Publicidade

Crítica Power Rangers: Agora e Sempre | Uma ode às bobagens da infância

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

Compartilhe:
Netflix
Netflix
Tudo sobre Netflix

Power Rangers sempre foi uma franquia para crianças. Desde os Sentais japoneses à versão ocidental que dominou o Brasil no início dos anos 1990, as aventuras dos heróis coloridos sempre tiveram esse tom infantil quase ingênuo. E, por isso mesmo, faz todo o sentido que o especial Agora e Sempre siga a mesma abordagem.

A ideia do média-metragem que acaba de chegar à Netflix é celebrar os 30 anos da série e, para isso, traz parte do elenco original de volta e ainda recria todo o espírito e o clima bobinho das primeiras histórias. E, por isso mesmo, a nostalgia se torna uma peça fundamental para que essa homenagem funcione.

Por ser algo voltado para quem cresceu acompanhando as primeiras temporadas do seriado, exibidas por aqui entre 1994 e 1995, Agora e Sempre aposta todas suas fichas nesse sentimento saudosista e na sua capacidade de fazer esses marmanjos de 30 e tantos anos voltarem a ser crianças. E é incrível o quanto ele consegue fazer isso.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Aceitando a galhofa

Não há como assistir a Power Rangers: Agora e Sempre sem ter algum vínculo com as primeiras gerações da série. A história é construída como essa homenagem, uma ode ao passado e ao legado da franquia e seus heróis, então é natural que quem vai assistir esteja buscando esse afago nas próprias memórias da mesma forma que sabe bem o tipo de produção que vai encontrar.

Por isso mesmo, chega a ser injusto dizer o quanto o episódio especial é simples e infantil. O seriado sempre foi isso e não há a pretensão de fazer diferente. Ele se assume como algo ruim e espera que o público aceite isso. E é aí que a aposta na nostalgia faz todo o sentido.

Como o objetivo é levar o espectador de volta para 1995 ao invés de tentar algo maduro para o público de 2023, toda a galhofa infantil se torna aceitável. É aí que o saudosismo se torna essencial. Somente com esse sentimento você aceita situações bobas, como o imã gigante, o fusca voador ou mesmo Alpha esbarrando nos Rangers invisíveis.

É o tipo de ruindade que salta aos olhos, mas que a nostalgia faz relevar. Afinal, Power Rangers sempre foi essa podreira e a gente que cresceu acompanhando a série aprendeu a gostar dela desse jeito. E faz todo o sentido dentro desse espírito de celebração abraçar todas as características do original e não tentar ser algo diferente. Longe de renegar o passado vergonhoso, Agora e Sempre abraça isso com orgulho — o que é um acerto.

Celebrando o legado

Continua após a publicidade

E apesar de toda a simplicidade, a história de Power Rangers: Agora e Sempre funciona bem como essa celebração do legado da série. Essa é a grande tônica do roteiro, seja ao trazer os atores das primeiras temporadas para falarem sobre o peso que é ser um herói de lycra colorida ou pela participação da jovem Minh (Charlie Kersh) para representar essa nova geração de heróis.

Neste aspecto, o especial acerta a mão ao equilibrar essa reverência ao passado com os acenos para o futuro. Toda a trama gira em torno do retorno de Rita Repulsa e como alguns Rangers clássicos, como Billy (David Yost) e Zack (Walter Emanuel Jones), tentam impedi-la. Contudo, o roteiro conduz bem essa história de modo a ensinar a Minh o que é ser uma Power Ranger para que ela assuma o lugar de sua mãe como a heroína amarela.

Não é nada muito complexo, mas que se encaixa na ideia de legado que é proposto. Além disso, é um tom muito respeitoso também como homenagem aos atores que ajudaram a construir esse fenômeno cultural. Há vários diálogos que deixam claro o quanto aquele universo é importante para todos ali e não há como não esboçar um sorriso sempre que esses momentos aparecem.

Continua após a publicidade

Há também um cuidado com a memória dos atores que já se foram. Toda a trama envolvendo Minh é também uma forma de homenagear a atriz Thuy Trang, a Trini original, falecida em um acidente de trânsito em 2001. Há também menção a Jason David Frank, o eterno Ranger Verde, que faleceu em novembro de 2022.

Sem perdão

Ao mesmo tempo, há algumas coisas em Power Rangers: Agora e Sempre que não há nostalgia no mundo que releve. Exemplo disso é o quanto essa galera atua mal.

Continua após a publicidade

Não que a gente esperasse interpretações dignas de Oscar, mas alguns atores ali são ruins em um nível lamentável. David Yost, o Ranger Azul, é terrível e nem mesmo a dublagem consegue salvar sua inexpressividade.

Ele está sempre olhando para o nada e travado de um jeito que incomoda sempre que aparece. Por mais que as vozes brasileiras estejam muito boas, não tem milagre capaz de esconder o quanto o ator original parece estar participando de um jogral a cada fala. E, como ele é um dos protagonistas da nova história, tudo isso fica ainda mais evidente.

Os outros atores até conseguem segurar um pouco mais a barra. O destaque fica com Walter Jones, que entrega um mínimo de emoção em seu Zack e te faz acreditar no que ele está passando em cada momento — o que faz com que o seu protagonismo seja totalmente compreensível. E, apesar de careteira, Charlie Kersh convence como a nova Ranger Amarela.

Continua após a publicidade

Porém, é inadmissível que um especial de 30 anos de Power Rangers tenha uma luta final tão ruim quanto a de Agora e Sempre. A luta com o MegaZord sempre foi o ponto alto de cada episódio e a coisa aqui fica em um nível lamentável de tão mal feito.

Tudo bem que o orçamento do média-metragem não deve ter sido muito alto, mas nem isso justifica a péssima animação do robô e do monstro gigante. Não só o visual está muito ruim como a movimentação é estranha e a coreografia do embate está muito pobre. O que deveria ser o fechamento apoteótico dessa viagem nostálgica fica pelo caminho. Seria muito mais eficiente vestir alguém de robô.

Por outro lado, a transformação dos heróis em Power Rangers e a luta contra os Bonecos de Massa de Rita Repulsa está muito legal e traz toda a pirotecnia maluca da série original. Isso sem falar, é claro, que não tem marmanjo que não se empolgue ao ver o quinteto morfando mais uma vez.

Continua após a publicidade

Power Rangers: Agora e Sempre está no catálogo da Netflix.