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Será que alguma sociedade já viveu completamente no subsolo da Terra?

Por| Editado por Patricia Gnipper | 17 de Agosto de 2021 às 11h11

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Unplash/Jeff Finley
Unplash/Jeff Finley

Na história da humanidade, encontramos muitos exemplos de moradias feitas abaixo do solo, mas será que sociedades inteiras viveram literalmente no subterrâneo da Terra? Pesquisadores revelam que sim, mas, apenas por curtos períodos e normalmente durante emergências ou quando uma casa sobre a superfície estava fora de questão. No entanto, nas últimas décadas isso começou a mudar.

O escritor Will Hunt, autor do livro Underground: A Human History os the Worlds Beneath Our Feet, diz que um ponto importante sobre o subsolo é que nós, humanos, não pertencemos a ele — mesmo assim, alguns insistem em viver nele. Ao longo da história, pessoas buscaram viver, mesmo que temporariamente abaixo da superfície, por diversas razões. “Se não houvesse materiais para construir casas, eles cavavam casas subterrâneas”, aponta Hunt.

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Em lugares de temperaturas extremas, o subsolo é um ótimo lugar para se manter aquecido ou resfriado, dependendo da temperatura da superfície. Além disso, algumas civilizações buscavam abrigos na terra como a melhor alternativa para se proteger e esconder de seus inimigos. Como exemplo, o escritor cita os povos antigos que construíram as famosas cidades subterrâneas da Capadócia (atual Turquia) usadas para proteção contra o clima e conflitos de guerra.

Por conta da localização dessas cidades, esses povos eram constantemente atacados e, durante períodos de emergência, eles recuavam para o subsolo. Lá, permaneciam durante algumas semanas apenas. Uma das maiores estruturas subterrâneas da Capadócia é a cidade de Derinkuyu, que teria surgido entre os séculos 7 e 8, com uma capacidade de abrigar até 20 mil pessoas. Recentemente, outra cidade subterrânea foi descoberta na região, com extensão de 460 mil metros quadrados e até 113 metros de profundidade — cerca de um terço maior que Derinkuyu.

Will Hunt diz que as cidades subterrâneas da Capadócia são uma “maravilha arquitetônica” e descreve como os orifícios que conduziam à superfície agiam como dutos de ventilação. Além disso, os abrigos possuíam camadas de proteção, como grandes pedras circulares que protegiam a entrada das cidades. No entanto, também existem exemplos de moradias simples, onde pessoas viviam em cavernas naturais ou construídas, ressalta Hunt. "Você encontra pessoas fazendo moradias em cavernas em todo o mundo", acrescenta.

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Cidades subterrâneas nos dias de hoje

Mesmo no mundo moderno, pessoas usam estruturas subterrâneas para sobreviver. A cidade australiana Coober Pedy, com cerca de 3.000 habitantes, é toda subterrânea. As chamadas “dugouts” (ou covas escavadas) servem para proteger os moradores do intenso calor do deserto. Mesmo em grandes centros urbanos, como Nova York, as pessoas marginalizadas encontram abrigo no subsolo em antigas estruturas abandonadas. De acordo com Hunt, mais de mil pessoas sem casa devem viver em túneis abaixo das ruas da cidade, e o mesmo acontece em Las Vegas.

A professora Eun Hee Lee, da University of Nottingham, na Malásia, diz que a tecnologia necessária já existe, mas o maior desafio talvez seja convencer as pessoas a se mudarem para a “clandestinidade” do mundo subterrâneo. Lee, que estuda os efeitos psicológicos de se viver no subsolo, explica que ainda não foi demonstrada nenhuma reação negativa sobre estar abaixo da superfície, desde que haja iluminação, espaço e outros atributos físicos pertinentes à superfície — como a circulação de ar.

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Talvez, as moradias subterrâneas se tornem uma boa alternativa até mesmo para nos proteger dos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas, que serão cada vez mais impactantes na superfície. Em casas subterrâneas, a temperatura se mantém constante, o que diminui drasticamente os custos de energia em comparação às moradas sobre a superfície e oferece uma proteção natural das ameças externas, como tempestades e furacões. Não é a toa que as “casas de terra” já foram moda nos Estados Unidos durante as décadas de 1970 e 1980, por sinal.

Embora as pessoas ainda não se animem com a possibilidade de viver no subsolo, Lee acredita que, muito em breve, elas começarão a fazer essa mudança. Como exemplo de inspiração, ela cita a cidade de Réso, uma cidade subterrânea de Montreal, Canadá, com mais de 32 km de extensão. "Está chegando. Não é apenas uma ideia", encerra.

Fonte: ScienceAlert