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Crítica | Tribes of Europa empolga com mundo destruído pela tecnologia

Por| 17 de Fevereiro de 2021 às 20h10

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Existe algo mais aterrorizante do que um futuro pós-apocalíptico? Não é de hoje que a Netflix vem investindo em produções com essa temática, como é possível ver na série brasileira 3% e na sueca The Rain, por exemplo. O tema é abordado novamente na produção Tribes of Europa, original da Alemanha e que conta com o envolvimento dos mesmos produtores do sucesso Dark, que chegou ao fim em 2020 após três temporadas cheias de conexões que deixaram todo mundo confuso.

Em Tribes of Europa, o fim da humanidade que conhecemos hoje aconteceu em um ano não muito distante do atual: 31 de dezembro de 2029. De acordo com os diálogos que são apresentados ao longo da trama, a tecnologia foi a responsável por acabar com o mundo antigo, fazendo que com que os continentes fossem separados com as pessoas criando suas próprias leis e tentando se adaptar a uma nova realidade com tecnologia escassa e com um estilo de vida que se aproxima de antepassados bem distantes, lutando pela sobrevivência.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da série Tribes of Europa!

No continente europeu, chamado de Europa com sotaque inglês em vez de Europe, várias tribos foram criadas. O foco da série é na tribo dos Orígenes, onde se concentra o núcleo "bonzinho", e nos Corvos, que dominaram a capital alemã de Berlim e se tornaram extremamente perigosos e ameaçadores, ou seja, os vilões. Na Europa, todos almejam pela tecnologia dos Atlantianos, ou seja, os norte-americanos que vivem à margem do Oceano Atlântico, que detêm a maior tecnologia já vista no mundo. As tribos da Europa, inclusive, acusam os Atlantianos de serem os responsáveis pelo colapso.

Como dizem os próprios responsáveis pela série (Philip Koch, Jana Burbach e Benjamin Seiler), Tribes of Europa não passa uma mensagem desesperançosa em relação ao que o futuro nos reserva. O trio comenta que a trama optou por não transformar o mundo em algo tóxico, literalmente falando, em que há destruição por toda a parte, seja com desastres climáticos ou pragas. Em vez disso, a escolha foi por trazer um novo mundo empolgante e que, apesar da violência que surge com o desconhecido, traz esperanças de mais um recomeço.

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Isso não significa, no entanto, que a trama não mostra a que ponto chega o ser humano quando se trata de sobrevivência. Nos primeiros episódios, a série não economiza na violência gratuita, com gargantas cortadas e cabeças decepadas, mas as cenas de horror são intercaladas com muita aventura, ação e o que poderia até ser fruto de fantasia se não fosse simplesmente os resultados de uma tecnologia de ponta.

Na série, todas as tribos da Europa admiram a tecnologia dos Atlantianos, o que só aumenta quando a aeronave de um deles cai no continente, próximo de onde habitam os Orígenes, deixando para trás o tão cobiçado Cubo, um objeto que concentra todas as tecnologias que restaram no mundo, com um poder que representa a esperança de se tornarem tão poderosos quanto aqueles que vivem no Atlântico. A fim de comparação, enquanto os moradores da Europa possuem recursos escassos, voltando a usar espadas e arco e flecha como arma, e também andar a cavalo, os Atlantianos parecem viver tal qual um filme de ficção científica de um futuro moderno.

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Tribes of Europa, que se passa em 2074, acompanha o destino de três jovens irmãos da tribo dos Orígenes, Kiano (Emilio Sakraya), Liv (Henriette Confurius) e Elja (David Ali Rashed), que sabem muito pouco sobre o mundo que foi deixado para trás. O trio acaba vivendo três caminhos diferentes após os Corvos invadirem a aldeia atrás do Cubo e assassinarem praticamente todos os habitantes. Enquanto Kiano é sequestrado para se tornar um escravo para os Corvos, Liv se envolve com uma tribo militar para tentar descobrir o paradeiro dos irmãos, e Elja foge com o Cubo, se tornando alvo de muitas pessoas perigosas.

Elja, inclusive, acaba protagonizando os momentos mais empolgantes da trama, não só por estar fugindo com um objeto cobiçado e com uma tecnologia inimaginável, como por também protagonizar as cenas mais leves e divertidas da série. Durante o seu trajeto até o mar para que o Cubo mostre do que é capaz, ele conhece o solitário Moses, interpretado por Oliver Masucci, o Ulrich Nielsen de Dark. Inicialmente, o homem tenta roubar o Cubo do garoto, mas acaba se tornando seu aliado na missão de consertar o objeto e seguir com o trajeto até a costa.

Moses é, sem dúvidas, um dos personagens mais interessantes e com mais potencial para ter a sua história desenvolvida em uma possível segunda temporada. Sua personalidade mescla entre a ganância de ter, sozinho, uma vida melhor com o objeto em mãos, com a humanidade de ajudar o garoto que acabou de perder a família e os membros da tribo onde cresceu e vê no objeto uma esperança de sobrevivência. Em relação aos destinos dos três protagonistas, ainda não há indícios de que em alguns momentos eles devam se cruzar, mas isso poderá ser visto em próximas temporadas, caso a série atraia a atenção do público e siga em novos episódios.

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A série mistura o moderno com a volta para a antiguidade, a tecnologia digna de um filme de ficção científica com elementos atuais, entre veículos aéreos extremamente avançados e carros comuns de antes do fim do mundo, comportamentos primitivos junto à civilidade, entre outros fatores que tornam a série única. A produção, em seus seis primeiros episódios, é um grande potencial de sucesso da Netflix, que deve atrair o espectador inicialmente apenas com a informação da relação com Dark —mesmo que o lançamento não seja difícil de entender e muito menos tenha diferentes linhas do tempo — e deve mantê-los pelo trabalho bem executado.

Tribes of Europa acerta em trazer uma história envolvente de ficção científica com drama, ação, aventura, recomeço, heroísmo e busca pela sobrevivência. A série chega à Netflix em seis episódios.