Viciados em trabalho têm maior risco de doenças cardiovasculares
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 28 de Novembro de 2023 às 08h10
Você é um workaholic? As pessoas viciadas em trabalho estão sujeitas a um risco maior de doenças cardiovasculares. Pelo menos é o que diz um estudo conduzido pela Università di Bologna e publicado no periódico Journal of Occupational Health Psychology. Os estudos alertam que esse comportamento compartilha muitas semelhanças com outros vícios, como o alcoolismo.
- Longas horas de estresse no trabalho aumentam o risco de depressão
- Pequenos intervalos de dez minutos já ajudam a prevenir Burnout
O artigo diz que o humor negativo observado em pessoas viciadas em trabalho pode indicar níveis elevados de estresse diário e isso pode ser a causa do maior risco desses indivíduos desenvolverem síndrome de Burnout e problemas cardiovasculares. Na opinião dos pesquisadores, as empresas devem desencorajar comportamentos que contribuam para esse vício.
As pessoas que sofrem desse vício tendem a trabalhar excessiva e compulsivamente, e é um comportamento que afeta negativamente a saúde, o bem-estar psicológico e as relações com familiares e amigos.
Os workaholics geralmente experimentam uma sensação de mal-estar, muitas vezes acompanhada de emoções negativas, como hostilidade, ansiedade e culpa, quando não conseguem trabalhar tanto quanto desejam.
Por outro lado, alguns pesquisadores sugerem que os workaholics experimentam sentimentos de bem-estar e satisfação durante o dia de trabalho, enquanto outras pesquisas indicam que estas emoções positivas transitam rapidamente para um estado disfórico predominante caracterizado por irritação e depressão.
Estado mental do workaholic
No estudo, os pesquisadores analisaram 139 trabalhadores em tempo integral. Um teste psicológico foi utilizado pela primeira vez para avaliar o nível de dependência do trabalho dos participantes, mas depois os autores analisaram o humor dos trabalhadores e sua percepção da carga de trabalho por meio de um app instalado nos telefones dos participantes, que permitiu o envio de pequenos questionários, aproximadamente a cada 90 minutos em horário comercial durante três dias úteis.
Através da técnica, os pesquisadores perceberam que esses trabalhadores compulsivos apresentam, em média, um humor pior que os demais.
“Assim, não parece ser verdade que as pessoas viciadas em trabalho obtenham mais prazer na sua atividade laboral; muito pelo contrário, os resultados parecem confirmar que, tal como em outras formas de dependência comportamental e de substâncias, a euforia inicial dá caminho para um estado emocional negativo que permeia a pessoa mesmo durante o trabalho", concluem os pesquisadores.
Os resultados demonstram também que os workaholics, em média, mantêm consistentemente um estado de espírito mais negativo ao longo do dia, sem variações significativas atribuídas à passagem do tempo.
Anteriormente, estudos mostraram que o estresse acelera o envelhecimento do sistema imunológico e ainda impacta cada sistema do corpo: aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial, como uma tentativa de preparar o organismo para lutar ou correr pela sobrevivência, e também pode estreitar vasos sanguíneos e aumentar coágulos, o que fortalece a teoria de que viciados em trabalho podem ter maior risco de doenças cardiovasculares.