Crítica Babilônia | Filme faz homenagem caótica ao começo do cinema de Hollywood
Por Natalie Rosa • Editado por Jones Oliveira |
Está desembarcando nos cinemas brasileiros o filme Babilônia, dirigido e roteirizado por Damien Chazelle, nome também por trás dos longas de sucesso La La Land e Whiplash.
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Babilônia é um filme que tem como premissa mostrar os primórdios do cinema de Hollywood, mais precisamente durante a transição entre o cinema mudo e o cinema falado. A trama conta essa história a partir da perspectiva de dois personagens bastante distintos.
O filme é estrelado por Margot Robbie e Brad Pitt, que interpretam dois atores de sucesso de Hollywood. Enquanto ele, mais velho, já está com a carreira estabelecida, ela busca pelo reconhecimento e fama. O que eles compartilham em comum, no entanto, é a forma em que o fracasso aparece em suas vidas.
Atenção: esta crítica pode conter spoilers do filme Babilônia!
Primórdios de Hollywood
O filme Babilônia é extremamente caótico, mas o auge do significado dessa palavra acontece na primeira metade do longa, que dura mais de três horas. Logo no começo somos jogados para uma festa da elite de Hollywood cheia de álcool, drogas, sexo e outras esquisitices.
A trama se passa entre as décadas de 1920 e 1930, nos apresentando a todo o descobrimento da fama e todas as consequências que vêm com ela. Existindo há, relativamente, pouco tempo, os astros do cinema facilmente caem nas perdições do sucesso, não sendo difícil acabar em uma vida tóxica.
Não é por acaso que muitos artistas da época acabaram morrendo cedo, seja por vício e outras doenças, como uma consequência da pressão absurdamente tóxica imposta na época. O longa entrega, em forma de caos, todas as questões relacionadas ao machismo e moralismo daqueles tempos.
Jack Conrad, personagem de Brad Pitt, por exemplo, é um ator renomado e apaixonado pelo cinema. Porém, com a ascensão de novos atores, principalmente os mais jovens, ele passa a ser esquecido pela indústria, ocasionalmente sendo chamado para produções de baixo orçamento já marcados como ruins.
Entre diversos casamentos e os problemas na carreira, vemos Jack se afundando a cada vez mais em uma depressão, que o leva a tomar medidas drásticas. Na época, pouco se falava sobre saúde mental e, mesmo 100 anos depois, ainda vemos a classe artística com pouco aconselhamento e apoio em relação à questão.
Já no caso de Nellie LaRoy, personagem de Margot Robbie, a jovem atriz é classificada como um símbolo sexual, e existe um exemplo bastante popular de como era lidar com o machismo da época: Marilyn Monroe. Assim como a estrela do cinema dos anos 50, LaRoy até consegue mostrar que é talentosa, mas sempre acaba sendo reduzida pela sexualização, sem conseguir se encaixar com o restante dos membros da indústria.
Caos
A palavra "caos" sempre vem à tona para falar de Babilônia, sendo impossível dizer que é um filme chato. A todo momento existe algo importante acontecendo, sejam eles incômodos ou divertidos. A primeira parte da trama, por exemplo, traz as gravações caóticas de um grande filme que está sendo produzido, rendendo boas risadas e um encantamento pelo que é Hollywood.
Tudo é muito exagerado, claro, mas é exatamente esse o objetivo de Babilônia: causar sensações diversas. O filme encanta como um pequeno workshop sobre cinema, enoja com cenas desnecessárias, como explosão de fezes de elefante e vômitos intensos, diverte com enredos tragicômicos e incomoda com toda a problemática que traz.
Mesmo abordando um universo mudo e em preto e branco, Babilônia escolhe cores fortes e saturadas para deixar a experiência caótica ainda mais poluída e cheia de informação. A trama ainda se prolonga por três horas para mexer ainda mais com o foco e paciência do espectador, o que divide opiniões sobre o veredito final do filme.
Além de Pitt e Robbie, o filme conta com um elenco brilhante, como a veterana Jean Smart como Elinor St. John, o músico Flea, mais conhecida por tocar na banda Red Hot Chilli Peppers, Tobey Maguire como James McKay, Diego Calva como Manny Torres, Li Jun Li como Anna May Wong, entre muitos outros.
Ao se engajar à proposta que Babilônia oferece, nem vemos todas essas horas passarem, tamanha a atenção que a trama consegue conquistar. Após os finais trágicos apresentados pelo longa, seu fechamento faz uma homenagem ao cinema de Hollywood, algo que é bastante feito pelos cineastas norte-americanos, coroando o que Damien Chazelle quis entregar nessa nova produção.
Babilônia está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil; garanta seu ingresso na Ingresso.com.