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Experimento condiciona marsupial a procurar espaço seguro usando microchips

Por| 10 de Setembro de 2018 às 23h35

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Experimento condiciona marsupial a procurar espaço seguro usando microchips
Experimento condiciona marsupial a procurar espaço seguro usando microchips

Pesquisadores da Austrália implantaram um microchip em uma wallaby chamada Flood — tipo de marsupial um tanto menor que um canguru — e treinaram-na a usar uma portinhola para ter acesso a comida ou abrigo contra predadores. O experimento aconteceu durante 62 dias, com intuito de provar que a tecnologia dos microchips implantados poderia ser útil para ajudar no reestabelecimento de animais criados em cativeiro em suas eventuais libertações em habitats naturais.

A espécie de wallaby escolhida para o estudo foi o nail-tailed, que tem o tamanho de um cachorro de médio porte. Os wallabies, listados como vulneráveis pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), são predados por animais como cães e gatos selvagens, que não são nativos no habitat australiano, representando grande ameaça para as espécies. A IUCN estima que menos de 250 wallabies nail-tail estão vivendo na natureza.

"Se não agirmos agora, não haverá mais nada em breve", disse Julia Hoy, gerente de pesquisa do Hidden Vale Wildlife Center da Universidade de Queensland, uma organização de pesquisa e ensino voltada para a gestão da vida selvagem.

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Wallabies não são fáceis de treinar, entretanto. Hoy disse que esse foi um dos fatores de escolha para a Flood figurar como objeto do estudo: "Se podemos fazer isso com ela, podemos fazer isso com qualquer outro animal", disse Julia Hoy.

Flood nasceu em cativeiro em 2011, e ganhou esse nome porque uma intensa inundação assolou o oeste de Brisbane, na Austrália. Ela faz parte de um grupo de animais nativos que estão sendo mantidos pelo centro de vida selvagem, como garantia de que não haja extinção de espécies. O estudo que Flood viabilizou é de extrema importância para criar métodos de reinserção dos animais de cativeiro à vida selvagem, quando houver meios de reinseri-los à natureza.

Com o microchip implantado, uma porta programada para se abrir com a proximidade do chip dá acesso a um espaço seguro e com alimento para Flood, em caso de necessidade. O passo seguinte foi deixar a pequena marsupial confortável o suficiente para testar o mecanismo e entender como ele funciona. Quando Flood pegou o jeito da coisa, ela usou o espaço como se fosse um apartamento seguro com vista para a natureza.

Portas que se abrem com a proximidade de microchips implantados em animais que foram criados em cativeiro dão a chance de uma reinserção suave à natureza, protegendo os bichos de eventuais perigos até que eles sejam capazes de se defenderem de forma autônoma.

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Outros experimentos já haviam condicionado espécies de macacos e aves a abrir portas por meio de microchips implantados. A equipe de Julia Hoy agora está treinando outros animais, como bandicoots marrons do norte. A quem possa estar preocupado com a crueldade animal no procedimento de implantação do microchip, aqui vai uma informação valiosa: os microchips têm um tamanho semelhante a um grão de arroz e são inseridos num procedimento simples, que não requer nem mesmo a sedação do animal, e a dor do implante se assemelha à de uma injeção.

Fonte: Gizmodo