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Temu | Conheça a rival da Amazon e Shopee que chega em breve ao Brasil

Por| Editado por Wallace Moté | 01 de Junho de 2024 às 08h00

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(Imagem: Renan da Silva Dores/Canaltech)
(Imagem: Renan da Silva Dores/Canaltech)

A gigante varejista chinesa Temu foi aprovada para compor o quadro de empresas participantes do Remessa Conforme, segundo publicação do Diário Oficial da União (DOU), documento do Governo Federal publicado para colocar em vigor leis e outras medidas do Estado, estando assim apta para começar a vender no Brasil.

O cenário do varejo de importações deve ficar ainda mais acirrado, considerando a estratégia de preços bastante agressivos praticados pela Temu, que deve chegar em breve ao país para rivalizar com nomes cada vez mais populares, como Amazon e Shopee.

Apesar de garantir os preços baixos, a prática de remover intermediários foi responsável por algumas dores de cabeça para a Temu. Há relatos de reclamações a respeito de atrasos no prazo de entrega dos produtos, ou mesmo de compras que não são entregues.

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Um exemplo é que na avaliação do Better Bussines Bureau, uma organização privada sem fins lucrativos que trabalha no ensino de práticas saudáveis de negócios, analisa a reputação de companhias e recebe reclamações de clientes — uma espécie de "Reclame Aqui" para a América do Norte —, a Temu possui nota "C+" (as notas vão até "A+").

Veja abaixo, mais detalhes sobre a chegada da Temu no mercado brasileiro. 

O que é a Temu?

A Temu é uma plataforma de vendas pertencente ao grupo PDD Holdings, gigante chinês que teria superado recentemente o rival Alibaba, dono do AliExpress, em valor de mercado ao ser avaliado em mais de US$ 210 bilhões (~R$ 1,05 trilhão) na bolsa de valores de Nasdaq, contra "apenas" os quase US$ 200 bilhões (~R$ 1,03 trilhão) da concorrente.

A conquista seria consequência não apenas das operações da Temu, mas também da Pinduoduo, plataforma "irmã" que opera de forma similar a soluções como a Groupon, praticando valores muito baixos através de compras coletivas.

Assim como outras lojistas chinesas, a Temu oferece uma infinidade de itens, de eletrônicos e ferramentas a roupas e outros produtos curiosos, operando ainda em um regime de marketplace — método em que a plataforma permite que outras lojas usem sua infraestrutura para vender.

Seus dois grandes diferenciais estão no preço agressivo com promoções bem extremas, e no processo chamado "Next-Gen Manufacturing" (ou Fabricação de Nova Geração, em tradução livre), em que os fornecedores ajustam sua produção de acordo com os dados fornecidos pela varejista, no caso, a Temu.

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A companhia também ganhou popularidade em países como os EUA ao trabalhar com campanhas de divulgação que levavam alguns dos participantes a receber produtos de graça, ao obter certa quantia de créditos por meio da divulgação de links na busca por mais consumidores.

Associados a um marketing intenso, que chegou a envolver propagandas no Super Bowl — badalada final da liga de futebol americano cujo tempo para anúncio é extremamente caro e concorrido —, esses fatores levaram o app da Temu a se tornar o mais baixado entre os gratuitos na lojas de smartphones Android e iOS no exterior.

Preocupações com os preços baixos

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Se por um lado os preços baixos foram um dos pontos responsáveis pela ascensão rápida da Temu, por outro, a prática gerou preocupação em torno dos métodos praticados pela loja para atingir esses valores.

Especialistas questionam o possível envolvimento de práticas de exploração do trabalho, levantando a possibilidade de haver a adoção de jornadas longas e pagamentos baixíssimos aos funcionários.

Conforme explicou ao CBS News a professora do Departamento de Moda da Columbia College Chicago, Melissa Gamble, "sempre que vemos companhias que estão vendendo aquele volume de produtos [da Temu] por um preço tão baixo, [trata-se de] algo preocupante".

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A especialista destaca ainda que o custo da produção desses itens não permitiria que a conta fechasse. "Eu direi que sabemos que aquelas vestimentas [vendidas na Temu] não podem ser produzidas naqueles preços e [ao mesmo tempo] pagar aos trabalhadores que as produzem uma renda mínima", conclui a docente.

Questionada a respeito desses pontos, a Temu afirmou que "essas acusações são inverdades", garantindo que está comprometica com a prática da ética do trabalho e destacando que seus fornecedores "são fábricas bem estabelecidas e sofisticadas", que "também fornecem para marcas e varejistas conhecidas dos EUA, como Amazon, Walmart e Target".

A gigante explica que os preços baixíssimos seriam resultado do seu modelo de negócios, que aposta na conexão direta das fabricantes com o consumidor, em vez de lidar com agentes intermediários como outras varejistas fazem, o que reduz custos de transporte, de armazenamento, entre outros.

Reclamações e polêmicas de segurança

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Apesar de garantir os preços baixos, a prática de remover intermediários parece também ser responsável por algumas dores de cabeça para a Temu. Há um número considerável de reclamações a respeito de atrasos no prazo de entrega dos produtos, ou mesmo de compras que não são entregues.

Na avaliação do Better Bussines Bureau, uma organização privada sem fins lucrativos que trabalha no ensino de práticas saudáveis de negócios, avalia a reputação de companhias e recebe reclamações de clientes (pense em uma espécie de "Reclame Aqui" para a América do Norte), a Temu possui nota "C+" (as notas vão até "A+").

Pelas avaliações de usuários, a varejista chinesa mantém 2,48 de 5 estrelas, estando entre as principais críticas os prazos de entrega. À revista Times, a loja admite praticar prazos mais longos, em virtude do uso de "armazéns no exterior". Como ponto positivo, a companhia parece responder à maioria das reclamações, oferecendo reembolso em ao menos alguns dos casos relatados.

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Há, porém, outro ponto bastante discutido: a privacidade de dados. É nesse ponto em que a "irmã" Pinduoduo entra em cena, por ter sido acusada por empresas de cibersegurança de "ser capaz de contornar a segurança mobile dos usuários para observar o que eles estão fazendo quando estão em outros aplicativos, ler suas mensagens e até modificar configurações do telefone".

É importante destacar que a Temu não chegou a ser acusada das mesmas práticas, mas o parentesco com a Pinduoduo acendeu alertas em alguns países, como os EUA — ainda que seja preciso admitir que os atuais conflitos geopolíticos entre o governo norte-americano e a China também possam ter forte influência nesses alertas.

A Temu no Brasil

Todas essas questões nos trazem ao Brasil, onde a Temu tem uma série de outros desafios para encarar. Além de uma concorrência forte, com outras varejistas como AliExpress, Shein e Shopee já tendo conquistado um público fiel, a lojista estreante terá de lidar com as mudanças constantes de legislação a respeito da taxação de produtos importados.

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Em sua decisão mais recente, o Congresso Nacional definiu que compras de até US$ 50 deverão ser taxadas em 20%. O novo imposto gerou respostas mistas da companhias que já estão operando por aqui, com o AliExpress firmando uma posição contrária à alíquota, enquanto a Shopee mostrou confiança ao defender a taxa e afirmar que não espera ver impactos grandes nas suas vendas.

Ainda não há prazo para a chegada da Temu ao Brasil — a empresa já possui site e app em português, mas os valores seguem registrados em dólares. Com isso dito, agora que está cadastrada no Remessa Conforme, é questão de tempo até vermos um anúncio oficial da marca.

Na ocasião da estreia, as recomendações que ficam são as mesmas de outras compras online, incluindo prestar atenção aos vendedores e sua reputação, e exercer extremo cuidado com o cadastramento de dados sensíveis (cartão de crédito, documentos, etc.). Caso a privacidade também seja uma preocupação, tente acessar a loja apenas pelo site, sem usar o app, e opte por usar contas secundárias, criadas apenas para a compra.

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Com informações de: CBS News, Times, CNN