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Crítica | A Era dos Dados comprova que estamos mais conectados do que nunca

Por| 06 de Agosto de 2020 às 17h30

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix
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Um bom documentário é aquele que consegue não só educar, mas instigar o espectador apresentando o tema de forma fácil e didática. Ele fica melhor ainda se traz a diversão como um elemento, deixando todo mundo de olhos vidrados na tela. É o que acontece com A Era dos Dados, nova série documental que chegou ao catálogo da Netflix.

A produção original da plataforma de streaming conta com a apresentação de Latif Nasser, diretor de pesquisa do programa Radiolab, que pertence à rádio pública New York Public Radio. Latiff também já apresentou e escreveu dois TED Talks para o Boston Globe, apresentou o podcast de uma minissérie chamada The Other Latif e, inclusive, é PhD em história da ciência de Harvard, provando que a escolha para a apresentação não foi aleatória.

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A Era dos Dados traz informações relacionadas à tecnologia e a ciência em seis episódios, cada um deles abordando um tema. Cada um desses temas nos leva a entender como as coisas funcionam cavando bem fundo no conteúdo, trazendo relações nas quais nunca imaginaríamos. O objetivo principal é mostrar como o mundo está conectado na atualidade, focando na questão de que nós, como indivíduos, estamos mais ligados uns aos outros do que imaginávamos.

O primeiro episódio da série documental se chama Monitoramento e levanta questões de privacidade que já foram muito discutidas nos últimos anos, trazendo algumas novidades em relação ao reconhecimento facial que, hoje em dia, vem sendo testado até mesmo em animais. Já no segundo episódio, chamado Cocô, as coisas começam a ficar ainda mais bizarras quando o tema é sobre, claro, fezes. O apresentador conversa com especialistas no assunto trazendo questões alarmantes sobre como tudo o que ingerimos está nas águas, contaminando peixes e outros animais, além de nós mesmos.

A curiosidade nata que vem de Latif é crucial para trazer o entretenimento da produção, principalmente por ele estar engajado nas descobertas que acontecem ali, que o deixam surpreso mesmo que ele não seja uma pessoa leiga no assunto. O apresentador, até mesmo, "coloca a mão na massa" quando coleta água de um rio que armazena esgoto para que testes sejam feitos. A cada episódio os assuntos ficam ainda mais intrigantes. O terceiro fala sobre poeira, provavelmente trazendo uma das informações mais curiosas de toda a temporada: existe poeira do deserto do Saara por toda a Amazônia.

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A relação com o aquecimento global e as mudanças climáticas é inevitável, mesmo que muitas pessoas ainda evitem aceitar este fato. O próprio episódio Poeira mostra o quanto esses minúsculos grãos afetam o nosso oxigênio e as florestas. Então, imagine do que a ação humana não é capaz, não é mesmo? O episódio seguinte, Dígitos, Nasser consegue explicar da forma mais didática possível uma teoria que, em outra oportunidade, ninguém que não entende de matemática conseguiria compreender.

O foco é na Lei de Benford, que consiste na ordem dos números mais usados no mundo todo, em toda a sociedade, para vários fins. É uma curiosidade que pode até parecer absurdo, mas que apresenta provas da sua prática mundo afora. O episódio seguinte, Nuvem, parte para a meteorologia e o nascimento da previsão do tempo no século 19 a partir de uma história um tanto quanto triste por parte do seu inventor. A partir disso, dá-se um gancho à computação na nuvem e todo o esforço que é necessário diariamente para que tudo esteja conectado.

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A série documental é finalizada com o episódio Armas Nucleares que, por coincidência ou não, pode ser onde tudo termina. Ao longo dos 39 minutos conhecemos as graves consequências que as armas nucleares trouxeram para a humanidade, o que já é praticamente óbvio. No entanto, uma grande reviravolta acontece, quando descobrimos que sem os efeitos dessa radiação não teríamos feito descobertas de extrema importância na área da saúde e tecnologia.

A Era dos Dados não apresenta somente fatos, mas sim fatos que estão longe de qualquer suposição que já pode ter sido feita por leigos ou até as pessoas mais experientes. A série documental busca, junto a Latif Nasser, entregar a figura de uma pessoa curiosa que se coloca no lugar do espectador, se mostrando tão surpresa quanto nós e, algumas vezes, até perdido em algumas conversas.

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A escolha de Nasser foi criar uma persona engraçada, que faz piadas e trocadilhos, mas isso pode até ser um ponto negativo para o documentário, visto que o apresentador está longe de ser um humorista e suas "graças" não sejam tão efetivas assim. Os personagens nem sempre são tão interessantes, mas são eles, em conexão com a apresentação, os que nos trazem respostas.

A primeira temporada de A Era dos Dados está disponível na Netflix em seis episódios.