ESA suspende cooperação com a Rússia em missões lunares
Por Wyllian Torres • Editado por Rafael Rigues |
A Agência Espacial Europeia (ESA) suspendeu a cooperação com a agência espacial russa (Roscomos) no desenvolvimento de três missões lunares. A decisão, anunciada nesta quarta-feria (13), é mais uma resposta da agência à invasão da Rússia à Ucrânia. A ESA dará continuidade aos seus trabalhos com outras agências espaciais, como a NASA.
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Até então, ESA e Roscomos mantinham o compromisso de desenvolverem as missões com as sondas Luna-25 e Luna-27 e o orbitador Luna-26, mas diante das hostilidades a agência europeia decidiu reavaliar as atividades com o novo contexto geopolítico.
A decisão, vem quase um mês após a agência anunciar oficialmente a suspensão de outra missão desenvolvida com a Rússia, a ExoMars — que estava programada para ser lançada em setembro. Em comunicado, a ESA disse que a guerra impossibilita implementar a cooperação lunar planejada.
Reorganizando atividades
A sonda Luna-25 tinha lançamento previsto para o final desse ano, com o objetivo de transportar a câmera de navegação experimental PILOT-D. O aparelho é destinado a coletar imagens do pouso da sonda para a ESA aperfeiçoar o sistema de pouso do seu módulo de cargas úteis EL3.
Josef Aschbacher, diretor da ESA, disse que a PILOT-D já estava instalada na Luna-25, mas que ele comunicou a decisão à Roscosmos, solicitando que o instrumento fosse guardado em segurança até ser devolvido. Vale destacar que a missão Luna-25 seria o primeiro pouso da Rússia na Lua em mais de 45 anos.
Já a sonda Luna-27, que seria lançada até o fim dessa década, levaria uma broca robótica chamada Prospect, desenvolvida para procurar água no subsolo lunar. Agora, a ESA enviará o equipamento à Lua através do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS) da NASA, destinado a levar cargas úteis comerciais.
Uma versão do espectrômetro de massa da broca robótica Prospect segue prevista para ser lançada a bordo do módulo de pouso Peregrine, desenvolvido pela Astrobotic Technology. A missão inaugurará o foguete Vulcan Centaur da United Launch Alliance (ULA).
Novos compromissos
No mesmo comunicado, a ESA apresentou o apoio a novas iniciativas que farão parte do pacote de atividades que a agência apresentará na reunião ministerial que acontecerá no fim do ano. É neste evento onde é definido, por exemplo, o orçamento para as missões.
A primeira iniciativa é o Moonlight, que instalará uma a constelação de satélites na órbita da Lua para apoiar a comunicação e navegação ao redor de nosso satélite natural. As empresas Surrey Satellite Technology Ltd. e Telespazio estão trabalhando no conceito do projeto, previsto para ser finalizado até o fim do ano.
A agência também apoia o programa Segurança Civil do Espaço, o qual estudará como o espaço próximo à Terra pode atender às necessidades de segurança civil. Segundo Aschabacher, a iniciativa atuará realizando observações terrestres e apoiando a telecomunicação do espaço. Além disso, a ESA anunciou o Scale-up, descrito como um apoio às iniciativas comerciais da agência, mas sem muitos detalhes.
O comunicado também atualizou o estado do importante satélite de monitoramento da Terra, o Sentinel-1B. Em dezembro do ano passado, uma falha no sistema do satélite levou à suspensão de suas atividades. Desde então, a equipe da ESA trabalha para descobrir o problema e repará-lo. Enquanto isso, a agência prepara um satélite substituto, o Sentinel-1C, que deve ser lançado no ano que vem.