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Mamíferos têm curioso padrão de relações entre o mesmo sexo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 04 de Outubro de 2023 às 10h29

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Eric Kilby/CC-BY-S.A-2.0
Eric Kilby/CC-BY-S.A-2.0

Cientistas analisaram o comportamento de diversos grupos animais e concluíram que relações entre bichos do mesmo sexo podem ter evoluído diversas vezes nos mamíferos, sendo comum nas espécies atualmente vivas. Mais de 1.500 espécies de diversos clados já foram vistas engajando em relações homossexuais, desde besouros, estrelas-do-mar e morcegos a pinguins, cobras, peixes, bovinos e vermes.

Nos mamíferos, os primatas são os mais prevalentes no comportamento, com ocorrências observadas em pelo menos 51 espécies, de símios a lêmures até humanos. As atividades incluem cortejos, troca de carícias, montagem (quando um animal sobe no outro) e cópula, tanto entre machos quanto fêmeas, tanto selvagens quanto em cativeiro.

O que explica as relações entre o mesmo sexo?

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Os pesquisadores, cuja equipe vem da Universidade de Granada, testaram algumas teorias sobre a homossexualidade nos animais. O comportamento é um paradoxo evolucionário, já que não resulta na passagem de DNA à frente ou em filhotes, o que deixa os cientistas se perguntando: qual a vantagem da atitude? Estudos anteriores olharam para casos individualmente, em apenas uma espécie, mas o novo estudo fez uma análise filogenética, comparando a emergência e prevalência do ato entre vários mamíferos.

Uma hipótese é que as atividades entre o mesmo sexo ajudariam a manter as relações sociais, facilitando a reconciliação após conflitos, como ocorre em bonobos fêmeas, ou para fortalecer alianças, como nos golfinhos-nariz-de-garrafa machos. Para isso, no entanto, o comportamento deveria ser mais frequente em espécies mamíferas mais sociais — o que os pesquisadores descobriram se confirmar.

Também notou-se que o comportamento era mais comum em espécies com traços mais violentos e até mesmo letais, uma sugestão de que as interações homossexuais ajudam na comunicação ou reforço de hierarquias sociais, auxiliando na diminuição dos riscos de conflito. Ao traçar isso nas linhagens ancestrais dos mamíferos, descobriu-se que esse clado ganhou e perdeu a característica ao longo da evolução, sendo aparentemente recente na maioria dos mamíferos.

Relações do mesmo sexo também não são distribuídas aleatoriamente entre as espécies, sendo comuns em alguns mamíferos e raras em outros. Isso pode mudar, segundo os cientistas, à medida que conhecemos melhor os animais e seus comportamentos.

Outra questão importante é de que, antes, se assumia que a homossexualidade era um paradoxo evolutivo porque as relações heterossexuais seriam o comportamento base, de onde relações entre o mesmo sexo derivariam — o que foi questionado recentemente.

Um estudo de 2019 sugere que, em tempos ancestrais, os primeiros animais teriam acasalado com indivíduos de todos os sexos, talvez antes mesmo de evoluir traços sexuais diferenciados e reconhecíveis, usados atualmente para atrair parceiros. Partir desse princípio ajuda a explicar uma boa parte do comportamento sexual antes considerado paradoxal.

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Ambas as equipes científicas alertam, no entanto, para que não comparemos as relações dos animais com as nossas, já que temos normas sociais próprias e comportamentos que não podem ser transpostos para os bichos, o que impediu, por muito tempo, que os cientistas observassem e entendessem a variedade de relações animais. O comportamento entre indivíduos do mesmo sexo, nos bichos, incluiu interações breves observadas por pesquisadores, o que não se compara com as atitudes humanas, por exemplo.

Fonte: Nature Ecology & Evolution, Scientific American