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Por que as estátuas gregas da antiguidade tinham pênis pequenos?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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©José Luiz Bernardes Ribeiro/CC BY-SA 4.0
©José Luiz Bernardes Ribeiro/CC BY-SA 4.0

Quem tem familiaridade com as esculturas gregas da antiguidade muito provavelmente já se fez a infame pergunta: por que os genitais parecem ser menores do que a média masculina atual? Bem, para responder a essa pergunta, precisamos recorrer a aspectos culturais, artísticos e à própria história da arte — mais especificamente, a dos museus.

Nem sempre pudemos verificar, com nossos próprios olhos, os pênis e testículos das estátuas greco-romanas em exposição nas galerias do mundo. Os povos que as produziram não tinham problema algum com nudez, seu retrato e mostra, mas nem todo povo ocidental pensou assim. Isso levou muitos museus a esconder ou até mesmo remover genitálias das obras de arte.

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Museus com pudor

Peter Webb, um historiador da arte da Universidade de Middlesex, requisitou permissão para examinar várias coleções eróticas restritas no Museu Britânico, encontrando diversos pênis sem corpo em gavetas da instituição. Segundo funcionários, os itens de mármore haviam sido removidos de esculturas no século XIX, por curadores que queriam deixá-las mais "adequadas" para exposição ao público.

O cientista se ofereceu para restaurar os falos aos respectivos corpos, o museu não aceitou a proposta. A atitude pudica não é exclusividade britânica: o famoso Davi, de Michelângelo, ostentou uma folha de figueira feita de mármore sobre a virilha a partir do século XVI, retirada apenas em 1912. A prática era comum no continente europeu, que deixou muitos buracos improvisados nas estátuas, ao contrário da remoção britânica.

Cultura e beleza na antiguidade

As folhas de figueira, como muitos apontam, não eram tão grandes assim. Isso é porque os valores da Grécia antiga eram diferentes dos nossos: para o povo da época, pênis menores eram mais desejáveis do que os grandes. A cultura, muito focada no masculino, preferia genitálias menores e retesadas por acreditar que simbolizavam o autocontrole sexual do homem. Atualmente, a cultura global trabalha com conceitos de dominação e desejo e avançam a narrativa de que "quanto maior, melhor", e nem sempre foi assim.

Ellen Oredsson, outro historiador da arte, comenta que os gregos viam pênis grandes como "bobos, lascivos e feios": Aristófanes, um famoso dramaturgo do teatro da época, dizia que as características masculinas ideais seriam "um peitoral brilhante, pele viva, ombros largos, língua pequena, nádegas fortes e uma lança curta". Biologicamente, nada mudou em relação aos falos de lá para cá — o que mudou, sim, foi a nossa percepção do que o tamanho quer dizer, lá embaixo.

Fonte: IFLScience