Crítica Cobra Kai | Temporada 4 agrada por não ter medo de servir aos fãs
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira |
Desde que Cobra Kai foi resgatada das mãos do YouTube e chegou à Netflix, milhares de assinantes puderam mergulhar de novo no universo de Karatê Kid, enquanto outros passaram a conhecer mais sobre ele.
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A série se passa mais de 30 anos depois dos acontecimentos da saga de filmes dos anos 1980, trazendo de volta personagens icônicos que, agora, estão mais velhos e recrutam os mais jovens para a arte marcial. No dia 31 de dezembro de 2021, a trama ganha a sua quarta temporada, um ano depois da estreia da terceira, e as expectativas para mais ação e nostalgia estão bastante altas.
Nesta temporada, os dojos Cobra Kai, Miyagi-do e Eagle Fang se preparam para mais um torneio All Valley, mas dessa vez Johnny Lawrence (William Zabka) e Daniel LaRusso (Ralph Macchio) precisam deixar a rivalidade de lado para combater John Kreese (Martin Kove).
Atenção: esta crítica contém spoilers da quarta temporada de Cobra Kai!
Com a cara da Netflix
Agora em posse total da Netflix, muitos poderiam questionar se a trama perderia a sua personalidade para se tornar uma comédia típica do serviço de streaming. A diferença da quarta temporada para a primeira não é sutil, sendo possível perceber um aumento no orçamento e o toque da empresa na hora de contar a história, principalmente as paralelas.
Ainda que nítida, essa mudança não fez com que a temporada deixasse de ser a Cobra Kai de sempre. A rivalidade, os dramas, as cenas de luta empolgantes e muito bem coreografadas ainda estão ali, assim como os personagens seguem mantendo suas características que tornam a série tão incrível. Outra novidade é que, possivelmente, é a temporada que mais emocionada até então, indo a fundo nos sentimentos dos personagens.
Introdução de novos personagens
Cobra Kai é muito sobre o que as suas feridas fazem com a sua forma de pensar e agir, como vimos nos episódios passados a construção de Kreese como um grande vilão de Karatê Kid. Na nova temporada, conhecemos um novo personagem que não é simplesmente colocado em um dojo, mas sim apresentado com a sua vida antes de conhecer, de fato, o caratê.
A construção do personagem Kenny (Dallas Dupree Young) é bastante interessante, como se fosse a "jornada do vilão". Vemos um garoto animado e empolgado com as coisas que gosta, como música e videogame, e que tem o seu brilho apagado aos poucos com o bullying que sofre na escola. Então, recorrendo a Cobra Kai para aprender a se defender, acaba sendo corrompido pelas formas de treinamento de Kreese.
Essa transição é assistida por Robby (Tanner Buchanan), que ao final da série passa a entender o que aconteceu com o pai, Johnny, para ele ter se distanciado do que o fazia mal e nunca ter aprendido a lidar com os fracassos pessoais. Parte dessa mudança se deve à chegada de um antigo novo personagem: Terry Silver (Thomas Ian Griffth).
É prazeroso de assistir o arco do personagem de Karatê Kid em Cobra Kai, que começou como um homem que havia deixado o passado de lado, mas que foi engatilhado por Kreese. A série, então, acaba colocando Kreese em segundo plano quando é sabotado por Silver, que se torna o grande vilão para a temporada que ainda está por vir, mostrando que ainda tem muito para contar no futuro.
Daniel x Johnny
A temporada é concentrada em um possível fim da rivalidade entre os senseis Johnny e Daniel, o que começa com a união dos dojos. Mas ainda é muito cedo para deixar esses conflitos de lado, então as questões que provocam essas faíscas ainda estão lá.
Parte da diversão proporcionada pela série são as diferenças de personalidade entre ambos, assim como as formas de treinamento que receberam. Por fim, a série conseguiu encaixar muito bem os mundos de Cobra Kai e Miyagi-do com um completando o outro, sem existir um certo e um errado. Com o verdadeiro rival ficando cada vez mais forte, a próxima temporada pode resolver esse impasse de uma vez por todas, enquanto os protagonistas criam situações que garantem nossos sorrisos.
A mesma, mas diferente
A quarta temporada de Cobra Kai mostra uma conquista da Netflix em deixar a série com a "sua cara", mas sem desapontar os fãs. Ainda que não tenha nenhuma cena tão incrível quanto a da luta na escola, os novos episódios não são maçantes ao manter sua personalidade e, de certa forma, trazem coisas novas, mas sem grandes transformações.
Cobra Kai consegue converter a breguice dos anos 1980 para a atualidade, sem medo de se apegar em histórias melosas e clichês. Assim como Karatê Kid, a trama não deixa de valorizar a arte marcial, destacando a teoria por trás dela, técnicas e as vantagens que ela traz à vida das pessoas.
A nova temporada, então, consegue agradar quem não tem medo de se apegar na essência de Cobra Kai e não está disposto a se cansar disso, se entregando ao entretenimento. Os episódios prendem do começo ao fim e, como dizem os criadores, a saga está apenas começando.
Cobra Kai está disponível para todos os assinantes da Netflix.