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Crítica Até os Ossos | Uma jornada pela descoberta através do romance canibal

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Frenesy Film Company
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Quando você lê a sinopse oficial de Até os Ossos, imagina que o filme seja somente a vida de dois jovens "à margem da sociedade e marginalizados" viajando pelos Estados Unidos para sobreviver. A descrição é real, pois é exatamente isso o que acontece, mas quem não procura por qualquer outro detalhe do longa antes de ir aos cinemas vai se surpreender.

Até os Ossos não é simplesmente um filme de drama e romance, mais um entre tantos. O filme conta com um tempero especial que deixa a experiência de assistir mais chocante e intensa: o canibalismo. Basta assistir aos momentos iniciais do filme para entender a definição dos protagonistas e o título do longa.

Atenção: esta crítica pode conter spoilers de Até os Ossos!

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O filme Até os Ossos é do diretor italiano Luca Guadagnino, que ostenta em seu currículo sucessos como Me Chame Pelo Seu Nome e Suspiria, o que já justifica o seu apreço pelo drama e romance, mas também pelo terror. A produção conta a história da jovem Maren Yearly (Taylor Russel), que vive sozinha com o seu pai.

Logo no começo do filme, descobrimos que a jovem não conhece a mãe, pois foi abandonada por ela junto ao pai. Nos primeiros diálogos vemos que ele é incisivo em não deixar a filha ter uma vida adolescente comum e a justificativa é mais do que plausível.

Descobrimos o canibalismo de Maren em uma cena aparentemente inocente, quando ela escapa de casa pela janela, já que sua porta é trancada por fora à noite, e vai para a casa de uma amiga da escola passar um tempo com outras garotas. Então, em uma cena que até parecia ser de afeto, Maren morde o dedo de uma das colegas e o despedaça.

Ela volta para casa correndo toda ensanguentada, acorda o pai desesperadamente e ele tem a reação de uma pessoa que já sabia que isso iria acontecer em algum momento, e então seguem para continuar a vida nômade para proteger a garota. No entanto, como Maren acaba de completar 18 anos, ele a deixa sozinha no mundo com uma fita cassete explicando sua experiência ao conviver com uma filha canibal.

Descoberta e sobrevivência

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A história de Maren se desenvolve conforme ela parte em uma jornada cruzando os Estados Unidos para descobrir quem é sua mãe e encontrá-la, e durante o trajeto ela descobre que não é a única canibal. Em Até os Ossos, o canibalismo não é mostrado como um distúrbio ou psicopatia de serial killers, mas como se fosse uma classe biológica de pessoas.

Nada disso é desenvolvido, mas é possível imaginar que, talvez, exista alguma modificação genética que tornou as pessoas daquela forma. Essa teoria é reforçada quando Maren descobre que os canibais conseguem se reconhecer de longe pelo cheiro, e não demora para que ela descubra que tem essa habilidade também.

Através dos caminhos e das pessoas que Maren vai conhecendo nessa jornada, Até os Ossos constrói uma história dramática intensa, com romance e um pouco de horror. É difícil classificar o longa como uma produção de terror sendo que não há tantas cenas "slasher" ou de causar espanto, mas as poucas que acontecem são suficientes para dizer que este é um filme "gore".

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As primeiras cenas de canibalismo são chocantes e não recomendadas para os estômagos fracos, mas não se estendem de forma desnecessária. Além disso, elas precisam existir para que o filme não seja mais um clichê dramático de entendimento do próprio personagem.

O diretor e o roteirista David Kajganich conseguiram adaptar a história do livro de Camille Deangellis da melhor forma possível para mesclar os três gêneros. O longa também traz alguns clichês, como uma Maren com a consciência pesada de ter presenciado um assassinato para que ela pudesse se alimentar, trazendo então o debate da ética e humanidade.

Timothée Chalamet interpreta Lee, um garoto que se torna o parceiro de viagem de Maren, trazendo um personagem com uma bagagem tão interessante quanto a da jovem, mas que já está acostumado com a sua natureza canibal e tem seus próprios métodos. A sintonia entre os dois atores deixa a experiência de Até os Ossos ainda mais provocante.

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A parte thriller do filme é alimentada com a presença do personagem Sully, interpretado pelo brilhante Mark Rylance. O idoso que fala de si mesmo na terceira pessoa consegue ser macabro e um tanto quanto repugnante na medida certa. Mesmo que sua participação na vida de Maren tenha sido necessária para ela entender suas habilidades, algo a dizia que era melhor ficar longe dele.

Assistir ao filme é uma experiência interessante. Enquanto admiramos o talento do elenco e as belas paisagens que só um longa de viagem de carro pode nos proporcionar, tentamos entender o equilíbrio entre o horror, o drama e o romance. Conseguir combinar esses elementos, que raramente se encontram em um filme, não é tarefa fácil, mas Até os Ossos faz isso com maestria.

Até os Ossos está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil; garanta o seu ingresso na Ingresso.com.