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Crítica Mussum: O Filmis | Biografia com Aílton Graça mostra o poder da escolha

Por| Editado por Durval Ramos | 01 de Novembro de 2023 às 19h00

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Globo Filmes
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Filmes biográficos costumam chamar a atenção do público, seja porque o protagonista é amado por todos ou porque é uma figura controversa. No caso de Mussum: O Filmis, a obra não apenas se debruça sobre um homem querido pelo Brasil, como se aprofunda na sua história, mostrando suas outras facetas e o seu lado sério — e tudo isso com uma interpretação magistral.

A trama, roteirizada por Paulo Cursino, é mais um acerto do cinema nacional. Com início, meio e fim — ao contrário do que acontece em Meu Nome é Gal— ela mostra como Carlinhos deixa de ser um moleque vadio e levado e se transforma em Antônio Carlos, um cabo das Forças Aéreas para orgulho da sua mãe. É o tipo de jornada comum em filmes do tipo, mas o que realmente conquista o público é o que vem depois, quando acompanhamos a transformação desse militar em algo muito maior: o Mussum.

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Nessa primeira fase, quem brilha são Thawan Lucas, na infância, e o humorista Yuri Marçal como o jovem mecânico da Aeronáutica que, apesar de gostar da profissão, não perde uma oportunidade de dar uma fugidinha e cair no samba. Exalando carisma, Yuri compõe um protagonista com sorriso largo capaz de vender areia no deserto, e mostra como a música deixou de ser um hobbie e se transformou na profissão de Mussum quando ele abandonou a carreira pública e se enveredou em turnês com seu grupo Os Originais do Samba.

A partir daí, o tempo avança e quem assume a trama (e o filme como um todo) é Aílton Graça, que compõe o personagem de forma tão majestosa que é capaz de fazer todos se apaixonarem por ele, até mesmo quem nunca conheceu o personagem que ele interpreta. A direção de Sílvio Guindane, por sua vez, não deixa passar nenhum detalhe e consegue colocar em cena quase tudo de mais importante que aconteceu na vida do negão — como é chamado por muitos.

Desde participar da Escolinha do Professor Raimundo com Chico Anysio até ingressar em Os Trapalhões, com Didi, Dedé e Zacarias, tudo está na tela. O grande momento, no entanto, acontece quando Grande Otelo o batiza de Mussum, em referência a um peixe preto. A princípio o cantor que está se descobrindo humorista não gosta da piada, mas depois acaba abraçando o apelido.

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Quem olhar esse momento com atenção, vai perceber como o racismo ainda era motivo de piada nas décadas de 1970 e 1980 e como rir disso era normalizado. Apesar de acatar o apelido e fazer dele seu nome, Antônio Carlos não gostou da comparação, mas sabia que não tinha para onde correr. E o filme acerta em cheio ao mostrar o incômodo do protagonista, assim como sua resignação em saber que não há o que fazer para lutar contra isso. É algo que Graça entrega apenas com o olhar e que impacta.

Figurino, caracterização e elenco garantem a excelência do filme

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Se o texto afiado de Mussum: O Filmis é um ótimo acerto, o figurino e a caracterização não deixam por menos. As roupas, o chapéu e tudo mais que lembra o biografado são retratados com perfeição, e nem é preciso dizer que em biografias esses detalhes fazem toda a diferença para estimular a memória do espectador.

Além dele, os personagens secundários também foram trabalhados com carinho. Chico Anysio, vivido por Vanderlei Bernardino, é a encarnação perfeita do humorista. Gero Camilo vive um excelente Didi e Felipe Rocha também não faz feio como Dedé Santana.

Já entre os aqueles menos conhecidos do público, quem rouba a cena é a mãe de Mussum, a Dona Malvina. Na primeira fase, ela é vivida por Cacau Protássio, atriz conhecida pela sua veia cômica, mas que no filme entrega drama e melancolia. Seu melhor momento acontece quando Carlinhos lhe ensina a escrever o próprio nome. Impossível não se emocionar com a dupla.

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Na fase mais madura, o papel fica com Neusa Borges, veterana que já brilhou em várias novelas e que mais uma vez ocupa bem a cena. Sua sintonia com Aílton é perceptível e o carinho exalado entre eles faz parecer que ambos realmente são mãe e filho.

Também agradam Mussunzinho, Ícaro Silva como Cartola em breve participação e Serjão Loroza como um sambista do Morro da Mangueira, lugar esse que ocupou um espaço especial no coração de Mussum.

Mussum: O Filmis mostra como é importante ter opções

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Por fim, recheada de acertos, a trama de Mussum consegue agradar ao se aprofundar na vida do humorista e músico e não surfar apenas no seu lado cômico. Apesar de ser um protagonista cheio de si, a grande mensagem do filme é passada pela sua mãe, que diz que, na vida, o importante é ter o direito de escolher. Errar e acertar são consequências possíveis, mas ter a chance de eleger o seu caminho é a herança que ela queria deixar para o filho.

De forma sutil, o filme toca na questão do racismo, mesmo sem dar nome a ela. Sem muita instrução escolar, mas dotada de muita sabedoria, Dona Malvina sempre diz: burro preto tem um monte, mas preto burro não pode.

E é com essa mensagem que a trama se encerra de forma emocionante, deixando no espectador que sai do cinema uma alegria de ter visto um filme tão bom.

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Lembrando que quem quiser dar uma chance a Mussum: O Filmis, poderá assisti-lo a partir do dia 2 de novembro, nos cinemas