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Crítica | Dark encerra ciclo como uma das melhores séries originais da Netflix

Por| 01 de Julho de 2020 às 08h48

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Divulgação: Netflix
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Os filmes Interstellar e A Origem e a série The OA têm algo em comum: eles nem se comparam à confusão mental provocada por Dark, trama original da Netflix que acaba de ganhar a sua terceira e última temporada.

O lançamento da primeira temporada trouxe uma grande confusão para o espectador, que não sabia explicar muito bem o que estava acontecendo. Na segunda, recebemos muitas respostas, mas mesmo assim todos os acontecimentos eram muito complicados e fora de ordem, trazendo à tona mais uma vez a dúvida sobre tudo o que ocorre.

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Com a chegada da temporada três, encerrou-se um ciclo e muitos questionamentos foram respondidos, assim como novas situações foram colocadas em jogo, trazendo ainda novos personagens. Desde o lançamento dos novos episódios, só se fala disso nas redes sociais.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers!

Dark é uma série alemã criada por Baran bo Odar e Jantje Friese e tem como cenário a pequena cidade fictícia de Winden, que se torna o epicentro de vários acontecimentos que, à primeira impressão, não têm explicação. Tudo começa com o desaparecimento de crianças e, ao longo dos episódios, vamos descobrindo que as histórias se repetem em um ciclo que envolve o passado, presente e futuro, e que algumas situações não podem ou não devem ser modificadas.

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A série traz de tudo um pouco da ficção científica: viagens no espaço-tempo, diferentes dimensões, buraco da minhoca, matéria escura, consequências de uma explosão de usina nuclear entre outras coisas que, facilmente, podem tornar a trama a melhor produção original da Netflix até então. Não há um episódio sequer que não provoque o engajamento do espectador, que tenta, a todo custo, criar uma linha do tempo para encaixar os acontecimentos, descobrir quem são aqueles personagens e o motivo de eles estarem ali, naquele período.

As viagens no tempo passam por 2019, 1986, 1888, 2020 e, quanto mais as soluções dos mistérios vão aparecendo, novas datas surgem. Vemos personagens jovens encontrando seus "eus" de outros tempos, podendo interagir com eles e descobrir o que o futuro reserva para cada um. Detalhes como a posição das cicatrizes de personagens, as roupas que eles estão usando, cortes de cabelo, além de muitas outras características (muitas mesmo), são essenciais para a compreensão do período, mas isso é algo que se aprende com o tempo, após assistir aos episódios com muita atenção.

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Quando descobrimos a existências de outros mundos, vemos alguns detalhes que podem ter sido adicionados na trama para dar uma descontraída na tensão, como um personagem que em uma terra não tem um olho e que na outra terra tem os dois olhos, mas não tem um dos braços. Ou ainda uma garotinha que em uma terra é surda, mas na outra não, e descobrimos isso quando, de repente, ela solta a voz para chamar pela mãe.

O protagonismo dos personagens Jonas e Martha é perfeitamente construído ao longo da trama, mostrando que eles são as peças-chave do que está acontecendo e são a única esperança para acabar com esse loop eterno e encerrar os ciclos. Suas versões mais velhas adquiriram experiência suficiente para influenciar e manipular os acontecimentos e as ações dos personagens.

Por fim, o certo não é dizer que "não entendemos Dark" porque sim, entendemos, e isso não é difícil. A complicação, no entanto, existe, mas porque estamos acostumados a vermos roteiros lineares com situações acontecendo de maneira cronológica na maior parte do tempo. Dark evita isso constantemente e entrega peça por peça, que são encaixadas facilmente no subconsciente, mesmo que não seja tão fácil assim explicar o que está sendo absorvido. Inevitavelmente, a narrativa toma forma e traduz em uma história complexa, genial, brilhante e todos os elogios positivos que você possa imaginar.

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Dark consegue trazer uma nova forma de contar uma história e explicar na prática teorias científicas que não são de conhecimento geral, mas que existem, mesmo que não visíveis, e que se prováveis resultariam em tudo o que acompanhamos em três temporadas. A série traz uma maneira diferente de enxergar a vida na Terra e de questionar o possível e o impossível.

O sentimento de dejà vu está sempre presente na trama, assim como na vida real, quando sentimos que já passamos por alguma situação, mas não sabemos explicar quando. Talvez, no mundo em que vivemos, as respostas não sejam tão complicadas quanto as do universo de Dark, tratando-se única e exclusivamente de jogos cerebrais, mas são assuntos extremamente interessantes e que trazem reflexões que não surgiriam por falta de oportunidade.

Dark está disponível na Netflix em três temporadas.