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Crítica Meu Nome é Gal | Filme é lindo e emociona, mas poderia ir mais além

Por| Editado por Durval Ramos | 10 de Outubro de 2023 às 20h05

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Paris Filmes
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Musa da Tropicália, voz inigualável e vaca profana! São muitos os adjetivos já usados para descrever uma das vozes mais potentes do Brasil — também chamada de Gal Costa — que ganhou, em outubro de 2023, um filme biográfico para chamar de seu. Dirigido por Dandara Ferreira e Lô Politi, o longa estreia contando um pouco da trajetória de Maria das Graças da Costa, a Gracinha, mas peca em não chegar até o fim.

Nascida em Salvador, Gal deixa a cidade natal ainda jovem para tentar a carreira de cantora no Rio de Janeiro. Lá, reencontra amigos queridos como Caetano Veloso, Dedé Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, e começa o que seria uma das trajetórias musicais mais brilhantes do nosso país.

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Vivida por Sophie Charlotte, a cantora ganha ares tímidos no início da trama, algo que lembra mais o “jeitinho mineiro de ser” do que a explosão baiana de viver, mas não demora muito e começa a desabrochar para o sucesso. O filme avança mostrando sua parceria com os amigos, em especial Caetano (Rodrigo Lélis), que assume o coprotagonismo da sua carreira por um bom tempo, apresentando-a aos produtores e escrevendo letras para que ela cantasse. Uma delas é Divino Maravilhoso, hino que a cantora entoou no 4º Festival de MPB TV Record 1968 contra a Ditadura Militar.

Por falar nos anos de chumbo, eles são o fio condutor de grande parte da narrativa, que se passa entre as décadas de 1960 a 1970. Durante esse período, tanto ela quanto o restante dos amigos ficam apreensivos com o que lhes pode acontecer. É também por causa disso que Gil e Caetano se exilam na Inglaterra durante alguns anos. Enquanto isso, em terras tupiniquins, a baiana tenta se reerguer da melancolia e seguir em frente.

Esse tom melancólico, inclusive, se sobrepõe na cinebiografia, surpreendendo quem esperava um filme mais alegre. Ele está presente também nas cenas em que a protagonista se relaciona com sua mãe Mariah Costa Penna, falecida em 1993.

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Amigos, amores e a relação com a imprensa

Apesar de um pouco raso, Meu Nome é Gal não se omite de mostrar duas situações delicadas da vida da cantora, como a relação com a imprensa e sua aversão a dar detalhes de sua vida pessoal, e a rixa com Maria Bethânia. Apesar de não darem detalhes, é sabido que as duas cantoras passaram mais de dez anos sem se falar e sem prestigiarem o show uma da outra.

No filme, isso é retratado em pormenores, como na forma como elas se cumprimentam, no fato de Gal ficar com pé atrás por cantar uma música que Caetano fez para a irmã e ela recusou, etc.

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Já em relação à sua vida amorosa, o filme também não esmiúça detalhes, mas retrata alguns breves relacionamentos da cantora. Não há nenhuma menção a Wilma Petrilho — sua ex-esposa que ficou famosa após seu falecimento. Em outras palavras, o longa é honesto, mas superficial em alguns pontos e totalmente focado na vida profissional de Gal.

Ficou faltando também delinear melhor a relação da baiana com Waly Salomão (George Sauma), compositor e poeta importante na sua trajetória musical e que aparece superficialmente em algumas cenas. Já a presença do empresário Guilherme Araújo, vivido por Luis Lobianco, é uma excelente adição da trama.

Meu Nome é Gal esquece da vida madura da cantora

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Com uma trilha sonora e figurinos impecáveis, e com Sophie Charlotte fazendo um dos melhores papéis de sua carreira — assim como o restante do elenco — o filme é uma homenagem linda à vida de Gal, e traz momentos icônicos de sua trajetória, como o show Fa-tal, de 1971.

O problema é que a trama termina aí, no meio da vida dela. A fase da maturidade e vários outros acontecimentos emblemáticos ficam de fora, dando a sensação de que, quando o filme realmente começa, ele já acaba. Até o duelo de Gal com a guitarra elétrica, aquele que afina betm a voz, fica de fora. Veja o original abaixo.

Sem falar na relação com outros cantores como Rita Lee, por exemplo. A roqueira de cabelos vermelhos aparece apenas em um breve momento, quando ainda ostentava as madeixas loiras e longas, para fazer aquela foto do álbum Tropicália ou Panis et Circencis. Uma lástima imensa!

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Claro que a vida de uma das maiores cantoras do nosso país não caberia toda em duas horas de tela, mas perder esses momentos dá uma sensação de vazio irreparável.

Como o título desta crítica já entrega, Meu Nome é Gal é lindo e emociona demais, principalmente quando a protagonista canta Baby, mas ainda assim poderia ir além. O filme é tão bom que deixa no público um gostinho de quero mais, e um sabor amargo de não ter visto a maturidade da cantora retratada em cena.

Lembrando que quem quiser dar uma chance à obra e conferir com os próprios olhos, poderá assisti-la a partir do dia 12 de outubro nos cinemas.