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O que é o Authority, o novo grupo de super-heróis do DCU?

Por| Editado por Jones Oliveira | 04 de Fevereiro de 2023 às 14h00

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DC Comics
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James Gunn pegou todo mundo de surpresa quando anunciou, em meio aos projetos do novo Universo Cinematográfico da DC (DCU, na sigla em inglês), um filme do Authority. Não apenas por uma equipe desconhecida por boa parte do público, mas também por estarmos falando de personagens que nem mesmo os leitores de quadrinhos imaginavam ver nesse momento de retomada.

Depois de anos ouvindo falar que os longas da DC eram sérios e sombrios demais, é estranho pensar que um dos projetos desse novo momento da editora vai repetir justamente essa lógica. Isso porque o grupo nada mais é do que uma Liga da Justiça mais extrema e brutal: um bando de heróis de moral questionável que não se importa em destruir cidades inteiras para derrotar um vilão.

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Falando assim, parece apenas mais um filme do Zack Snyder. No entanto, olhando para o panorama completo do DCU, o anúncio de Authority pode dizer muito sobre a grande narrativa que Gunn e Peter Safran estão construindo para seus heróis ao longo dos próximos anos. E, por mais contraditório que isso pareça, faz todo o sentido dentro da ideia sobre o símbolo do que é ser um herói.

Só que, para entendermos como isso vai acontecer, é preciso saber quem diabos faz parte do Authority e como eles vão levar o DCU nessa direção.

A história antes da história

Para entender a criação desse grupo de heróis questionáveis, porém, é preciso voltar um pouco no tempo e olhar para o mercado editorial do final dos anos 1990.

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O grupo surge nas páginas de Authority #1, publicada em 1999 com roteiros de Warren Ellis e arte de Bryan Hitch — a mesma dupla que, anos depois, criou os Supremos e a base do que viria a ser a Marvel nos cinemas. E embora a gente esteja falando de personagens que serão adicionados ao universo da DC, nada disso fazia parte da editora naquela época.

O início dos anos 1990 é bastante marcante para o mercado de quadrinhos por algumas razões. De um lado, temos as histórias partindo para um lado mais violento e adotando um tom mais sombrio, com a ideia do heroísmo sendo deixado de lado para dar lugar a tramas e personagens mais cínicos e brutais. Do outro, um mercado editorial que queria ser mais independente de Marvel e DC.

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O resultado disso foi a criação da Image Comics, uma editora formada por quadrinistas que estavam descontentes com o mercado e que uniram diferentes selos autorais para começarem a publicar suas próprias revistas. É nesse contexto que Jim Lee apresenta o universo da WildStorm e seu principal grupo, a StormWatch.

A equipe era um belo exemplo do que os anos 1990 foram para os quadrinhos. Ao invés de serem o símbolo de justiça e esperança, eles eram heróis que cumpriam missões clandestinas para a Organização das Nações Unidas (ONU). Assim, tínhamos histórias bem mais sombrias e violentas e com essa ideia de que não existem pessoas boas, apenas interesses escusos sendo disputados.

Em determinado ponto da cronologia da WildStorm, a StormWatch é encerrada pela ONU, que não vê mais necessidade em manter um time assim. Contudo, alguns dos seus membros acreditam que o mundo não pode ficar sem um super-grupo patrulhando e protegendo a Terra e, assim, decidem criar uma nova equipe: eis que surge o Authority.

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E é aí que essa veia noventista aparece com mais força. Afinal, eles surgem como essa nova polícia do mundo que patrulha o planeta sem serem comandados por ninguém. Na verdade, eles são a nova autoridade a ser respeitada — e isso implica em eles se considerarem acima de todas as leis.

Entrando no Universo DC

O ano de 1999 marca também o fim da parceria entre Jim Lee e os demais autores da Image Comics. Assim, ele vende os direitos de todo o selo da WildStorm para a DC, que passa a publicar essas histórias, mas ainda de forma separada da sua cronologia regular.

Assim, Authority passou a ser publicado pela DC e a ser propriedade da editora, mas sem coexistir com personagens como Batman, Superman, Mulher-Maravilha e todos os demais ícones que conhecemos. Isso só foi acontecer em 2011 após a reboot feito com a saga Novos 52, que mexeu em seu multiverso e trouxe esses personagens para a continuidade que a gente conhece.

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A Anti-Liga da Justiça

Dito isso, podemos definir que o Authority nada mais é do que uma espécie de Liga da Justiça. E não apenas porque parte dos seus personagens são inspirados nos medalhões da DC, mas porque a essência do grupo é quase como a antítese dos heróis mais famosos do mundo.

Enquanto a Liga é essa personificação do bem, do altruísmo e do cuidado que marcam a justiça e a verdade, o Authority parte para um lado bem mais cinzento. Embora não sejam tão sacanas e até mesmo canalhas como o pessoal de The Boys, eles não têm os freios morais que o Superman ou mesmo o Batman têm.

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Isso significa que o grupo não vê problema em quebrar o pescoço de um vilão, destruir cidades inteiras em uma luta ou metralhar e explodir carros durante uma perseguição — o que os aproxima bastante do que era o Snyderverso, para ser sincero. Sabe aquele velho papo de que o fim justifica os meios? É basicamente o resumo do que esses personagens costumam fazer.

A primeira edição de Authority, por exemplo, começa com eles lutando no meio de Moscou e obliterando uma mãe com um bebê de colo no meio do conflito. No fim, eles não se importam com o dano colateral se a missão foi concluída.

Esse tipo de pensamento é bem fruto do que era o mercado de quadrinhos dos anos 1990, em que os artistas estavam mais interessados em criar grandes sequências de ação do que coisas que fizessem sentido para a trama.

O ponto é que, com o tempo, os roteiristas passaram a desenvolver o conceito de Authority para fazer com que seus personagens fossem essa caricatura da Liga da Justiça e dos heróis clássicos, dando tanto uma pegada mais realista para a ideia dos seres poderosos como também para destacar o que torna aqueles ícones tão únicos.

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Quem faz parte do Authority

Como toda equipe em quadrinhos, o Authority já teve diversas formações ao longo dessas mais de duas décadas de história. Contudo, James Gunn já deu a entender que deve se inspirar nas histórias iniciais do grupo, o que significa que devemos ter os personagens mais icônicos do time chegando às telas.

Os principais nomes e que devem ocupar o protagonismo do longa são a dupla Apolo e Meia-Noite. Eles são heróis abertamente gays inspirados em Superman e Batman, respectivamente e também os membros mais populares do grupo.

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O primeiro é basicamente uma bateria solar ambulante com superforça, invulnerabilidade e todo o kit de habilidades que um certo kryptonano também tem. Já o Meia-Noite é um Batman ainda mais violento e com habilidades aprimoradas, o que faz dele uma terrível máquina de espancar criminosos — e de matar, se necessário.

Além disso, o Authority ainda conta com Jenny Sparks, uma mulher nascida em 1900 capaz de manipular eletricidade; Engenheira, uma mulher com nanomáquinas em seu corpo de metal líquido capaz de interagir com qualquer interface; Doutor, um feiticeiro herdeiro de uma linhagem muito poderosa; Swift, uma mulher com asas e garras; e Jack Hawksmoor, um homem que foi abduzido e ganhou poderes especiais.

O curioso é notar que, embora não tenha surgido como essa paródia da Liga da Justiça, o grupo passou a carregar mais e mais essa característica, principalmente quando foi integrado ao universo da DC. Assim, com o tempo, essas características mais radicais e até exageradas foram evidenciadas tanto para diferenciá-los dos heróis como também para mostrar por que o mundo ainda precisa de um Superman.

O Authority no DCU

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Durante a apresentação dos projetos do DCU, James Gunn confirmou que a ideia de levar Authority para o cinema é explorar esse lado mais desbocado e menos heróico dos personagens. Não que isso seja novidade, já que o Snyderverso seguiu exatamente por esse caminho, mas a existência desses personagens dentro do planejamento proposto pode adicionar muito às demais histórias.

Levando em conta que o grupo é essa antítese da Liga da Justiça, a sua existência no DCU pode servir justamente para mostrar como o mundo está vivendo um momento de heróis cínicos e que não inspiram a humanidade. Pelo contrário: sua falta de cuidado e respeito pelas vidas faz até com que eles sejam temidos.

É o tipo de coisa que contrasta muito com aquilo que Gunn já sinalizou para Superman: Legado. Segundo o chefe do DC Studios, a ideia é mostrar o quanto o Homem de Aço representa a verdade e a justiça em um mundo em que esses valores parecem fora de moda. E não há forma melhor de você mostrar a força da luz do que apresentar o tamanho da escuridão.

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Assim, é possível especular que Authority vai ser introduzido no DCU para fazer essa contraposição. Seja sob o comando ou não de Amanda Waller (Viola Davis), o grupo vai ser essa coisa violenta e cinzenta dos quadrinhos para mostrar o quanto esse mundo precisa de esperança — algo que vamos ver aparecer com o Superman e, possivelmente, os demais personagens da Liga.

Gunn chegou a sugerir no passado que gostaria de adaptar a HQ Reino do Amanhã, que traz uma história bem nessa pegada: em um futuro não tão distante, heróis violentos e sem moral reinam no mundo e isso faz surgir a necessidade que a Liga da Justiça retorne para trazer esperança para as pessoas. E é o tipo de coisa que faz muito sentido tanto para o cronograma do DCU, para o histórico da DC nos cinemas e para o próprio momento em que vivemos.