ESA testa protótipo de câmera "caçadora de exoplanetas" em simulador
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

Um protótipo de câmera da missão Plato, da Agência Espacial Europeia (ESA), está passando por testes em uma espécie de simulador do espaço, que permite avaliar como o equipamento vai resistir às condições espaciais. Realizado por cientistas do SRON Netherlands Institute of Space Research, o procedimento mostrou bons resultados, e todos os recursos do componente funcionaram como o esperado.
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Ao longo de seis semanas, o protótipo Engineering Model passou por um longo programa de testes, voltados para demonstrar que tem o desempenho necessário e garantir que não seria afetado por mudanças de temperatura. “No fim, todos os recursos do Engineering Model funcionaram como o esperado”, disse Lorenza Ferrari, gerente do projeto. “Esta é uma boa notícia para a missão Plato, em geral, e também mostra que nosso simulador espacial funciona extremamente bem”.
O simulador utilizado pelos pesquisadores recria o ambiente do espaço, com pressões e temperaturas extremamente baixas, gerando também luz artificial que imita aquela emitida pelas estrelas. Depois, um mecanismo que funciona mesmo nestas condições move a câmera, para a equipe testar o campo de visão dela completo e verificar, na milionésima parte de um círculo, qual é a direção que a câmera está “olhando”.
Ao longo dos próximos meses, outros simuladores em Paris e Madri vão reproduzir os resultados dos testes conduzidos pela equipe do SRON com a mesma câmera, para fornecer a calibração cruzada entre os três dispositivos. Como a missão tem lançamento estimado para 2026, os testes das mais de 20 câmeras dela serão divididos entre instituições da Holanda, Paris e Madri.
Já a estrutura óptica que irá manter as câmeras no local desejado está passando por testes na câmara térmica a vácuo da ESA, a maior da Europa, para pesquisadores verificarem a resistência do componente às condições espaciais. Os testes incluem ciclos térmicos, que avaliam como a estrutura responde às mudanças de temperatura entre a luz e a escuridão, e o equilíbrio térmico, que mede a temperatura de operação sob tais condições.
Por dentro da missão Plato
A missão Plato (sigla para “PLAnetary Transits and Oscillations”) terá o objetivo de encontrar e estudar sistemas de exoplanetas, com ênfase nos mundos rochosos ao redor de estrelas parecidas com o Sol. A missão irá estudar também a zona habitável deles, ou seja, a distância em relação à estrela que permite a existência de água em estado líquido em sua superfície.
Além disso, a Plato determinará as massas, tamanhos e idades destes mundos com precisão sem precedentes, investigando também as propriedades das estrelas que orbitam. Os dados vão ajudar os cientistas a entender melhor a arquitetura dos sistemas de exoplanetas, descobrindo se podem ter ambientes habitáveis para a vida como conhecemos.
Quando for lançada, a Plato irá operar do Ponto de Lagrange 2; trata-se de uma região de estabilidade gravitacional a 1,5 milhão de quilômetros da Terra que, hoje, é o lar do telescópio espacial James Webb.
Fonte: SRON