Vombates, os únicos animais que fazem cocô em forma de cubos
Por Lillian Sibila Dala Costa |

Entre as curiosas espécies que fazem parte da família dos marsupiais, há os fofos e enigmáticos vombates, animais gordinhos e peludos que chamam a atenção por algo inusitado: seu cocô. Eles são os únicos animais cujas fezes saem em cubos, mistério estudado mais profundamente nos últimos anos.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Diabo da Tasmânia: 4 curiosidades do maior marsupial carnívoro do mundo
- Dragão de Komodo: conheça o maior lagarto do mundo e seu potencial mortal
Nativos do continente australiano e das ilhas ao redor, os vombates receberam seu nome da língua aborígene Dharug, e foram confundidos com texugos pelos primeiros colonizadores europeus que chegaram no local. Assim como os roedores, a espécie tem dentes que crescem perpetuamente — eles também são herbívoros e chegam a ter 1 metro de comprimento, entre 20 e 35 kg e caudas curtas e atarracadas.
A anatomia dos vombates
Pequenos, esses animais gostam de viver em tocas subterrâneas, que cavam com garras poderosas e dentes avantajados. Sua evolução garantiu uma pelagem bem espessa na parte traseira do corpo, então, quando fogem de predadores cavando ou entrando em buracos, eles conseguem evitar ferimentos sérios, o que também é garantido pela cauda curta.
Assim como outros marsupiais, eles possuem uma bolsa (marsúpio) para abrigar os filhotes, mas, em seu curioso caso, ela fica na parte de trás do corpo, o que também evita que a terra que cavam atinja o filhote. Os vombates são noturnos e crepusculares, e, por isso, não são comumente vistos por humanos. Cavando por baixo ou ao redor de cercas, no entanto, eles deixam muitos sinais de sua passagem.
Seu metabolismo é bem lento, levando entre 8 e 14 dias para completar a digestão, o que ajuda a sobreviver em climas áridos. Os vombates geralmente se movem devagar e reagem agressivamente a invasores de seu território, sendo um perigo aos humanos. Seus predadores naturais são dingos e diabos-da-tasmânia, e acredita-se que o extinto tilacino (ou tigre-da-tasmânia) também caçava a espécie.
As famosas fezes cúbicas
A característica mais marcante e chamativa dos vombates, no entanto, são suas fezes cúbicas. A espécie costuma defecar 100 cubos de 2 cm³ por noite, algo que intrigou a ciência por décadas a fio.
Foi em 2018 que Patricia Yang, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, se dedicou a examinar o traço a fundo. Em geral, é sabido que o formato está ligado à aridez do ambiente: esses animais sugam toda a umidade possível da comida para o corpo.
Prova disso é que, em cativeiro, as fezes são menos cúbicas, já que, nesse ambiente, os vombates ficam mais hidratados. Os pesquisadores americanos conseguiram, com esforço, vísceras dos marsupiais para estudo, olhando os intestinos com atenção.
Descobriu-se que esses animais possuem o órgão mais irregular do que o normal, com dois sulcos parecidos com ravinas. Normalmente, mamíferos possuem intestinos com elasticidade em toda a extensão, pressionando as fezes uniformemente e as tornando cilíndricas.
Os vombates apresentam trechos elásticos, nas tais ravinas, mas também trechos rígidos, o que contrai o cocô em certas partes e confere seu formato. Como apenas dois sulcos conseguem produzir um cubo — ao invés de quatro — é um mistério, que cientistas ainda estão tentando resolver.
Leia também:
- Cientistas querem ressuscitar Tigre da Tasmânia após recuperar 99,9% do genoma
- Por que a capivara virou um bicho tão querido e popular no mundo todo
- Descoberta identidade de animal misterioso achado em praia da Austrália
VÍDEO: Por que gatos gostam tanto de caixas?
Fonte: Soft Matter