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Crítica O Pacto | Guy Ritchie transforma filme de ação em uma obra-prima

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Divulgação/Prime Video
Divulgação/Prime Video

Comprovando sua experiência atrás das câmeras, o diretor Guy Ritchie, conhecido por longas como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Magnatas do Crime entrega mais uma obra-prima ao público. Trata-se do filme de ação O Pacto, um thriller de guerra que tem todos os elementos necessários para fazer o espectador babar em frente à TV — aqui, leia-se muito tiro, muita perseguição e uma boa dose de porrada —, além de uma trama tão bem amarrada que faz com que as duas horas de tela passem rápido, sem cansar o público.

Ambientado no Oriente Médio, o longa tem como pano de fundo a Guerra do Afeganistão e nos embates dos Estados Unidos contra o Talibã, grupo fundamentalista que domina o país. Sem muita enrolação, somos apresentados a John, personagem vivido brilhantemente por Jake Gyllenhaal, um general estadunidense honesto que precisa escolher um intérprete para lhe acompanhar nas futuras missões.

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Sem conhecer muito os candidatos, ele seleciona Ahmed (Dar Salim), um homem local que fala bem quatro idiomas, incluindo o inglês. É a partir de então que os dois começam a trabalhar lado a lado, criando uma relação a princípio de respeito e hierarquia, mas que logo evolui para amizade e companheirismo.

Depois de muitos combates, quando quase todos os soldados estadunidenses já foram mortos, sobram só os dois. Mas, em uma emboscada, John é capturado e dado como morto. Sozinho, Ahmed percebe que seu amigo ainda está vivo e faz de tudo para salvá-lo, incluindo uma peregrinação a pé carregando-o nas costas. Exagero cênico que apesar de quase inverossímil, compõe bem a história.

Nesse ponto da trama fica (ainda mais) evidente o talento de Salim, ator que já tinha em seu currículo outros longas do gênero como Guerra e Caranguejo Negro, e cuja atuação rouba a cena. Sem muitas falas, até porque está sozinho, o ator entrega no olhar toda a dor, desesperança e cansaço que seu personagem está sentido.

Sua troca com Gyllenhaal também agrada e os dois conseguem sustentar o filme sozinhos, mesmo quando bons coadjuvantes aparecem, porque se transformam um na metade do outro. E, é assim que a primeira metade do longa acaba, entregando para o espectador tudo aquilo que ele esperava de um filme de guerra: muito combate em um cenário ríspido e árido demais, mas sem abrir mão de uma boa história.

Segundo tempo traz mais camadas emocionais

Na segunda parte, no entanto, o diretor deixa as trocas de tiro de lado para focar nas camadas emocionais dos personagens. John volta aos EUA e leva uma vida confortável ao lado do filho e da esposa enquanto é consumido pelas memórias da guerra. Já Ahmed é considerado um traidor da pátria pelo Talibã e vive de casa em casa, se escondendo com sua família.

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Sabendo disso, John decide voltar ao Afeganistão para conseguir os vistos que os Estados Unidos haviam prometido para o colega, em uma típica jornada do herói, que apesar de ser tão comum não cai na banalidade.

Vale dizer que, sem perder o fôlego, O Pacto conseguiu deixar a ação de lado para focar no drama com maestria. Ahmed e John estão em lados opostos, mas ambos compartilham da angústia de ser um ex-soldado de guerra. Aqui entram também duas atrizes coadjuvantes que são fundamentais para a carga dramática: Emily Beecham que vive a esposa de John e Fariba Sheikhan que interpreta a esposa de Ahmed.

Mesmo com pouquíssimo tempo de tela, as mulheres conseguiram entregar ao público o sentimento de angústia ao ver seus maridos em situações de perigo.

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EUA são o herói… mas, nem tanto

Já que estamos falando em elogios, há um ponto importante que merece ser destacado. Assim como (quase) todos os longas produzidos nos Estados Unidos, o final não poderia ser outro se não mostrar o país como o grande salvador da pátria. Acontece que O Pacto não se curva tão facilmente à hegemonia estadunidense.

Apesar de retratar os soldados do país como mocinhos e os integrantes do Talibã como vilões, o final o filme faz questão de deixar claro como o governo do gigante da América não deu suporte nenhum aos milhares de intérpretes que lutaram na guerra, deixando-os morrer à míngua. E, esse é um dos grandes acertos do filme, pois retrata um lado da guerra que foi propositalmente apagado.

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Por fim, o que pode-se dizer com tranquilidade é que O Pacto é um excelente filme de guerra, que vai agradar os entusiastas do gênero que há muito não veem filmes tão bem feitos, e também àqueles que nem são tão fãs de longas de ação, mas gostam de um bom drama e de um bom roteiro.

O grande pulo do gato foi o fato de Guy Ritchie não ter esquecido a história para trás para focar só nas cenas de combate e tampouco ter criado takes exagerados que beiram o ridículo, como fez em Jung Byung-gil em Carter, por exemplo.

Sendo assim, se você ficou interessado e quer dar uma chance ao longa, já pode dar o play no Prime Video.