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Cápsula com amostra lunar será aberta após quase 50 anos intocada

Por| Editado por Patricia Gnipper | 17 de Dezembro de 2021 às 15h40

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ANGSA
ANGSA

Uma cápsula com amostras lunares, coletadas pela missão Apollo 17, será aberta após quase 50 anos intocada. A abertura permitirá a análise dos gases voláteis presentes no recipiente, além de ajudar a compreender mais da geologia da Lua. O trabalho será feito por um “abridor de latas” desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA) para este propósito.

O trabalho de extração faz parte do programa Análise de Amostras de Próxima Geração da Apollo (ANGSA, na sigla em inglês), responsável por coordenar a análise das amostras lunares coletadas pelo Programa Apollo, da NASA. A ESA oferecerá a ferramenta crucial para este projeto que poderá contribuir para a coleta de amostras de futuras missões.

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A líder de ciência da ESA, Francesca McDonald, disse que a abertura e análise dessas amostras, após tantos avanços técnicos desde a era Apollo, poderá oferecer novas descobertas científicas da Lua. “Isso também pode inspirar e informar uma nova geração de exploradores”, acrescentou.

No mês passado, McDonald e seu colega Timon Schild viajaram ao Johnson Space Center da NASA para entregar a ferramenta de perfuração e orientar a equipe da agência norte-americana a conduzi-la. Agora, o equipamento está pronto para realizar sua extração pelas próximas semanas.

Amostras lunares da era Apollo

A amostra em questão foi coletada em 1972 pelo astronauta Gene Cernan a partir de um depósito de deslizamento no Vale Taurus-Littrow, localizado a sudoeste do Mar da Serenidade. Um cilindro de 70 cm de comprimento foi martelado contra a superfície para realizar a coleta.

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Ainda sobre a superfície lunar, a parte inferior da amostra foi selada em um recipiente à prova de vácuo. Ao chegar na Terra, a cápsula foi introduzida em uma câmara de vácuo complementar, onde permaneceu intocada até agora.

Acredita-se que, além do regolito lunar, o recipiente contenha gases como hidrogênio, hélio e outros gases nobres ainda preservados. “Estamos ansiosos para saber como o recipiente a vácuo preservou a amostra e os gases frágeis”, ressaltou McDonald.

Trabalhos como este ajudarão a desenvolver novos recipientes e protocolos de retorno de amostras, especialmente para coletar a água congelada nas regiões polares da Lua e também materiais de Marte.

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“Abridor de latas”

O equipamento, apelidado “abridor de latas Apollo” pela equipe da ESA, consegue perfurar o recipiente de vácuo enquanto coleta os gases conforme eles escapam. Este trabalho delicado é possível graças a um coletor desenvolvido em parceria com a Washington University.

Uma vez coletados, os gases serão armazenados em botijões e, então, serão compartilhados com laboratórios de diversas partes do mudo para uma análise mais aprofundada. A ESA levou 16 meses para desenvolver o abridor em uma parceria internacional.

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Seis equipes de peritos e técnicos científicos de sete nações trabalharam ao lado do ANGSA no principal centro de tecnologia da ESA, o ESTEC (na sigla em inglês). “É um sistema único construído com o propósito de perfurar o chamado recipiente de amostra 73001 Apollo”, apontou Timon Schild, que liderou a equipe da agência europeia.

Com quase 50 anos, certas características do recipiente eram desconhecidas, o que tornou um desafio desenvolver o perfurador. Por isto uma série de regras rigorosas para a escolha, limpeza e procedimentos foram adotadas. “Mas também um projeto extremamente inspirador e gratificante de se trabalhar”, disse Schild.

Todo este trabalho e novas abordagens de manipulação e contenção de amostras contribuirão (e muito) com as futuras missões a Marte, inclusive. NASA e ESA trabalham para trazer amostras do Planeta Vermelho através da missão Mars Sample Return.

Fonte: ESA