Chandrayaan-3: foguete da Índia lança missão ao polo sul da Lua
Por Daniele Cavalcante • Editado por Patricia Gnipper |
A Índia lançou a missão Chandrayaan-3 na manhã desta sexta-feira (14), às 06:05 (horário de Brasília) em direção à Lua. Se bem sucedido, o país se tornará o quarto a realizar um pouso lunar e o primeiro a explorar a região sul, onde os cientistas encontraram evidências de abundância de água congelada.
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O foguete Launch Vehicle Mark-3 (LVM3) decolou do Centro Espacial Satish Dhawan, localizado na ilha costeira de Sriharikota. O veículo levou à órbita terrestre o módulo de pouso Vikram e o rover Pragyan.
Além disso, foram enviadas cargas úteis, como instrumentos para medições espectrais da Terra a partir da órbita lunar; medir a condutividade térmica e a temperatura; medir a atividade sísmica ao redor do local de pouso; estimar a densidade do plasma e suas variações e equipamentos para realizar experimentos científicos.
De acordo com com a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Indian Space Research Organisation, ou ISRO), os objetivos da missão de Chandrayaan-3 são:
- Demonstrar tecnologia de ponta para realizar um pouso seguro e suave na superfície lunar
- Demonstrar o rover e suas capacidades de explorar a Lua
- Conduzir experimentos científicos na Lua
A espaçonave realizará cinco voltas ao redor da Terra para pegar impulso gravitacional rumo ao satélite natural. Ali, realizará cinco órbitas na Lua até se aproximar a uma distância de 100 km, de onde o lander vai se separar para o pouso — uma área de 4 x 2,5 km, próximo ao local planejado para a missão russa Luna 25, programada para lançamento em agosto.
Dificuldades de pousar na Lua
O pouso lunar não é uma tarefa fácil, principalmente na região sul, onde há menor incidência de luz solar e sombras que dificultam a leitura dos instrumentos do lander. As missões bem-sucedidas até o momento pousaram na faixa equatorial da Lua e as que tentaram tocar o solo ao sul fracassaram, por isso o sucesso da Chandrayaan-3 seria histórico.
Em setembro de 2019, a Índia tentou pousar a espaçonave Chandrayaan-2 no polo sul da Lua, mas o contato com a nave foi perdido 2 minutos após a descida do lander. Para a Chandrayaan-3, cientistas da ISRO desenvolveram um novo algoritmo que, em vez de calcular a velocidade da descida por meio de imagens estáticas (técnica usada pelo Chandrayaan-2) fará o cálculo em tempo real.
Outra medida adotada para a segurança da missão foram novas pernas reforçadas para o Vikram e a ampliação da área selecionada para a alunissagem (termo usado para o pouso realizado na Lua), programada para o dia 23 ou 24 de agosto.
Preparando-se para o programa Artemis
A Chandrayaan-3 tem como um dos principais objetivos demonstrar a tecnologia da Índia ao mundo, já que a Índia está inclusa na colaboração internacional do programa Artemis, da NASA, que estabelecerá a permanência humana na Lua.
Sendo a primeira missão a explorar a região sul lunar, a Índia estará na vanguarda das análises onde a água é abundante, um fator fundamental para as futuras bases e lançamentos de espaçonaves a partir da Lua em direção a Marte.
A Índia também está se preparando para lançar o NASA-ISRO Synthetic Aperture Radar (NISAR), um observatório na órbita baixa da Terra que usará dois radares para monitorar mudanças na superfície da Terra.
Confira abaixo a transmissão ao vivo do lançamento da Chandrayaan-3.
Fonte: ISRO; via: Space.com, New York Times