Phil Spencer diz que espera que consoles sobrevivam por mais 10 anos
Por Felipe Ribeiro | 26 de Fevereiro de 2020 às 19h00
Às vésperas de lançar seu próximo console, o Xbox Series X, e seu serviço de streaming de jogos, o Project xCloud, a Microsoft ainda enfrenta certa desconfiança sobre suas estratégias dentro do setor de games para os próximos anos. Muito embora tudo pareça caminhar para que joguemos tudo por meio da nuvem, o chefe do Xbox, Phil Spencer, diz que ainda teremos muitos anos com um console em nossa sala de estar.
Em entrevista para o podcast AIAS Game Maker, Spencer diz que o streaming de jogos será bem parecido com o que já temos com as músicas e filmes, com cada vez mais dispositivos sendo capazes de rodar os games.
"Quando penso em vídeo e música, esses serviços de streaming liberam esse conteúdo para todos os dispositivos de mídia ao meu redor. “Agora tenho muito mais dispositivos do que nunca para assistir TV. Não diminuiu o número de dispositivos - na verdade, aumentou. Eu tenho o Spotify no meu ouvido. Eu tenho o Spotify no meu bolso. Eu tenho a capacidade de me conectar aos meus serviços de música em vários dispositivos e acho que com os jogos será parecido. O que vamos descobrir é como eles podem rodar em vários contextos, com dispositivos diferentes para suportar vários cenários de uso".
Nossa sala ainda terá um console
Enquanto Spencer espera que mais caixas e TVs apenas para streaming apareçam na casa das pessoas, ele sabe que o console, às vezes, é melhor.
"Acho que chegar a um mundo em que você não precisa possuir um dispositivo específico para jogar ajuda o setor. Isso não significa, porém, que possuir um aparelho desses não faça parte da minha experiência. Acho que vou ter um console de videogame conectado à minha televisão pela próxima década ou mais. Será a melhor maneira de jogar na minha televisão - fazer o download localmente e jogar. Mas às vezes não estou na frente da minha televisão. Às vezes, não estou na frente de um dispositivo com capacidade nativa de reproduzir. Então essa é a nossa aposta na nuvem".
Para que essa aposta funcione, as pessoas que desejam um console ainda precisarão disso como uma opção. É aí que entra a capacidade e o poderio técnico do novo Xbox Series X. A Microsoft revelou alguns detalhes sobre essa máquina há alguns dias, incluindo uma promessa de 12 teraflops de poder. Spencer, por diversas vezes, já chegou a falar que o vindouro console faz parte de um ecossistema gamer dentro da Microsoft.
E o Project xCloud?
A Microsoft também não promete que sua nuvem levará a jogos de última geração que rodam em 15 processadores juntos. Apesar de a Google prometer isso com o Stadia, a gigante de Redmond diz que seu serviço será algo mais modesto e imediato. "Hoje estamos menos concentrados em 8K 120Hz a partir da nuvem", disse Spencer. “Ou mesmo arquiteturas físicas e inteligência artificial escaláveis. Estamos mais focados em como levamos os milhares de jogos existentes para mais pessoas dentro de nosso ecossistema", explica.
Spencer reconhece, porém, que a estratégia pode significar que a Microsoft não esteja tão alinhada com o futuro, apesar de ser, como sempre, bem realista. Criar jogos grandes que rodam em várias peças de hardware na nuvem é uma proposta cara. E colocá-lo na nuvem não significa magicamente que essas CPUs e GPUs são gratuitas, o que pode afastar jogadores.
"Não importa onde o processamento vai estar. Ele terá um custo. É por isso que o foco para nós está, realmente, no conteúdo que as pessoas estão construindo hoje e em como as entregaremos. Isso, porém, ainda exige que pensemos em como certas coisas estruturais serão resolvidas a nível de custo e acesso", afirma Spencer.
O Xbox Series X será lançado no fim de 2020. Ainda não foi confirmado se este console será o único da linha, mas é possível que tenhamos uma versão mais simples do aparelho lançada simultaneamente.
Fonte: VentureBeat