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Restos de comida cozida mais antigos do mundo revelam dieta rica dos neandertais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Novembro de 2022 às 14h30

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John Gurche, Chip Clark/Domínio Público
John Gurche, Chip Clark/Domínio Público

Paleontólogos encontraram vestígios da mais antiga e mais completa refeição dos neandertais, contrariando crenças anteriores de que a antiga espécie de hominídeos se alimentava apenas de frutas coletadas na natureza e carne animal crua. Os restos são de uma refeição cozida, feita em um complexo de cavernas no norte do atual Iraque.

É a primeira indicação de cozimento complexo e, portanto, de uma cultura alimentar dos neandertais, segundo os cientistas responsáveis. A refeição carbonizada era rica em leguminosas, e os pesquisadores até mesmo tentaram recriar uma das receitas: como ingredientes, foram usadas sementes coletadas no entorno da caverna.

O resultado foi uma espécie de panqueca misturada com pão sírio, bastante palatável, segundo relatos, com um gosto semelhante ao de nozes. Os restos da refeição neandertal também são os resquícios alimentares mais antigos já encontrados. Sua localização específica é a caverna de Shanidar, lar da espécie a 800 km ao norte de Bagdá, nas montanhas Zagros. Acredita-se que o alimento carbonizado, achado em um forno na rocha, tenha cerca de 70.000 anos.

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Outra caverna, outra refeição

Com um microscópio eletrônico de varredura, os paleontólogos também examinaram restos queimados de comida da Caverna Franchthi, no sul da Grécia, ocupada por humanos modernos primordiais há 12.000 anos. Essas evidências pintam um retrato diferente da dieta dos hominídeos do Paleolítico, com diversidade e cozimentos complexos, e várias etapas de preparação.

Há sugestões, por exemplo, de que os neandertais e humanos já deixavam sementes de molho e as sovavam, em ambos os sítios arqueológicos. Também podemos ver misturas de sementes nas refeições, demonstrando preferências únicas por alguns sabores de planta bem específicos.

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Essas evidências se juntam a achados mais antigos que já mostravam o consumo de plantas pelos Homo neanderthalensis e Homo sapiens, e não apenas carne e frutas silvestres. Nozes e gramíneas selvagens aparecem combinadas com leguminosas, como lentilhas e mostarda silvestre. Como os neandertais não tinham uma cultura produtora de cerâmica, eles provavelmente sovavam as sementes em dobras de pele animal.

Curiosamente, os H. neanderthalensis parecem não ter retirado a casca, ou vagem das leguminosas, o que elimina o amargo da comida, em grande parte, e é prática comum atualmente. Imagina-se que eles queriam reduzir, mas não eliminar as vagens do sabor natural de seus alimentos.

Como se supõe que as sementes eram sovadas com pedras locais, o resultado era provavelmente arenoso, em alguma medida. Recriando a receita à moda da antiga espécie, os cientistas concluem que não é surpresa os dentes da espécie presentes em seus fósseis estarem em estados tão degradados: seria difícil mastigar tantos detritos sem muitos danos.

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Fonte: Antiquity