma estimativa de 99,999% de confiança, com base em medições de velocidade feitas por satélites.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Os dados apontam que a velocidade do objeto era de 60 km/s em relação à Via Láctea, mais rápido que 95% de todas as estrelas na vizinhança do Sol. O fato de ter sobrevivido ao atrito com a atmosfera terrestre em velocidade tão alta sugere que o meteorito tinha resistência acima do normal.

Assim, entre os dias 14 e 28 junho deste ano, uma expedição liderada pelo astrofísico Abraham “Avi” Loeb (chefe do Projeto Galileo) foi em busca do meteorito, na esperança de encontrar evidências concretas de sua origem interestelar. Eles resgataram mais de 700 esférulas intrigantes na área onde o objeto teria caído e enviaram algumas amostras aos laboratórios de quatro grandes instituições.

Análises das esférulas

Essas análises iniciais incluíram 57 esférulas, sendo cinco delas originadas por gotículas derretidas da superfície do IM1 durante a explosão na atmosfera. Elas foram encontradas em uma área de densidade (mostrada no mapa de calor abaixo), onde devem existir as maiores quantidades de esférulas formadas pelo meteorito.

As análises foram realizadas por instrumentos sofisticados dos laboratórios da Universidade de Harvard, UC Berkeley, Bruker Corporation e Universidade de Tecnologia de Papua Nova Guiné. Em especial, as imagens da microssonda eletrônica do laboratório de Harvard revelaram um padrão de composição nunca visto até então.

Uma das esférulas maiores, de 1,3 mm de diâmetro e formato assimétrico, é formada por três gotículas do meteoroide após sua explosão na atmosfera. Em outras palavras, elas se fundiram e resfriaram antes de assumirem um formato esférico, solidificando-se em formato semelhante ao de uma batata.

Continua após a publicidade

O time de Harvard escolheu essa “batata” (batizada de S21) para suas primeiras análises, e encontraram uma quantidade anormal de berílio (Be), lantânio (La) e urânio (U), inconsistente com a composição padrão dos meteoritos do Sistema Solar. Esse padrão de elementos foi nomeado como “BeLaU”.

Essa abundância BeLaU na esférula S21, e nas quatro outras esférulas originadas em gotículas, é desproporcional em relação à quantidade dos isótopos de ferro. Os mini-objetos também indicam que o IM1 perdeu quase todos os seus elementos voláteis — outro indício da origem espacial do objeto.

Já o laboratório da UC Berkeley usou um microscópio eletrônico de varredura para analisar as esférulas, e encontrou micro esferas incorporadas em uma estrutura maior, como uma “boneca russa”. Esse é outro indício do resfriamento rápido após a explosão na atmosfera.

Continua após a publicidade

Como o meteorito se formou?

Segundo as publicações de Avi Loeb, a abundância de elementos pesados BeLaU ​​poderia ter se originado em estrelas de nêutrons — mais especificamente, nas fusões nucleares que ocorrem durante as explosões de supernovas (que formam as estrelas de nêutrons) ou em fusões de estrelas de nêutrons.

Também existe a possibilidade de que a origem do padrão BeLaU seja as estrelas AGB, isto é, as gigantes vermelhas. Essa fase de evolução estelar ocorre com todas as estrelas entre 0,6 a 10 massas solares no fim de suas vidas.

Por fim, Loeb levanta a possibilidade de que esse padrão possa ter origem em alguma tecnologia extraterrestre. Ele vai trabalhar em cada uma dessas possibilidades em futuros artigos científicos.

Continua após a publicidade

Fonte: Projeto Galileo